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Bicentenário da Independência: novos olhares sobre a história
11 Agosto 2022 | Por Márcia Pimentel
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Pintura. Povo rebelado em praça pública. Alguns empunham espadas, outros carregam escopetas e todos bradam. Há um ferido sendo carregado e outro deitado no chão, ambos amparados por companheiros da batalha.
Óleo sobre tela de Antônio Parreiras: Os primeiros passos para a Independência da Bahia. Palácio Rio Branco, domínio público

As comemorações do Bicentenário da Independência têm trazido à tona novas perspectivas sobre o processo que culminou com o fim da subordinação da colônia brasileira à Coroa portuguesa. As pesquisas mais atuais têm mostrado o quão importante foi a participação popular e consolidado a ideia de “independências”, assim no plural, já que, em 1822, ainda não existia um sentimento de nação, como lembra a historiadora Patricia Maria Alves de Melo, professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

O que existia na época, segundo ela, era o sentimento de subordinação a um soberano. “O que tínhamos eram ‘muitas colônias’ na América portuguesa. Havia uma ideia de pertencimento a uma Coroa, de vassalagem com um trono […] não existia um Brasil colonial que compartilhava um desejo de independência dessa metrópole, esse ideal de nação...”, disse a historiadora à revista Ciência Hoje.

De fato, os movimentos emancipatórios que haviam ocorrido até então, como as conjurações mineira e baiana, ocorridas na segunda metade do século XVIII, assim como a Revolução Pernambuna de 1817, não almejavam a independência do Brasil mas, sim, a libertação local do jugo da Coroa portuguesa.

Homens montados a cavado formam três semicírculos. Em um deles, mais ao centro, D. Pedro empunha uma espada.
O grito do Ipiranga: óleo sobre tela de Pedro Américo. Museu Paulista, domínio público

Mesmo após o Grito do Ipiranga, em 7 de setembro, e a aclamação de D. Pedro como Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, em 12 de novembro de 1822, a independência não foi aceita imediatamente por todos. Em algumas províncias, como Grão-Pará, Piauí e Maranhão, os governadores resistiram a aceitar a separação de Portugal. Houve, em várias delas, guerra entre os brasileiros que defendiam a independência e os portugueses que queriam o contrário, a exemplo de Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso, Piauí...

As províncias, enfim, passaram por processos diferentes, até porque os anseios por “liberdade” entre os próprios brasileiros eram muito distintos. Mas, aos poucos, foram aderindo ao projeto de D. Pedro.

Os esquecidos da narrativa histórica

Acerca da participação popular, muitas pesquisas atuais têm proposto nova abordagem sobre os eventos envolvidos no processo de independência, trazendo à tona a participação das camadas populares e os personagens esquecidos pela historiografia.

Soldados avançam sobre um rio. Ao fundo, sobre uma ponte, pessoas lutando.
Confederação do Equador: forças imperiais atacam confederados, em Recife. Leandro Martins, Nossa História, Vera Cruz, wikicommons

Além da participação dos indígenas, dos negros e das mulheres, panfletos escritos por populares, produzidos no período, revelam que o movimento contra Portugal nada teve de consensual e pacífico.

Alguns desses panfletos – publicados no livro Vozes do Brasil, editado pelo Senado Federal – revelam que diferentes projetos políticos de independêcia estavam postos sobre a mesa e que a transformação da colônia em Império foi apenas o projeto vencedor, entre vários outros.

O projeto vencedor deixou, porém, inúmeros setores insatisfeitos, o que culminou em várias revoltas durante o período regencial, como a Confederação do Equador, a Cabanagem, a Balaiada, a Sabinada e a Revolta dos Malês.

 
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