A Crise nas Empresas Mauá |
Nos anos 60 do século XIX as empresas Mauá começaram a viver uma fase crítica, acrescida da pressão estrangeira que nem sempre via com simpatia a atuação do Barão. O Governo imperial, por outro lado, coagido pelos inúmeros empréstimos contraídos junto ao Governo inglês, aprovou a Tarifa Silva Ferraz que reduziu as taxas de importação sobre máquinas, ferramentas e ferragens. Isto, é claro, foi um golpe para a Fundição Mauá. Muitos comentavam que a aliança com os ingleses sobrevivera enquanto os empreendimentos de Mauá se limitaram a serviços urbanos, transportes e comunicações. Com o choque de interesses, dizia-se, surgiram atos de sabotagem às empresas Mauá. Incêndios nos estaleiros localizados na região da Ponta da Areia, na Baía de Guanabara, ocorrem sem motivo aparente. Projetos de caldeiras, guindastes e tubos sofrem danos sem se que identifiquem suspeitos ou culpados.
Comentava-se que a visão emancipacionista de Mauá, bem como a sua posição contrária à Guerra do Paraguai, pontos polêmicos na época, desagradavam a muitos. O Barão escreveria em sua autobiografia: "Quanto ao trabalho ressoam ainda aos meus ouvidos (porque sou velho) as palavras de um grande homem de Estado (...): o finado Bernardo Pereira de Vasconcelos, pronunciadas em pleno Senado, (...) 'A civilização vem da África ! Essas palavras levantaram sussurro (...) no entanto (...) o grande político e profundo pensador soltara uma proposição figurada (...) que queria dizer que a única fonte ou mercado de trabalho que o Brasil tinha até então conhecido era o braço africano, que desses braços (...) vinha a produção que, convertida em riqueza, determinava (...) a civilização da nossa pátria. Não sou suspeito: então, agora e sempre, ambiciono ver desaparecer o elemento escravo da organização social do meu país."
Naquele momento de crise, o Barão de Mauá - em cujo brasão figurava uma locomotiva e um navio a vapor além de quatro lampiões - não contou com o auxílio do Governo imperial. Não resistindo à força do capital estrangeiro, atingido pelas crises financeiras das décadas de 60 e 70, Mauá acabou falindo em 1875. Muitos dos seus empreendimentos passaram para o controle dos ingleses e dos norte-americanos, vendidos por preços mínimos.
A sabedoria popular concluía em versos,
"Não se pesca mai de rede, Não se pode mai pescá, Qui já sabe da nutiça, Qui os inglês comprô o má!" |