Como o ensino é uma via de mão dupla e todos têm algo a ensinar ou aprender, cabe à escola estimular nos alunos uma atitude mais ativa no próprio processo do aprendizado. Aluno com protagonismo em sala de aula começa a enxergar a escola com outros olhos, como uma instituição que faz parte da sua jornada.
Por isso, nossa proposta permite que os alunos se engajem em discussões, participem de debates e levem suas opiniões para dentro da sala de aula. Desse modo, eles podem desenvolver habilidades socioemocionais enquanto aprendem os conteúdos tratados pelas diferentes disciplinas.
Com o auxílio dos professores das disciplinas básicas, nossa proposta busca desenvolver nos alunos valores como pensamento crítico, autonomia, curiosidade científica e liberdade de expressão, para que se tornem cidadãos conscientes e participantes ativos da sociedade
Nossos alunos são levados a observar a realidade por si mesmos, de modo a identificar situações específicas. É um momento em que todas as perguntas possíveis podem e devem ser formuladas para possibilitar um registro amplo das situações.
Após debates e rodas de conversa, algumas situações como autoestima e autocuidado, dificuldades relacionais, dificuldades financeiras etc. soam comuns entre as turmas trabalhadas. Ao conhecer as realidades de seus alunos o professor pode ajudá-los na solução das dificuldades encontradas, trabalhando com eles o pensamento crítico e o raciocínio. Para isso, diferentes estratégias são utilizadas a fim de orientar os alunos tanto no processo do autoconhecimento como no aprendizado do conteúdo das diferentes disciplinas.
A educação não serve apenas para dividir o saber intelectual em disciplinas como História, Língua Portuguesa ou Matemática. Afinal, a evolução dos alunos passa também pela formação cidadã. E é nesse sentido que os quatro pilares da educação entram em cena para conduzir a boa didática e o convívio social dentro e fora de sala de aula. São eles: Aprender a conhecer, Aprender a fazer, Aprender a conviver e Aprender a ser.
Com eles, os alunos podem ter mais autonomia e senso crítico não só para lidar com assuntos escolares como para interagir e contribuir para uma sociedade mais justa e igual. Na prática, os alunos aprendem a importância de valores como respeito, ética e moral, e valorizam o poder de pensar e de ajudar o próximo.
A primeira problemática exposta pelos alunos envolvendo autoestima e autocuidado físico e mental foi trabalhada por ações em que eles foram estimulados a desenvolver práticas com vistas a recuperar esses valores. Nessa abordagem, diferentes estratégias foram utilizadas, envolvendo as diferentes disciplinas. Em um primeiro momento, os estudantes foram sensibilizados pela audição de músicas como Comida, do grupo Titãs, e Eu me amo, do grupo Ultraje a Rigor, e levados a refletir sobre o amor-próprio e a importância da valorização da cultura e do entretenimento para o bem-estar físico e mental.
Em outro momento, quando os alunos se submeteram ao cálculo do IMC (sigla para índice de massa corpórea) e constatamos um percentual elevado de obesidade entre eles, organizamos um aulão funcional de incentivo à prática de exercícios físicos. Outras atividades envolveram o desenvolvimento de uma horta na escola com temperos posteriormente utilizados na própria alimentação dos estudantes.
Os alunos também foram incentivados a buscar atividades culturais e a registrar esses momentos através de fotos. Depois, as fotos enviadas por eles foram expostas no mural da UE. Por fim, os alunos foram direcionados a perceber a importância do cuidado com o ambiente ao seu redor, conservando a limpeza e bom estado da UE. Para isso, foram eleitos alunos representantes que ajudaram a incentivar os colegas a contribuir com a conservação do patrimônio escolar.
Visando abordar as dificuldades relacionais e financeiras detectadas na pesquisa, foi proposta uma ação geracional. Nesta ação, os alunos promoveram um Correio da Gentileza, por onde enviavam mensagens com elogios aos colegas. Também foram programadas Oficinas de Saberes em que os alunos expunham afazeres de seus ofícios e ensinavam os colegas a praticá-los.
Nossos alunos tiveram aulas de ferramentas digitais para aprender o básico da digitação. Durante a atividade, eles confeccionaram o próprio currículo. Por fim, os estudantes planejaram e promoveram uma Festa à Fantasia das Gerações, em que alunos e professores escolhiam figurinos típicos para representar as décadas passadas.
Ações interdisciplinares auxiliaram a construção do saber de forma individual e coletiva. Os alunos desenvolveram sentido ético e estético, responsabilidade pessoal, pensamento autônomo e crítico, imaginação, criatividade e iniciativa. Além disso, foram capazes de desenvolver a percepção de interdependência, a administrar conflitos, a participar de projetos comuns e a sentir prazer pelo esforço comum. Desse modo, tornou-se prazeroso o ato de compreender, descobrir, construir e reconstruir o conhecimento para que não fosse efêmero, para que se mantivesse ao longo do tempo e para que valorizasse permanentemente a curiosidade, a autonomia e a atenção.
É preciso também pensar o novo, reconstruir o velho e reinventar o pensar.