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Boas Práticas
Educação de Jovens e Adultos (EJA Rio)
Libertação dos Escravos?!
Informações
Sequência Didática
Resultados Observados
UNIDADE DE ENSINO
EM Brigadeiro Eduardo Gomes - 11ª CRE
Rua Gaspar Magalhães 258 - Jardim Guanabara
AUTOR(ES)
Priscila Thaiss da Conceição de Medeiros
Sou graduada em Letras – Português/Literaturas de Língua Portuguesa – pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com mestrado (2010) e doutorado (2017) em Linguística pela mesma instituição. Atuo desde março de 2010 como professora de Língua Portuguesa em turmas de ensino regular na rede municipal de educação do Rio e em turmas de EJA, a partir de 2019. Em 2021, eu e a professora Lidiane de Marins Pereira publicamos, na revista Signo o artigo Podcasts, clube de redação criativa e atendimentos virtuais: novas estratégias para novos tempos, que fala das práticas que desenvolvemos durante a pandemia. Link para o artigo: https://online.unisc.br/seer/index.php/signo/article/view/15706
CARGO/FUNÇÃO DO AUTOR
Professora I de Língua Portuguesa – 16h
EJA/Bloco
EJA II Bloco 1 e EJA II Bloco 2
COMPONENTE CURRICULAR
LÍNGUA PORTUGUESA / Analisar criticamente os discursos.
LÍNGUA PORTUGUESA / Desenvolver a leitura de diferentes gêneros discursivos, fazendo uso de diversas estratégias.
PERÍODO DE REALIZAÇÃO
Junho/2022 até Julho/2022
Sensibilização/Contextualização para o tema

Como introdução ao tema, perguntei aos alunos se sabiam que fato histórico havia ocorrido no dia 13 de maio de 1888. As alunas mais velhas, em sua grande maioria, acertaram em cheio: fora o dia da assinatura da Lei Áurea, que oficializou a libertação dos escravos.

A partir dessa resposta, prossegui a conversa perguntando aos alunos se sabiam o que havia sido a escravização de pessoas negras vindas da África. Uns sabiam mais, outros menos, mas todos deram suas respostas.

Então, perguntei se eles achavam que os negros realmente haviam sido libertados e se hoje os negros permaneciam em liberdade. As respostas foram variadas e muitas vezes opostas.

O tema a ser trabalhado foi, pois, apresentado e, para iniciar o entendimento sobre a diáspora negra e para compreender as violências sofridas pelos povos escravizados, li um trecho (cantos IV e V) do poema Navio negreiro, de Castro Alves. Com o texto, relembramos a estrutura do poema e trabalhamos a intertextualidade com a Divina Comédia de Dante Alighieri, para melhor compreensão da palavra dantesco. Assim, discutimos o conteúdo do poema e o sofrimento do eu-lírico diante de todo o horror que presenciava. Depois, fizemos exercícios sobre o texto, visando à sedimentação da discussão realizada.

Na segunda aula, ainda lemos um texto de retomada histórica: uma crônica do jornalista e escritor Lima Barreto, intitulada Maio, em que o narrador conta como foi a reação das pessoas na cidade do Rio no dia da assinatura da Lei Áurea. Identificamos as características da crônica, discutimos as lutas abolicionistas por trás da Lei e como e como deve ter sido recebida em outros locais. Em seguida, trabalhamos atividades de compreensão e análise linguística.

Problematização

Passadas as aulas iniciais, com discussões enfatizando os aspectos históricos, os alunos puderam sentir a gravidade e violência da escravidão, ao mesmo tempo em que se questionavam sobre os possíveis destinos dos escravos recém-libertos. Uma coisa lhes parecia clara: não haviam voltado para casa porque não tinham casa. Mas o que teria acontecido com eles, então? Com essa pergunta em mente, seguimos para a terceira aula, com a leitura do texto opinativo Abolição da escravatura: uma liberdade que nunca existiu (2022), da jornalista e escritora Marina Lopes, que traz para os dias de hoje a discussão sobre a libertação dos escravos, suscitando questões que ainda são problemas e desafios na vida da população negra brasileira. Após a leitura e discussão do texto e de seu gênero textual, fizemos exercícios escritos.

