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Escravos fujões costumavam ser marcados e ainda recebiam uma canga no pescoço para dificultar novas fugas. Gravura de Frederico G. Briggs, 1831-1836. Domínio público, Biblioteca Nacional Digital

Além de enfrentar o movimento das ruas e das tropas, os interesses divergentes de restauradores e exaltados, os atentados, as fugas de escravos e insurreições negras, o governo regencial tinha, também, que enfrentar a pressão inglesa para a extinção do tráfico negreiro internacional.

Diversos acordos já tinham sido assinados entre o Brasil e a Inglaterra, limitando o alcance e a abrangência do tráfico negreiro, desde a vinda de D. João e da família para o Brasil.

Mas todos esses acordos ainda não eram suficientes para a Inglaterra, que visava mesmo o fim da escravidão.

Muito se questionava na época e, ainda hoje, continuam-se questionando os reais interesses dos ingleses para tanta pressão. Alguns afirmavam ser por razões humanitárias; outros, por desejarem expandir mercado consumidor para seus produtos; e ainda havia aqueles que os viam como maneira de tornar mais competitiva a produção de sua indústria açucareira nas Antilhas.

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Chafariz no Largo de Santa Rita, Rio. Não só o campo dependia da mão de obra escrava. Nas cidades, a maioria dos serviços, como o de aguadeiro, era feito pelos negros. Gravura de L. Boulevot e A. Moreau, 1845. Domínio público, Biblioteca Nacional Digital

De qualquer modo, essa pressão inquietava o governo regencial e sua força de apoio – os moderados –, uma vez que a economia brasileira dependia profundamente da mão de obra escrava.

Pretendendo retardar o mais possível a eliminação dessa força trabalhadora e aliviar a pressão inglesa, o governo regencial promulgou, em novembro de 1831, uma lei proibindo o tráfico negreiro para o Brasil, declarando livres os africanos que aqui chegassem e punindo severamente os importadores. Comentava-se na Câmara dos Deputados, nas casas e nas ruas, que o ministro Feijó fizera uma "lei para inglês ver".