VANESSA BATISTA DA ROCHA
Vanessa Batista da Rocha, pedagoga pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, cursou Produção Cultural pelo IFRJ. Tem experiência em espaços culturais na área de arte-educação desenvolvendoe supervisionando projetos de ensino. Atua como professora na SMERJ há 5 anos.
Os professores trabalham em parceria e desenvolveram ao longo deste ano "Zequinha - Uma fábula do samba" que integra a prática "Luz, Camera, Experimentação!" que vem sendo realizado desde 2022 por Thiago e Vanessa. Contemplando literatura, música, artes visuais e cênicas, o projeto se organiza a partir dos interesses das crianças valorizando o processo de criação e experimentação e oportunizando o protagonismo infantil nas práticas escolares.
CARGO/FUNÇÃO DO AUTOR: Professora Ensino Fundamental Anos Iniciais
EISENHOWER THIAGO SILVA LOPES
Eisenhower Thiago Silva Lopes, especialista em treinamento e fisiologia clínica pela Universidade Federal de São Carlos e músico formado pela Escola de Música Vila Lobos, atua como professor da SMERJ há 6 anos e da prefeitura de Nova Iguaçu há 15 anos.
Os professores trabalham em parceria e desenvolveram ao longo deste ano "Zequinha - Uma fábula do samba" que integra a prática "Luz, Camera, Experimentação!" que vem sendo realizado desde 2022 por Thiago e Vanessa. Contemplando literatura, música, artes visuais e cênicas, o projeto se organiza a partir dos interesses das crianças valorizando o processo de criação e experimentação e oportunizando o protagonismo infantil nas práticas escolares.
CARGO/FUNÇÃO DO AUTOR: Professor Ensino Fundamental Anos Iniciais
O projeto propõe uma prática pedagógica que se organiza junto com os alunos, valorizando o processo de criação e experimentação e oportunizando o protagonismo infantil. A partir de vivências desenvolvidas nos processos de concepção e realização de uma peça teatral, são trabalhadas habilidades socioemocionais, desdobrados conteúdos e temas e estimuladas experiências formativas e lúdicas de aprendizagem.
Nosso objetivo com o tema proposto é discutir questões de discriminação racial, religiosa, social, apresentar e valorizar o samba, esse patrimônio sociocultural tão importante e enraizado na história do Rio de janeiro e do Brasil, buscando corrigir distorções em relação como à história e cultura negra são vistas, para que as crianças possam assumir uma identidade positiva de si, suas produções e de suas territorialidades.
Buscamos contribuir para para a implementação das leis 10.639 e 11.645 e construção da equidade e enfrentamento ao racismo institucional e discriminação na escola.
O projeto é desenvolvido pelos professores com suas turmas ao longo de 1 ano. A primeira etapa é a definição do tema ou obra a ser adaptada para a apresentação. Então, os professores trazem as referências e trabalham a escrita do roteiro, a partir de laboratórios de aproximação das principais questões levantadas.
Com a peça "Zequinha - uma fábula do samba" pretendemos contribuir para a implementação das leis 10.639 e 11.645, no sentido que ao apresentar às crianças e trabalhar a história do samba e todos os seus desdobramentos, históricos, sociais, econômicos, culturais, objetiva-se valorizar a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, possibilitar o acesso a história e cultura afro-brasileira na escola para que os alunos tenham contato com a diversidade cultural do país, criem novas referências, e desconstruam os estereótipos que foram disseminados historicamente sobre o negro brasileiro, utilizamos a história do samba e um de seus maiores expoentes no nosso território, como estratégia pedagógica para este fim.
A próxima etapa é de definição do elenco, os papéis são distribuídos a partir de audições, que contemplam todos os estudantes interessados, e são os próprios que votam e definem os atores. A construção dos personagens se dá por um viés inclusivo, fugindo dos estereótipos, contemplando e valorizando a diversidade e impulsionando a representatividade para crianças negras, com deficiências e sexualidades diversas. Todos são envolvidos, seja atuando, seja participando do coral que produz a trilha sonora do espetáculo. Com o elenco definido, começam os ensaios das atuações e do coral. Paralelamente, são produzidos os figurinos e cenários em conjunto com os alunos, ressignificando e reutilizando materiais.
Há a produção de material de divulgação, com aulas planejadas para esse fim, com o incentivo à escrita e produção de sinopses, resumos, cartazes e convites. A última etapa é a apresentação do espetáculo, que é realizada em parceria com a Areninha Cultural Terra, que cede espaço para as Mostras aberta à comunidade.
O samba é uma manifestação cultural internacionalmente reconhecida como a mais representativa do Brasil, no entanto sua história mostra que foi um movimento amplamente marginalizado durante anos, assim como os sambistas na maioria negros. A partir dessa reflexão, escolhemos o gênero musical como tema e ferramenta para promover uma educação antirracista, discutindo as questões que perpassam a história do samba e o cotidiano escolar, trazendo referências para que os alunos possam compreender de onde vem o samba, e todas as questões sociais, econômicas, a ligação com a história e dentro de um contexto sociocultural muito forte no Brasil, conhecer alguns de seus grandes compositores e intérpretes, e reverenciar essa manifestação cultural constitutiva do nosso povo. É inegável que o samba ganhou novos caminhos e conquistou muitos espaços, mas ainda hoje dificilmente passa pelo ambiente escolar.
A partir dessa metodologia, que os coloca como protagonistas, os alunos nos surpreendem fazendo pesquisas, buscando referências, sugerindo adaptações, tudo de maneira autônoma. Observamos mudanças no comportamento disciplinar e socioafetivo com a diminuição nas ocorrências de conflitos, demonstrando maior sensibilidade. A frequência aumentou, e se reflete no rendimento e entusiasmo no ambiente escolar.
A escola toda é mobilizada e sensibilizada com o projeto e as apresentações. Com o tema objetivamos resgatar e valorizar elementos identitários dessa comunidade, sendo gancho para desdobrar subtemas e trabalhar outros componentes curriculares a partir da cultura. Acreditamos que através dos alunos conseguimos alcançar as famílias, ampliar as discussões e quebrar preconceitos. Com as apresentações abertas e gratuitas na Areninha democratizamos o acesso e compartilhamos o debate com a comunidade do nosso território, multiplicando o impacto social da nossa prática.
BARBOZA, Jane; BRUNO, Leonardo. Zeca: deixa o samba me levar. 1. ed. [S. l.]: Sonora edições, 2014. 272 p. BRASIL.
Lei 10.639, de 9 jan. 2003. Torna obrigatório o ensino da história da África e cultura afro-brasileira nas escolas. Diário Oficial da União. Brasília: Poder Legislativo, 10 jan., 2003, p. 01.
DEMARCHI, Ericson; VECHI, Hortênsia; AMARAL, Maria Luiza Feres do. Uma Experiência com o Samba no Ensino Fundamental. Revista NUPEART, Florianópolis, v. 9, n. 1, p. 65–76, 2013.
LOPES, Nei; SIMAS, Luiz Antonio. Dicionário da história social do samba. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.
SILVA, Maurício P. Novas Diretrizes Curriculares para o Estudo da História e da Cultura Afro-brasileira e Africana: a Lei 10.639/2003. EcoS – Revista Científica. São Paulo, v. 9, n. 1, p. 39-52, jan./jun. 2007