É evidente que a grande maioria das salas de aula de nossa rede pública não é composta majoritariamente por crianças brancas, mas ao mesmo tempo muitas crianças não possuem tranquilidade para se assumirem negras. Para crianças do público envolvido na atividade, um terceiro ano de faixa etária entre 8 a 10 anos, há uma dificuldade de lidar com alguns termos, sobretudo devido ao senso comum que impede que muitos adultos superem certos tabus, como as discussões sobre as relações raciais.
A metodologia se baseou em conversas, onde as crianças apresentaram suas impressões sobre os diferentes tons de nossas peles, fazendo com que o tema do racismo aparecesse consequentemente. Algumas breves intervenções foram feitas pelo professor com o objetivo de elucidar algumas questões e mediar diferentes impressões.
Em seguida, as crianças escolheram por conta própria um lápis de cor de tons de pele que mais a representavam e escolheram um nome para esta cor. Nesse momento, pude perceber que muitas crianças tiveram dificuldades de selecionar um lápis e um nome de cor, algumas escolheram tons visivelmente menos retintos do que de sua pele, mas o contrário também aconteceu, mesmo que em menor escala.
Em seguida, foi produzido coletivamente um gráfico que apresentava os resultados que foram analisados pela turma a partir de perguntas disparadoras do professor. Neste momento, foram possíveis trabalhar questões sociais como as relações raciais, mas também a leitura de informações num gráfico para interpretação de suas informações, como também as habilidades matemáticas de um gráfico simples.
Após a atividade, o gráfico foi posto num corredor onde toda a comunidade escolar pudesse analisá-lo. Registros da atividade foram compartilhados nos grupos das turmas e nas redes sociais da escola também, abrangendo ainda mais o alcance da atividade. A proposta está em sintonia com a proposta político pedagógica da escola de uma educação antirracista e foi replicada por outras professoras.