Rafaela Corrêa Ribeiro, Pedagoga formada pela Universidade do Rio de Janeiro, Mestranda Profissional em Ensino de Ciências, docente dos anos iniciais do ensino fundamental, na rede municipal desde 2011.
Regina Lucia do Nascimento Lima Feitosa, Cientista Social formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mestre em Bens Culturais e Projetos sociais (FGV), docente da rede municipal desde 1992.
Claudia Maria da Silva Fortes, docente da rede municipal de educação há 27 anos, técnicas Agrícolas. Licenciada em Ciências Agrícolas pela UFRRJ, Especialista em Ensino de Ciêncais- UERJ, Mestre em Ciências - Educação Agrícola- UFRRJ, Doutora em Ciência, Tecnologia e Inovação Agropecuária- Agroecologia- UFRRJ. Foi consultora no Projeto Hortas Escolares da SME.
Será que os alunos reconhecem no seu cotidiano “os modos de fazer” ancestrais presentes na nossa cultura afro-brasileira?
* Será que eles entendem que o tempo presente é construído a partir de experiências anteriores?
*Será que eles reconhecem o valor da pessoa com mais idade?
Como texto base utilizamos para além da lei 10639/2003, que inclui no currículo escolar a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", a Pedagogia da Ancestralidade que expressa " A compreensão do corpo como expressão da natureza, as relações estabelecidas com a noção de território, meio ambiente e tempo, o respeito à sabedoria, às vivências e experiências e a valorização da oralidade são aqui entendidas como uma forma de ensino/aprendizagem que transgride com o modelo formal de educação e abre a possibilidade de pensar uma práxis que realmente inclua as múltiplas formas de apreender o mundo."
- PIMENTA, Renata Waleska de Souza et al. A Pedagogia da Ancestralidade no ensino de linguagem a partir da educação das relações étnico-raciais. Aceno – Revista de Antropologia do Centro-Oeste, 9 (21): 159-172, setembro a dezembro de 2022. ISSN: 2358-5587. Acesso em 5 de abril de 2023.
-https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm
Adentremos o tema da Ancestralidade e, para essa compreensão, é preciso preservar o interesse dos alunos pelo seu passado. Fizemos estudos sobre griots, memória, apagamento, aculturação, identidade, lugar de fala, além de uma pesquisa sobre o quilombo, local de resistência e de valorização da nossa ancestralidade. Então, descobrimos que no nosso bairro, Campo Grande, existe o Quilombo Dona Bilina e os docentes e alunos foram conhecer o local. É um espaço de militância, um território de conexão com a natureza. Nele, existe uma horta orgânica e está sendo construído um Centro de Convivência para realização de cursos, palestras e oficinas. A estrutura da construção é uma bioconstrução, casa de pau a pique e está sendo realizada em parceria com voluntários.
Os alunos do PEJA participaram durante 3 semanas da atividade chamada de Barreamento (pisar no barro para misturar o barro com o cimento e embolsar as paredes). Nessa atividade, as alunas, além de rememorar sua infância, ao se conectar com o barro, puderam lembrar das casas de seus ancestrais e as atividade foram embaladas por músicas populares, danças e causos. Nesse momento existia uma conexão entre o passado e o presente, onde todos eram protagonistas dos seus saberes. O quilombo fez doações de mudas de pau-brasil e plantas para a horta escolar do nosso CIEP como gratidão pela nossa participação.
Como produto, construímos vídeos e um power point para apresentar, divulgar nossas atividades, guardar a vivência do que foi construído e revisitá-la, remomerá-la, estudá-la e divulgá-la. O material foi utilizado também no XVII Encontro de Alunos e Alunas da EJA Rio.
No contato com o quilombo e com suas produções, os alunos se surpreenderam positivamente, pois até então descobriram que existia uma comunidade de resistência ao apagamento social próxima a escola. Todos os conhecimentos adquiridos e ressignificados foram divulgados para outros alunos tais como: a horta orgânica com a técnica ancestral de pau a pique, conforme o power point.
Realizamos uma parceria com o Quilombo Dona Bilina e estaremos presentes como voluntários na Horta e nas oficinas, cursos e festas oferecidos por eles.