LUIZA AZEVEDO DE SOUZA
Formada em Letras - Português/ Italiano, professora de línguas há 6 anos, recentemente concursada e atuante na secretaria municipal de educação.
CARGO/FUNÇÃO DO AUTOR: PEF anos finais
O trabalho é composto por personalidades negras, seja pela sua importância na militância antirracista, seja por sua fama em outras e diversas áreas. O trabalho é organizado em ordem alfabética, a fim de mostrar que podemos conhecer múltiplas personalidades negras, de A -Z. Realizado por uma turma de 7° ano, cada aluno foi responsável por pesquisar cada uma das personalidades, escrever sobre o papel na história e, por fim, decorar o trabalho utilizando arte com estampas africanas. Houve uma apresentação antes da compilação das atividades.
O trabalho pode ser adaptado para diferentes turmas, desde alfabetização com o 1° ano, até pesquisas diferentes com os outros.
Em um primeiro momento, a abordagem da importância da cultura africana em nosso território é crucial. Para os alunos, conhecer mais das culturas diversas e como elas atuam no Brasil não visa desenvolver o conhecimento nacional, como também entender as culturas diferentes que nosso país abrange. Tal abordagem foi feita através de um jogo de mímica: foram selecionadas palavras relacionadas a cultura africana, como danças, música, comidas, objetos, até mesmo léxicos. A sala foi dividida em dois grandes grupos, e eles sorteavam a palavra para fazer a mímica. A professora, enquanto isso, anotava as palavras acertadas no quadro. Ao fim, propõe-se uma questão: qual é o tema comum dessas palavras? Os alunos refletiram e conseguiram chegar a conclusão de que eram todas heranças africanas.
Em um segundo momento, é abordada a imagem que temos da própria África: como um local inóspito, quente, com muita pobreza. Ao fazer os alunos pensarem em como eles viam o continente africano, a professora mostrou imagens de vários lugares da África, para que vissem que não é tudo que verificamos na TV. Após essa reflexão, os alunos selecionaram uma letra do alfabeto. Muitos escolheram a própria letra do nome e, embora fosse com 7° ano, a ideia de poder trabalhar a alfabetização também surgiu daí. Com isso, cada um teve uma personalidade apontada, uma para cada letra do alfabeto. Como a turma excede o número de letras, foram incluídas mais duas personalidades na letra "M", para que todos pudessem participar. Os alunos deveriam pesquisar sobre as pessoas que sortearam e trazer em texto na aula seguinte.
Em seguida, a professora fez a leitura dos textos e pediu para que os alunos focassem na importância daquelas pessoas para a luta negra. Assim, adaptando seus textos, os alunos receberam imagens das personalidades e uma folha de papel ofício.
Para a próxima atividade, eles deveriam organizar o texto na folha, junto da imagem e um título. Com a permissão do uso de aparelhos eletrônicos com fins didáticos, eles pesquisaram diversas estampas africanas e tomaram a liberdade de criar suas próprias, abusando das cores quentes e dos diversos padrões.
Em um último momento, os alunos apresentaram suas personalidades, falando sobre a importância na cultura do Brasil e do mundo. Finalmente, os trabalhos foram guardados de forma a lembrar um livro. Alguns alunos se voluntariaram a fazer a capa, tendo sempre em mente a ideia central da atividade.
Ao perguntar aos alunos a imagem que eles tinham do continente africano, percebemos que muitos caem no perigo de uma única história: vêem a África como um lugar de pobreza e miséria, como um povo sofrido. Quando mostramos como a África é de verdade — um local com muita riqueza, cores, cultura, vida — percebe-se a surpresa dos alunos, ao finalmente entenderem como nem tudo é o que pensavam antes.
Esse gancho é essencial para encaixar com uma mudança de visão da cultura negra: sempre que estudamos sobre a negritude, caímos no perigo de sempre vê-los como pessoas que precisam de ajuda, um povo sofredor por conta da escravidão. Ao procurarem sobre a luta de cada uma das personalidades, os alunos viram que se trata de um povo que batalha, que deve ser valorizado e que, acima de tudo, não tem a única história de sofrimento que antes pensavam.