A equipe pedagógica da nossa unidade, a C.M. Sônia Maria de Moraes Angel Jones (6ª CRE), na Pavuna, tem apenas dois anos e meio de gestão, mas a trajetória dessa equipe na busca de uma educação antirracista e justa já dura bastante tempo.
Com a então professora-articuladora (PA) e hoje diretora da unidade, Aurelian Vieira, demos os primeiros passos na desconstrução tanto do racismo estrutural como da invisibilidade do protagonismo das crianças negras e com ancestralidade indígena na nossa comunidade.
Com sua equipe diretiva – a diretora-adjunta Aline Duarte e a PA Janice Duarte –, Vieira dá andamento a um projeto político-pedagógico que busca a ancestralidade e a valorização de sua comunidade local, com o apoio da rede municipal de ensino do Rio, da SME-Rio, via Gerência de Educação Infantil (GEI), e de cursos de aperfeiçoamento, como os da Onã Infâncias, o que fortalece a cada dia esse currículo potente e imprescindível, que agora também é fortalecido e amparado pela importante Gerência de Relações Étnico Raciais (Gerer) da Secretaria.
Nosso projeto Cores da Terra tem como norte possibilitar a nossas crianças conhecer melhor a sua Terra e valorizar cada pedacinho de chão que é nosso por direito.
Somos donos dessa Terra, temos direitos e deveres sobre ela, como o direito à cultura e o dever de preservar as riquezas que ela produz. Por isso, precisamos tornar nossas crianças sensíveis à importância dos cuidados que essa Terra inspira.
É essencial que as crianças e toda a comunidade escolar percebam, com base em suas reflexões e vivências, a importância de valorizar tudo o que existe no meio que as cerca, interagindo com os conhecimentos acumulados de geração a geração. Como ensina a Cultura Africana, “um Griô pode ser um poeta, historiador, cantor ou contador de histórias. Ou seja, todo aquele que, enquanto artista, é capaz de difundir, pelo boca-a-boca, um tipo de saber”.
É essencial que demonstrem acolhimento e respeito às mais variadas histórias de um povo que sempre lutou e continua lutando para tomar posse do que nos pertence: nossas heranças indígenas, africanas e tantas outras que marcaram nossa história, nossa Terra e suas múltiplas cores.
Quais são as cores da nossa Terra? Quais são as cores do nosso povo, da nossa luta? São questões como essas que abordarmos no decorrer do ano letivo.
Buscamos desenvolver uma identidade própria, baseada numa atuação pedagógica de turma, de forma consistente e participativa, visando à construção de um espaço de convivência, de trocas, de reelaboração de conhecimentos e de transformação social, nos moldes do que ensinam Maria Carmen Barbosa e Maria da Graça Horn, quando falam de “projetos organizados pelos professores para ser trabalhados com as crianças e as famílias e também projetos propostos pelas próprias crianças". (BARBOSA E HORN, 2008, p. 31).
Entendemos o espaço da Educação Infantil, como um território em que a criança pode se desenvolver por meio de um processo rico em interações e brincadeiras. Por isso, teremos três subprojetos que serão elaborados por cada equipe de nossa unidade para sua turma, através de projetos de turma e de acordo com os documentos norteadores para a Educação Infantil.
Nossas crianças já se sentem acolhidas ao iniciar o ano, reconhecendo-se em murais, livros, músicas, brincadeiras e brinquedos num espaço recheado de representatividade.
No decorrer do desenvolvimento dos projetos de turma, elas adquirem autoestima, segurança e pensamento crítico, com liberdade para falar e ser ouvidas, sendo valorizadas suas cores e cabelos, não só na estrutura física, mas no cuidar da equipe pedagógica.
Assim é reconhecido esse trabalho pela comunidade, pois a cada dia que passa, ampliam-se parcerias no fazer pedagógico com a filosofia Griô, diminuindo a distância que outrora havia entre escola e famílias.