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Último retrato do imperador D. Pedro I realizado no Brasil. Óleo sobre tela de Simplício Rodrigues de Sá, 1830. Domínio público, Museu Imperial

Nos primeiros dias de abril, as ruas viviam momentos de grande inquietação: grupos exaltados passaram a defender a necessidade de um governo republicano. A imprensa pregava "o dever sagrado da resistência à tirania".

A pressão continuava e, no dia 5 de abril, D. Pedro I constituiu um novo ministério – o Ministério dos Marqueses –, no dizer do historiador Werneck Sodré: "Todos notáveis pela sua impopularidade".

No dia 6, desde o amanhecer, numerosos grupos concentraram-se no Campo da Aclamação – local onde D. Pedro fora feito Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil –, onde circulavam boatos de represálias do imperador à oposição. Exigia-se o retorno do gabinete formado por liberais brasileiros. O monarca teria respondido então: "Tudo farei para o povo, mas nada pelo povo". Às 23 horas, à população ali reunida vieram se juntar os corpos de tropa sob o comando do brigadeiro Francisco de Lima e Silva.

Na madrugada do dia 7 de abril de 1831, não conseguindo contornar a crise, D. Pedro I apresentou o ato de abdicação do trono. Naquela mesma madrugada, deixou o palácio sem se despedir do filho de 5 anos, seu herdeiro, mas enviando-lhe posteriormente uma correspondência na qual assinalava que "me retiro para a Europa (...) para que o Brasil sossegue, o que Deus permita, e possa para o futuro chegar àquele grau de prosperidade de que é capaz. Adeus, meu amado filho, receba a bênção de seu pai, que se retira saudoso e sem mais esperança de o ver".

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D. Pedro I entregando a carta de abdicação ao major Miguel de Frias e Vasconcelos, na visão do pintor e caricaturista Aurélio de Figueiredo. Óleo sobre tela de 1911. In: Revista de História da Biblioteca Nacional. Uso amparado pela Lei 9610

Entre a data da abdicação e a da partida para Portugal, D. Pedro I enviou algumas outras correspondências, como, por exemplo, a José Bonifácio, nomeado tutor do príncipe D. Pedro de Alcântara, em que dizia: "Eu delego em tão patriótico cidadão a tutoria do meu querido filho, e espero que educando-o naqueles sentimentos de honra e de patriotismo com que devem ser educados todos os soberanos (...), ele venha um dia a fazer a fortuna do Brasil de quem me retiro saudoso".

No dia 8 de abril, D. Pedro I enviou uma mensagem à Assembleia em que comunica ter nomeado como tutor de seu filho – segundo a Constituição, capítulo V, art. 130 – José Bonifácio de Andrada e Silva e pede "à Augusta Assembleia Geral que se digne confirmar esta minha nomeação. Eu assim o espero, confiado nos serviços que de todo o meu coração fiz ao Brasil, e em que a Augusta Assembleia Geral não deixará de querer aliviar-me desta maneira um pouco as saudades, que me atormentam, motivadas pela separação de meus caros filhos e da Pátria que adoro".

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Trecho da carta de despedida aos amigos, datada de 12 de abril de 1831, em que D. Pedro I lamentava não poder se despedir de cada um em particular. Domínio público

Enquanto isso, pelo Rio de Janeiro, segundo o historiador Pedro Calmon, circulavam estes versos, "em clima tão ao sabor da Independência":

"Passa fora pé de chumbo
Vai-te do nosso Brasil
Que o Brasil é brasileiro
Depois do 7 de Abril".