Enquanto trabalhava ancestralidade e Conceição Evaristo com a turma 161, a partir do caderno pedagógico, nasceu a vontade de propor a leitura do livro Becos da Memória (2018), da escritora Conceição Evaristo. A turma abraçou a proposta e assim fomos, durante alguns meses, realizando a leitura em sala de aula. Íamos fazendo o fichamento, destacando personagens e temas abordados. O objetivo era que se identificassem com o que liam, vissem as suas vivências e de parentes naqueles personagens. Essa experiência foi despertando a curiosidade, as memórias e o desejo pela leitura, além do enriquecimento vocabular. Parávamos para compartilhar as vivências uns dos outros, para lembrar de alguns parentes, ancestrais e/ou conhecidos que tinham escrito suas histórias nas memórias de nós todos. Era bonito ver alguns se emocionarem, se apegarem a personagens, ficarem atentos querendo saber o que aconteceria com eles. Após a leitura, nasceu a ideia de cada um escrever uma história sua, de ser protagonista, não esquecendo dos aprendizados que tiveram com seus ancestrais, com sua família. Estes textos formaram um livro da turma, com direito à noite de autógrafos. Esse trabalho articulou-se com os alunos, a comunidade escolar e com a cultura negra, tão presente na sociedade brasileira, além de atender a proposta de trabalho para a Expo Peja de 2023.

Houve curiosidade e interesse com a leitura, cuidado, cooperação e paciência entre os colegas. Houve melhorias na leitura, compreensão das palavras e/ou textos mais complexos, elaboração de correlações entre as histórias narradas e as histórias dos alunos. Inúmeros momentos de troca, empatia, emoção, união e resgate de uma ancestralidade/ resistência dessas famílias que muito lutaram e lutam por sua sobrevivência. Foi percebido que a turma desenvolveu maior intimidade, carinho, desejo de ler, pensamento crítico e orgulho de sua descedência.