O objetivo da proposta era celebrar com as crianças os cinquenta anos do nascimento da cultura hip hop a partir de seu elemento gráfico, o grafitti. Evidenciando como essa cultura de rua marginalizada tem suas origens negras e luta desde então pelos direitos de seu povo. Em parceria com as propostas da Rede NAMI a atividade teve a proposta de dar continuidade aos temas defendidos pela saudosa Marielle Franco. Então o objetivo principal foi demarcar a presença de mulheres negras na arte do grafitti, em uma oficina de pintura de muros com latas de tinta com imagens que buscam denunciar a violência contra as mulheres negras e também reconhecer seu pioneirismo e protagonismo, como na figura da escritora Carolina Maria de Jesus.
A prática começou com uma sensibilização do grafitti como cultura de rua ao apresentar as crianças alguns grafittis das comunidades do complexo de Manguinhos. Nos últimos anos a comunidade recebeu a ação de dois festivais de grafittis realizados pelo coletivo Manguinhos Cria o que fez a cultura dessa arte de rua ganhar outra proporção, fazendo com que as crianças reconhecessem muitas das artes apresentadas. Em seguida foram apresentadas as propostas da Rede Nami e o trabalho de outras grafiteiras que lutam por direitos através de sua arte. Em parceria com a Rede NAMI, articuladas pela artista Princesinha de Meriti, foram cedidas latas para a realização da oficina de grafitti na escola com a grafiteira Cynthia Dias. As crianças receberam mais uma introdução das duas artistas e participaram da confecção de um mural com o número 180, de denúncia a violência à mulher, e acompanharam e feitura de um mural celebrando Carolina Maria de Jesus.
Ao contar o nascimento da história do grafitti na cultura hip hop das comunidades negras dos Estados Unidos as crianças se surpreenderam de saber dessa origem. Fazendo um paralelo com sua comunidade as crianças não conseguiam imaginar que a favela poderia ser um ambiente pioneiro de criação. Apresentando os grafittis de Manguinhos as crianças conseguiram reconhecer enfim a sua comunidade como um ambiente de produção de artes e conhecimento. O pertencimento com a criação na favela proporcionou um aumento subjetivo em suas autoestimas. Botar os aprendizados em prática com a oficina de grafitti foi um acontecimento surpreendente as crianças ficaram muito contente com a presença das duas artistas e todos materiais e experiências que elas tinham que oferecer. As meninas sobretudo ficam muito empolgada por ver duas artistas que dominam a técnica e a cultura do grafitti e todos os conhecimentos relacionados a ela.