Nossa proposta de atividade de leitura, embasada no enfoque discursivo, é justificada pelos resultados obtidos com nossas experiências como mediadores de leitura e escrita de poesia e também na BNCC que propõem o desenvolvimento de habilidades de leitura, onde os alunos sejam capazes de ler em voz alta diversos tipos textuais, expressando sua compreensão e interpretação. Esse projeto fomenta um protagonismo juvenil amplo, pois permite que o estudante escolha um texto significativo para interpretar, decorar e apresentar em espaços diversos, dentro e fora do ambiente escolar. Assim, os estudantes ouvem com atenção o que outros autores de poesia (inclusive alunos autores de sua própria escola), estão escrevendo sobre seu tempo psicológico e social e assim demonstram também sentir mais vontade ler, escrever e se posicionar. Aqui, as diversas formas de violência que perpassam a vida dos adolescentes são nomeadas e discutidas. E assim, graças a uma grande interação dialógica que envolvem diversos interlocutores e mediadores, focada no incentivo do protagonismo literário, eles começam a, gradualmente, produzir seus próprios textos e formas de lidar com essas violências. Os textos orais e escritos com os quais temos contato desde nosso nascimento, nos atravessam e nos formam como seres falantes, nosso ser clama por ocupar um espaço de fala no mundo, junto àqueles que estão próximos. Na escola, em rodas de conversa como essa, ampliamos e intensificamos as experiências individuais, interpessoais e dialógicas tão necessárias para desenvolvermos ainda mais nossa capacidade inata de seres discursivos.
O projeto alcança a maioria dos objetivos propostos. Gaia aponta que: “destruir a pedagogia do silêncio em nossas escolas e permitir que as vozes dos sujeitos estudantes possam ser cruzadas, intercambiadas em esquemas de comunicação autêntica, menos artificiais, postiços, conservadores e autoritários” (GAIA, 2013, p.93). Tem sido nessa direção a nossa prática, e assim temos observado e registrado nossos alunos em um movimento de apropriação dos múltiplos sentidos do ler, escrever, aprender, frequentar a escola, marcando suas posições diante das diversas questões da adolescência, entre elas a violência. Poesia também é resistência, política social e cidadania. Nos motiva sabermos que outros adolescentes serão “contaminados” pelas palavras que essa atividade tem ajudado a construir e esperamos que eles também desejem escrever as suas próprias. Temos testemunhado que o protagonismo literário dos jovens é uma das formas de lidarmos com a violência na vida e na escola.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GAIA, Célia; GOULART, Marina. Metodologia do ensino: Formação do leitor. Batatais, SP: Claretiano, 2013.