Desde a sua inauguração no ano de 2020, o CEJA Acari, uma jovem escola exclusiva de Educação de Jovens e Adultos, desenvolve atividades com o objetivo de combater o racismo através de uma educação antirracista. Diferentes estratégias foram utilizadas ao longo desses quatro anos com o propósito de combater a invisibilidade e o apagamento histórico cometido contra os diferentes povos africanos e afrodescendentes bem como contra os povos indígenas.
As lei 10.639/03 e 11.645/08 foram marcos importante ao instituírem uma política de Estado que reconheceu as escolas como instrumentos fundamentais para a superação do racismo. As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (2004), ao trazer no seu texto que o "Ensino de História e de Cultura Afro-Brasileira, se fará por diferentes meios, inclusive, a realização de projetos de diferentes naturezas, no decorrer do ano letivo", reforça o papel central das escolas na construção de uma sociedade igualitária, rompendo com uma educação que por muitas vezes corroborou com omissões e discursos discriminatórios e racistas. A ambientação pedagógica é uma ferramenta importante no processo de acolhimento, inclusão e sociabilidade dos alunos da EJA. Nesse sentido, reconhecendo que todas as escolas de Jovens e Adultos são marcadas por signos do transitório e passageiro, todos os sujeitos, entre alunos, professores e funcionários da escola, carecem de um reconhecimento como lugar, território e identidade no espaço da unidade escolar. Dessa maneira, as ações sobre a Educação das Relações Étnico-Raciais desenvolvidas ao longo do tempo no CEJA Acari foram realizadas com a ideia de práticas de longa duração, permanecendo ainda hoje por diversos espaços da unidade escolar. Nesse contexto, no mês de outubro do ano de 2024 nasce a ideia de integração de tais práticas por meio do Circuito de Letramento Racial e Memória CEJA Acari, como forma de materializar essa caminhada antirracista na qual nossa unidade se comprometeu ao longo de sua existência. O Circuito conta, em um primeiro momento, com 5 pontos a serem visitados com duração de 40 a 60 minutos:
Ponto 1 - Canteiro Etnobotânico (cultivo de ervas ancestrais que servem como tempero, chá e alimento) Espaço Verde CEJA Acari.
Ponto 2 - Mural Étnico-Racial (Jovelina Pérola Negra, Conceição Evaristo, Kaê Guajajara e Professora Nathalia) Grafite dos retratos dessas mulheres, escolhidas para representar a potência feminina.
Ponto 3 - Painel da Confluência Afro-indígena no Brasil (Diversas personalidades do Brasil contemporâneo e moderno) Instalação com fotos, pinturas de símbolos, plantas e outros elementos de referência afro-indígena.
Ponto 4 - Galeria Afroindígena (Diversas personalidades históricas que participaram da construção da nossa sociedade) Exposição Permanente na sala de História/Geografia.
Ponto 5 - Acervo Étnico-racial (Livros e materiais pedagógicos étnicos)
- ALMEIDA, Silvio. Racismo estrutural. São Paulo: Pólen, 2019. Coleção Feminismos Plurais.
- CARNEIRO, Sueli. Dispositivo de racialidade: a construção do outro como não ser como fundamento do ser. Rio de Janeiro: Zahar: 2023.
- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana
- Guia Educação para as Relações Étnico-Raciais: 20 anos da Lei 10.639/03
- LDBEN 9.394/96
- LEI 10.639/03
- LEI 11.645/08
- RIBEIRO, Djamila. Pequeno Manual Antirracista. São Paulo: 1ª Companhia das Letras, 2019, 135 p.