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A queda de preço dos produtos agrícolas no mercado internacional afetou proprietários rurais e contribuiu para o agravamento da crise enfrentada por Pedro I. Engenho de açúcar. Gravura publicada em Travels in Brazil, de Henry Koster, 1816. Domínio público

A oposição contra a política autoritária de D. Pedro I não cessara desde a Confederação do Equador. Os críticos questionavam, por exemplo, a opressão representada pelo Poder Moderador – instituído pela Constituição Outorgada de 1824 – e o predomínio do Partido Português junto ao imperador, situação que contrariava muitos interesses.

Somavam-se ainda problemas econômicos e financeiros. Alguns remontavam aos primeiros momentos do recém-criado Estado, como o reconhecimento da emancipação política no exterior e a instalação do aparelho estatal necessário em todo o território. A guerra contra as Províncias Unidas do Rio da Prata também aguçara a crise, com gastos militares significativos sustentados por novos empréstimos externos.

Nesse período de dificuldades, segundo o economista Celso Furtado, "num país sem técnica própria", internamente a situação da agricultura era pouco promissora. Embora ao longo dos anos 20 do século XIX a empresa cafeeira "em gestação", no dizer de Celso Furtado, tenha aumentado suas exportações, o mesmo não aconteceu com produtos tradicionais como o açúcar, o algodão e também com o fumo, os couros, o arroz e o cacau.

A baixa de preços no mercado internacional – que nos anos 30 e 40 alcançaria o próprio café – ocorria devido às possibilidades de abastecimento dos mercados externos em outras regiões produtoras. A Comissão de Fazenda, em parecer, alertava, preocupada, para o fato de a agricultura estar "ameaçada de repentina privação de forças". Em um país de economia primário-exportadora, a terra deveria ser fator de produção abundante.

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A nascente empresa cafeeira foi uma das poucas que conseguiram aumentar as exportações no período. Plantação de café no Rio de Janeiro. Gravura de Friedrich Salathé, 1835. Domínio público, Biblioteca Nacional Digital

Nesse contexto, a principal fonte de arrecadação seriam as tarifas alfandegárias sobre produtos importados. Entretanto, a Inglaterra impôs, em agosto de 1827, um acordo comercial que limitava a cobrança dessas tarifas ao máximo de 15%, conforme o valor do produto. Isso era muito pouco ante as grandes despesas que o governo imperial enfrentava.

Para contornar a crise econômico-financeira, buscou-se obter empréstimos externos, o que desagradou Martim Francisco de Andrada, que entendia ser essa atitude "um abismo em que mais cedo ou tarde deviam ser precipitadas todas as nações; que os governos nunca adotariam, senão para oprimir mais facilmente os povos".