TEMÁTICA SELECIONADA
- Práticas de educação das relações étnico-raciais
UNIDADE DE ENSINO
EDI Ludmila Máximo Moreira Cardoso - 9ª CRE
Rua Pedro Leão Veloso S/N - Campo Grande
AUTOR(ES)
Danielle Milioli FerreiraIniciei o curso de licenciatura em pedagogia em 2006, na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), concluindo-o em 2010, com o tema de monografia Lei 10.639/03 na educação básica, cujos sujeitos da pesquisa foram jovens de terreiros de Nova Iguaçu, com a seguinte pergunta deflagradora: “Que conteúdos poderiam estar sendo transmitidos nas escolas?” Foi um momento importante para eu desconstruir mitos e pensamentos estereotipados sobre a religião de matriz africana. Em seguida, comecei a pós-graduação latu sensu em “Diversidade étnica e educação superior brasileira”, terminando-o em 2012, mesmo ano que entrei como Professora de Educação Infantil do Município do Rio de Janeiro, direcionando o tema da pesquisa para Lei 11.645/08 para a educação infantil. Hoje sou mestranda de Educação da PPGEDUC-UFRRJ, com o tema direcionado para a professora articuladora, sem esquecer da importância das leis que embasam a educação básica sobre as questões étnico-raciais negra e indígena.
CARGO/FUNÇÃO DO AUTOR
PEI/ Professora Articuladora
OBJETIVOS
"A África que há em nós" foi tema do nosso 2º bimestre, que está dentro do Projeto Pedagógico Anual "O EDI Ludmila no mundo das brincadeiras", no qual estamos viajando pelos continentes. Abordamos o continente africano, não apenas porque estamos trabalhando mais um continente, mas por darmos a continuidade a Lei 10.639/03 que tem por obrigatoriedade incluir nos currículos escolares a cultura africana e afro-brasileira na educação básica. E, assim, poder realizar experiências efetivas para o enfrentamento e a eliminação do racismo e da discriminação nos contextos educacional e social.
Relatamos alguns objetos como: Experenciar a cultura e brincadeiras do continente africano; aplicar a Lei 10.639/03, ampliando o conhecimento da cultura e história africana e afro-brasileira; valorizar as identidades das crianças; trabalhar o preconceito racial a partir de literaturas e vídeos.
ANOS DE ESCOLARIDADE
Berçário , Maternal I , Maternal II , Pré I e Educação Infantil
HABILIDADES
Educação Infantil - Educação Infantil - Brincar com sons e ritmos produzidos por diferentes materiais.
Educação Infantil - Educação Infantil - Descobrir-se como sujeito único a partir da exploração de seu corpo.
Educação Infantil - Educação Infantil - Reproduzir sons e ritmos com diferentes materiais ao participar de jogos cantados, festejos, musicais e brincadeiras coletivas.
Educação Infantil - Educação Infantil - Vivenciar variadas brincadeiras e brinquedos de diferentes lugares do nosso país e do mundo.
PÁGINA(S) DA PRÁTICA/PROJETO NA INTERNET
O EDI Ludmila trabalha com a metodologia de projetos que vão além de datas específicas para integrar o cotidiano, como prevê o Projeto Político Pedagógico e o Projeto Pedagógico Anual. O preconceito existe e é tão real e institucionalizado. Para Eliane Cavalleiro, a escola é um lugar de existência do racismo, do preconceito e da discriminação que acarreta na criança negra “autorrejeição, desenvolvimento de baixa autoestima com ausência de reconhecimento de capacidade pessoal; rejeição ao seu outro igual racialmente; timidez, pouca ou nenhuma participação em sala de aula; ausência de reconhecimento positivo de seu pertencimento racial; dificuldades no processo de aprendizagem; recusa em ir à escola e, consequentemente, evasão escolar”. A autora ainda traz que para a criança branca o racismo acontece ao contrário, ela cristaliza um sentimento irreal de superioridade, reforçando um círculo vicioso. Portanto, o tema na educação infantil é importante, tanto para a valorização da criança preta, quanto à criança branca em pensar os preconceitos existentes.
O trabalho foi realizado com os professores e agentes de educação infantil, com ações de formação que discutiam os equívocos da África, principalmente na generalização de diversas etnias. A África é um continente com 54 países com diferentes culturas, etnias, línguas e modos de vidas diferenciados, portanto quando falamos de um instrumento ou de uma brincadeira, é bom que o professor saiba de qual país está falando para não causar generalizações.
As crianças experenciaram questões da identidade a partir de livros que trazem à valorização da autoestima, de práticas pedagógicas favoráveis à autoimagem como o cabelo crespo, personalidades, desenhos, leituras de livros com personagens pretos. Utilizamos também os lápis de cores em diferentes tons de pele, bem como a inserção da Lei 10.639/03 a partir da identidade das brincadeiras africanas, da cultura, dos biomas naturais de um determinado país ou região da África.
Observamos que alguns professores precisaram ser orientados sobre o continente africano, generalizando alguns temas, tendo que intervir na prática. A equipe de direção oferece cursos e lives on-line sobre o tema. Quanto às crianças, o cabelo é o que mais destaca, pois já vem de casa este preconceito, tendo que intervir com temas e representação positiva do cabelo crespo. Poucos casos foram observados sobre a questão da cor, mas já surgiram em outros momentos, como crianças que não queriam segurar ou brincar com o amigo por ser preto. A fala com os profissionais são de parar o que está fazendo e intervir na hora de forma positiva e, quando não souber o que fazer chamar a direção para discutirmos o preconceito ocorrido.
Notamos que uma ou duas famílias abordaram os professores, pois não queriam que “os filhos estudassem coisas de África por serem evangélicos”. Pedimos para procurar a direção, na qual conversamos sobre a Lei 10.639/03 e sobre o tema para amenizar o preconceito.