Na quarta aula, o gênero textual trabalhado foi a distopia. Primeiro, apresentei o significado da palavra e as características do gênero. Depois, os alunos assistiram ao filme Medida provisória (2022), do ator Lázaro Ramos. Finda a exibição, discutimos as situações de racismo apresentadas na narrativa, assim como as características de distopia identificadas na obra. Como atividade, propus aos alunos a redação de um texto opinativo: uma resenha crítica sobre o filme.

Texto base

Este projeto foi realizado a partir da leitura de vários textos representativos de gêneros diversos. Assim, não utilizamos somente um texto-base. Todos foram igualmente importantes para a comparação dos gêneros textuais e para o desenvolvimento do tema.

Na quinta aula, ainda pensando nos problemas atuais vividos pelos negros e retomando o gênero textual da poesia, ouvimos as canções Todo camburão tem um pouco de navio negreiro, da banda O Rappa, e A carne, interpretada pela cantora Elza Soares. Com esses versos, reforçamos a estrutura do texto poético e trabalhamos algumas figuras de linguagem presentes nas letras das canções.

Finda essa parte, apresentei o conceito de necropolítica cunhado pelo intelectual camaronês Achille Mbembe e passamos a relacionar este conceito ao conteúdo das canções; depois o relacionamos à experiência de vida dos alunos, em sua maioria negros e moradores de comunidades. Para sedimentar a leitura e compreensão, fizemos exercícios de interpretação e análise linguística.

Desenvolvimento
Na sexta e última aula, trabalhamos a leitura e a correlação entre dois textos: o poema Vozes mulheres, da linguista e escritora Conceição Evaristo, e a tirinha Espelho, da artista multimídia Kiusam de Oliveira, buscando desenvolver a importância da ancestralidade e suscitar o porquê de algumas histórias serem apagadas, enquanto outras são enaltecidas. Ou o porquê de algumas descendências serem lembradas com orgulho, ao passo que outras nem mencionadas são (isso, quando são conhecidas!). Com esses textos, pudemos revisitar os conceitos de texto verbal, não-verbal e misto, e (re)conhecer as características do gênero textual tirinha.
Produto Final
Na última aula, a partir de tudo o que discutimos ao longo desse tema gerador, pedi aos alunos que escrevessem um texto em que pudessem discutir o papel do negro na sociedade, quais lutas ainda precisam ser enfrentadas e como a questão da ancestralidade, seja ela qual for, é importante e deve ser assim encarada. Os alunos demonstraram estar mais críticos com relação à “libertação dos escravos”, principalmente com a forma pela qual isso se deu, sem a devida inclusão dos negros na sociedade, e como as consequências disso persistem na atualidade. Os alunos, de maneira geral, também destacaram a importância de conhecer suas raízes.
Observamos que os alunos passaram a identificar os gêneros textuais com mais facilidade, inclusive após o término do trabalho com esse tema gerador (assim que se deparavam com outro texto de um dos gêneros textuais trabalhados durante o projeto, faziam logo a correlação!). Além disso, cada um no seu nível, os alunos melhoraram a interpretação e a produção de textos, tanto orais quanto escritos, conseguindo expor sua opinião de modo mais claro. Com relação à situação do negro no Brasil, eles demostraram estar mais críticos e compreender melhor a sociedade em que vivemos, assim como suas discrepâncias e injustiças sociais. Entender essas questões é crucial para que possam refletir sobre qual é o seu lugar nessa sociedade e para que possam lutar por seus direitos, por melhores condições de vida e de trabalho e por uma sociedade mais justa e igualitária.
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