A ideia principal da ação é valorizar o propósito coletivo e integrador da leitura enquanto prática social a partir dos círculos de leitura na escola.
Neste fazer pedagógico, prioriza-se a mediação de leitura visando à formação de leitores autônomos e críticos, utilizando como recurso algumas estratégias de leitura para que os estudantes leiam e compreendam o texto também nas suas entrelinhas.
Objetiva-se, ainda, ler narrativas ficcionais com viés histórico sob a perspectiva da construção de sentidos, ativando os saberes de mundo dos alunos-leitores bem como os conhecimentos textuais e linguísticos compartilhados em roda
Uma expedição literária e fantástica foi aceita pela turma 1801 e, então, iniciamos um círculo de leitura guiados pela obra Ludi na chegada e no bota-fora da Família Real, de Luciana Sandroni. Nesta mediação, apostamos no valor literário como critério primordial para a sua seleção, além de somar mais de 30 exemplares disponíveis no acervo da SL (Sala de Leitura), garantindo o manuseio e a leitura em grupo.
Após estipularmos como seriam as rodas, fixamos um horário semanal na grade da turma e elegemos a Sala de Leitura como espaço principal para a atividade.
Inicialmente, apresentamos à turma os elementos pré-textuais e pós-textuais que compunham a perigrafia do livro. Ainda neste momento de predição, acionamos os conhecimentos prévios dos alunos sobre o contexto sócio-histórico daquela época.
Considerando e respeitando o ritmo de cada aluno, sinalizamos a importância da leitura em voz alta e, a partir das inscrições voluntárias, começávamos a leitura.
Entremeávamos a leitura com o apoio de pequenos vídeos que contextualizavam os fatos históricos apontados pela narrativa, tendo a produção audiovisual como suporte para a ampliação dos conhecimentos acessados.
Ensinamos a localizar as pistas que o texto oferecia para a construção de sentidos. Instigamos a turma a criar hipóteses para mais à frente confirmá-las ou não, a levantar suposições capazes de completar as lacunas do texto.
Procurávamos dar nomes a nossas ações objetivando instrumentalizar os alunos a partir de estratégias de leitura que pudessem ser aplicadas nos mais variados gêneros textuais.
Numa perspectiva interdisciplinar, passeamos pela história e pela geografia do Rio Antigo, sempre acompanhados pelas pinturas e gravuras do período colonial.
Ao longo do processo, valorizamos a atividade de ler em grupo, pois entendemos que formamos uma comunidade de leitores capaz de convergir, mas também de divergir da interpretação dos textos, ampliando, assim, o repertório dos participantes, objetivo perseguido pelo PPP da nossa escola.
Ancorados no sentimento de pertencimento gerado pela leitura coletiva, construímos laços que nos identificaram como um grupo coeso e imerso numa experiência artística, e sobretudo, humana, tão delicadamente entremeada pela literatura.
Para além do que a obra propunha, refletimos sobre os impactos gerados pela chegada e pelo “bota-fora” da Família Real, e traçamos uma linha do tempo até chegarmos ao bicentenário da Independência do Brasil.
Relativamente a esse período, conversamos sobre alguns fatos históricos, especialmente a escravidão mais longeva das Américas, e muitos acontecimentos que “a história não conta” – tudo motivado pela ficção lida, acrescido do que a literatura pode oferecer como patrimônio cultural.
Para coroar nossos encontros, recebemos em nossa escola a própria autora que leu conosco o último capítulo do livro e nos falou sobre a sua produção literária e as fontes de pesquisa para a sua escrita. No semestre seguinte, outro livro lido... e outro...