17 Planisferio de Cantino b
Planisfério de Cantino, com dados da expedição de Gaspar de Lemos (Crédito: Anônimo/Biblioteca de Modena)

Os mapas, nos tempos medievais, destinavam-se às bibliotecas dos mais abastados, e seus traçados não tinham compromisso com a realidade do espaço geográfico. Nem sempre eram utilizados para orientar, posicionando aquele que desejasse viajar pelas terras ou pelos oceanos em busca de regiões desconhecidas. A partir do século XV, a cartografia ganhou fôlego: configurou regiões inexploradas, incorporou nomes estranhos, redefiniu e recalculou distâncias, desvendando, para os europeus, partes desconhecidas do planeta Terra. Na cena europeia daquele século e dos seguintes, a informação circulando por meio dos mapas aguçou a cobiça daqueles que, como piratas e contrabandistas, sonhavam com riquezas e poder.

Estudos apontam que, desde o momento em que a liderança de Portugal se configurou, a feitura de um mapa era repleta de cuidados e cautelas. Não sem motivo, já que todas as descobertas eram cercadas de segredos para que não se anunciassem, aos quatro ventos, os avanços e as conquistas realizadas pelas caravelas lusitanas. Entretanto, conta-se que um comerciante italiano, Alberto Cantino, teria conseguido burlar todo o sistema de segurança estabelecido pela Coroa portuguesa.

A cartografia lusa quinhentista avançou bastante, e não apenas após a invenção da imprensa com tipos móveis de Gutemberg, que favoreceu a impressão dos mapas. Segundo estudos, cartógrafos, astrônomos e matemáticos de outros reinos contribuíram, somando conhecimentos, para o desenvolvimento da cartografia portuguesa. Os avanços na Astronomia e inventos como a bússola, o telescópio, o quadrante e o astrolábio, por sua vez, ajudaram a ampliar o conhecimento geográfico que se tinha sobre o planeta Terra naquela época. Entre o século XV e o XVII, em Portugal, surgiram aproximadamente 300 mapas, comprovando o quanto o setor notabilizou o reino que dominou a rota das especiarias, sonho de muitos!