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O deputado constituinte Antônio Carlos de Andrada, um dos irmãos de José Bonifácio. Gravura publicada em 1890, em Cartas Andradinas, da editora Leuzinger & Filhos. Domínio público 

Na abertura dos trabalhos da Constituinte estavam presentes duas facções. De um lado, o Partido Brasileiro, majoritário, defensor da monarquia constitucional, que limitava os poderes do imperador e dos portugueses. Do outro, o Partido Português, que defendia a reunião com Portugal, especialmente após a restauração do absolutismo por D. João VI.

De modo geral, os constituintes presentes, cerca de 80, eram inexperientes em assuntos legislativos, excetuando-se aqueles que haviam participado das Cortes portuguesas, como Antônio Carlos de Andrada e Campos Vergueiro. Ali estavam magistrados, bacharéis, religiosos, militares, professores, proprietários rurais, médicos e funcionários públicos, representantes da pequena parcela de eleitores da população.

As polêmicas começaram já na abertura dos trabalhos. A discussão versou sobre a cerimônia inicial, pois um grupo se opunha ao fato de o imperador ocupar o centro da mesa. Outra questão envolveu a coroa do imperador: se ele deveria usá-la sobre a cabeça no recinto da Assembleia; votou-se que não.

D. Pedro I, por sua vez, na Fala do Trono – uma longa peça que ocupou 15 páginas da publicação oficial –, firmemente declarou que jurava defender com a espada "a pátria, a nação, a Constituição, se fosse digna do Brasil e de mim". Essa frase era uma cópia da existente na Carta Constitucional francesa de junho de 1814. A forma condicional usada pelo imperador, segundo um constituinte com "palavras ambíguas", levantou inúmeras discussões na imprensa e no plenário.

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O padre Diogo Feijó era democrata e não se entendia com os irmãos Andrada. Zincogravura em cartão (13,4 x 9 cm) impressa pela Livraria de J. G. de Azevedo, século XIX. Domínio público, Biblioteca Nacional Digital

Em resposta à fala do imperador, a Assembleia manifestou que "confia que fará uma Constituição digna da nação brasileira, de si e do imperador". Observa-se, na ordem da frase, que D. Pedro I é colocado em último lugar, o que, certamente, não lhe agradou.

Em sessão da Assembleia de 21 de maio de 1832, o padre Diogo Antônio Feijó, então ministro da Justiça, reportando-se àqueles dias, lembrou ter ouvido de um dos irmãos Andrada, Antônio Carlos, provavelmente, a seguinte fala: "Se a Assembleia não fizer o que o imperador quer, ele a dissolverá". Essa informação, no dizer do historiador Américo Jacobina Lacombe, pode ser confirmada se a compararmos com os ofícios do ministro austríaco Barão Mareschal, nos quais se lê que "confirma a decisão por parte do governo, de recorrer à dissolução, caso a Assembleia seguisse o caminho da demagogia".