Sensibilização/Contextualização para o tema
Com a finalidade de valorizar as discussões em torno das relações étnico-raciais para além do dia da consciência negra, propomos conhecer uma autora negra cuja realidade se aproxime da história de vida de nossos alunos. Com isso, fazê-los refletir sobre o valor social da leitura e de seu uso no cotidiano. Iniciando as reflexões, apresentamos a imagem da Carolina sem identificá-la pelo nome ou dar qualquer informação; a partir da qual realizamos uma atividade de antecipação e hipóteses, montando o cartaz de apresentação da autora, visando à desconstrução da visão elitista que se tem da imagem do escritor – a origem social e racial e o esterótipo da forma de se vestir. A semelhança entre o ambiente onde a escritora vivia e onde vive a maioria dos alunos– a favela – e entre o nível de escolaridade de ambos foi o viés de identidade que buscamos seguir para trabalhar a autoestima dos alunos.
Problematização
a partir da leitura do livro sobre a vida da Carolina, surgiu a indagação sobre a situação da favela do Canindé hoje. Assim, fizemos juntos a pesquisa da informação e identificamos mais um ponto em comum entre a história da escritora e de um grupo dos alunos – a saída das favelas, seja por interesse próprio (Carolina), seja por interesses governamentais com as remoções dos moradores das favelas para conjuntos habitacionais. A partir ainda da leitura de trechos do livro Quarto de despejo: diário de uma favelada, discutimos sobre a alimentação precária descrita por ela e pesquisamos sobre os alimentos necessários para uma alimentação saudável. Também pesquisamos os valores para tal em encartes e fizemos uso dos algoritmos da adição e subtração na problematização das informações.
Texto base
O texto que foi base para nossa pesquisa e suporte para indagações foi o livro CAROLINA: Carolina Maria de Jesus. Escrito por Orlando Nilha para a coleção Black Power, da Editora Mostarda (2019), este livro fez parte de uma coleção do projeto “Rio de leitores” e que foi distribuído para alunos do PEJA de nossa rede. A fim de conhecer melhor a vida da autora e de proporcionar momentos de leitura coletiva e em voz alta, demos início à nossa viagem do conhecimento, que foi dividida em duas aulas. Cada aluno com um exemplar em mãos, mesmo tendo ainda dificuldade de ler palavras simples, íamos lendo e orientando em que página, analisando ilustração e discutindo o texto.
Desenvolvimento
Demos início ao projeto, com a apresentação da imagem da Carolina e a montagem do cartaz sintetizando a atividade antecipação e hipóteses. A seguir, desenvolvemos momentos de leitura coletiva do livro base CAROLINA: Carolina Maria de Jesus. A partir do trecho do livro que faz um resumo de quem é Carolina, escreveram um trecho semelhante, mas falando sobre sua própria vida – autobiográfico. Após a leitura do livro sobre a Carolina, fizemos a leitura de trechos do livro da própria Carolina, aproveitando para observar a forma de escrita dela - Quarto de despejo: diário de uma favelada. A partir da identificação da naturalidade da escritora e da naturalidade dos alunos, descrita na produção autobiográfica, exploramos o mapa do Brasil, com os estados e regiões, identificando os locais de nascimento de Carolina e do próprio aluno. O conhecimento das diferentes atividades desenvolvidas por Carolina foram ponto de partida para refletirmos sobre a importância da profissão de cada um. Depois, assistimos juntos ao filme “Que horas ela volta?”, levantando as questões da doméstica, da mãe solo e das relações familiares construídas. Finalizamos o trabalho com a exploração dos sólidos geométricos ao confeccionar uma maquete de favela do Canindé. Maquete esta que foi exposta em uma participação numa roda de conversa desenvolvida pela oitava CRE na Biblioteca Municipal Cruz e Souza, em Bangu, onde, com a presença de uma aluna e da coordenadora pedagógica, finalizamos nosso projeto.
Produto Final
A finalização do projeto foi a confecção e exposição de maquete da favela do Canindé e apresentação do trabalho na Biblioteca Municipal Cruz e Souza.
Os alunos reconheceram o valor da leitura não só no seu uso no cotidiano, mas como ferramenta de reflexão e crítica. Ao se identificarem com a história da autora, houve uma melhora da autoestima, pois perceberam que, mesmo com a pouca escolaridade, podem reescrever sua história e ter seu valor reconhecido.