O trabalho com rimas começou, ainda com os alunos no ensino remoto, com atividades voltadas para o levantamento de conhecimentos prévios. Logo nos primeiros contatos mandei um vídeo com parlendas e sugeri que eles fizessem em suas casas.
Sendo assim, estabeleci que partiria do trabalho individual de letra por letra até chegar a conclusão da relação entre letras e sons, que é um dos princípios básicos da leitura, utilizando textos em versos com presença de ritmos, rimas e aliterações.
Após uma seleção de parlendas populares, trava-línguas e cantigas que os alunos escutavam e decoravam fora da sala de aula, apresentei para turma diversos conteúdos literários com o propósito de despertar a curiosidade na musicalidade de cada texto. A sequência de atividades começava com a escrita feita por mim, do texto trabalhado, onde, propositalmente, eu registrava as sílabas finais que eram rimadas de cores diferentes.
Criamos jogos com objetivo de trabalhar aliteração e consciência silábica, onde a criança precisa identificar e discriminar as sílabas, processo muito importante para o sucesso da alfabetização. Levei para turma alguns poemas curtos e cordéis proporcionando momentos de ludicidade, gosto pela leitura, compreensão e interpretação da leitura, estimulando as crianças a se tornarem leitoras e escritoras de poesias.
Esta proposta teve o apoio do professor de música, Dalmo Motta, que enriquecia nossas aulas com o encantamento pelas canções, tocando violão. Com letras simples, repetições e trocadilhos essas canções eram registradas no papel, acordando com os alunos como faríamos isso. Através desse diálogo, decidíamos os materiais usados e as crianças eram protagonistas com desenhos e a construção da escrita. Alunos em níveis avançados eram convidados a escrever e a turma fazia a análise das palavras e os ajustes necessários.
Como culminância da nossa sequência de atividades e desdobramentos sobre rimas, foi realizado um trabalho onde buscamos encontrar rima para o nome de cada aluno da sala e cada funcionário da escola. O registro foi feito em cartazes com a fotografia de todos e a relação de nomes e rimas. Esse processo envolvendo a todos, foi extremamente prazeroso e motivador. Fizemos uma exposição desses cartazes no pátio da escola e, com isso, percebi alunos buscando rimas para tudo o que era falado e visto ao seu redor.
Após o início do trabalho com as rimas, ficou visível o avanço no níveis de letramento e alfabetização, tanto nas produções espontâneas feitas em sala, quanto nos resultados das avaliações posteriores. Se inicialmente as crianças não se atentavam com a sonoridade das rimas, agora conseguem reconhecer essa característica dentro de diferentes gêneros textuais. Agora sabem brincar de rimar!
Os avanços no campo da alfabetização também são claros, no início do ano encontrava um número grande de pré-silábicos e silábicos sem valor sonoro, em sala. Todos conseguiram avançar e, hoje, a maioria encontra-se no nível alfabético e aprimorando seus conhecimentos ortográficos. Embora existam diferenças nos avanços, ninguém permaneceu no nível que estava no início do ano.