Amanda Lourenço é professora de Artes Visuais da Secretaria Municipal de Educação da cidade do Rio de Janeiro e integrante do Programa Interdisciplinar de Apoio às Escolas Municipais do Rio de Janeiro. É mestra em Cultura e Territorialidades pela Universidade Federal Fluminense e graduada em Licenciatura em Educação Artística com especialização em Vídeo Científico Educativo pela Universidade Federal do Rio do Janeiro. Cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro.
Andreia Morais é mestre em Ensino de Artes Cênicas pela UNIRIO. Professora de AC da Rede Municipal do Rio de Janeiro, onde atua no NIAP/PROINAPE. Em 2019/2020 foi bolsista do Programa de Bolsas da SME. Em 2023 participou do livro: "Arte na linha de frente” com artigos escritos por professoras/es egressas/os do programa em parceria com docentes do PPGEAC.
A Escola Municipal General Mitre nos trouxe duas demandas: atuar com a comunidade escolar e profissionais da UE; atuar nas turmas de 4º, 5º e 6º ano.
Atuar naquilo que compreendemos como denominador comum das demandas, a dificuldade de comunicação.
Apostar no trabalho com foco na comunicação para que situações em que a violência se apresente possa ser revista e acolhida com elaboração crítica dos fatos. Oferecer para todos os grupos a mesma ação, nomeada de “Instalação dos Sentidos” afim de trabalhar as capacidades de perceber, ouvir e falar e o acesso aos sentimentos e emoções, assim como a elaboração sobre uma boa comunicação ser capaz de aproximar ou distanciar as pessoas.
Atuar com jogos teatrais e o uso de emojis para o reconhecimento dos diferentes sentimentos e emoções e a elaboração das dificuldades na comunicação no decorrer dos encontros.
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
4. Utilizar diferentes linguagens - verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital -, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
A partir da demanda que a U.E nos apresentou, elegemos a arte como linguagem primordial pra nortear o nosso trabalho. Num primeiro momento oferecemos aos alunos do 5º e 6º anos uma vivência nomeada como “Instalação dos sentidos”, com o intuito de convocar as possibilidades que nossos sentidos nos apresentam, num convite para o despertar do corpo e de suas percepções.
Tendo a arte como dispositivo das ações, iniciamos um trabalho com os emojis, apostando numa linguagem contemporânea que dialoga com espontaneidade e naturalidade com as crianças. Essa proposta foi oferecida ao 4º ano, cuja queixa da escola e da professora da turma, era a dificuldade de comunicação entre os estudantes que se relacionavam de forma violenta e agressiva. Narramos esse momento do trabalho.
Elencamos uma sequência de emojis que contemplasse o maior número de sentimentos e disponibilizamos uma cartela para que cada aluno tivesse a liberdade de colorir como desejasse. A proposta era que no início de cada encontro eles narrassem como estavam se sentindo e isso era repetido no final do encontro, a partir dessa cartela.
Seguindo essa ideia de trabalho com as emoções dos estudantes, pensamos o quanto o teatro poderia ser potente para oferecer a esses corpos outras formas de se expressarem e se relacionarem.
Focamos em jogos cênicos que desenvolvem integração, imaginação, criatividade, observação, colaboração, escuta, concentração, linguagem verbal e não verbal, visando desenvolver a capacidade expressiva dos corpos, suas formas de comunicação e relação, ampliando sua percepção de mundo e de si mesmo. “O jogo teatral como instrumento fundamental para estabelecer o relacionamento, a percepção de si mesmo e do outro, do espaço que ocupamos e da sociedade que estamos inseridos. O teatro metaforiza a própria vida” (MOREIRA, 2013, p. 4). Os jogos teatrais trabalham as identidades individuais e coletivas, e contribuem para um maior desenvolvimento dos aspectos intelectual, social e afetivo dos alunos.
ARAÚJO, Hilton Carlos de. Educação através do teatro. Rio de Janeiro: Editex Rio, 1974.
BOAL, Augusto. Jogos para atores e não- atores. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
KOUDELA, Ingrid Dormien. Jogos teatrais. São Paulo: Perspectiva, 2004.
MOREIRA, Maria. O jogo teatral e suas alianças: experiências no âmbito escolar para uma dramaturgia identitária e emancipatória.
SPOLIN, Viola. Improvisação para o teatro. São Paulo: Perspectiva, 2001.
_____________a. Jogos teatrais para sala de aula. São Paulo: Perspectiva, 2008.