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Arte urbana em defesa de causas ambientais
09 Outubro 2015 | Por Gilberto de Abreu
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rafamonA mineira Rafaela Monteiro descobriu o grafite há apenas seis meses, mas parece ter nascido para a arte urbana. Depois de trabalhar como estilista, hoje empresta sua arte para grandes marcas de moda, projetos de decoração e causas socioambientais. É nossa entrevistada para o Portal MultiRio.

Portal MultiRio – Como você ingressou no universo do grafite?

Rafaela Monteiro – Sempre gostei muito de arte urbana. Ando nas ruas observando os muros desde sempre. Quando resolvi abandonar a moda e voltar a pintar, pretendia explorar grandes plataformas urbanas, mas confesso que morria de medo – medo de me expor durante um trabalho e do material que teria que aprender a usar, no caso, o spray.

PM – Como conseguiu superar essa barreira?

RM – Um dia, no Instituto Cultural Olho da Rua, em uma conversa com o criador Antônio Breves, confessei esse meu medo e comentei que tinha vontade de fazer algum curso para aprender. Foi quando tomei uma bela bronca. Antônio disse que eu deveria parar de ter medo, pegar o material, um muro e sair rabiscando, pois ele duvidava de que, um dia, algum grande grafiteiro tivesse feito algum curso. O curso do grafite era a rua. No dia seguinte, comprei tintas e fui. Não parei mais. Ainda estou engatinhando, pois isso tem só seis meses.

Mural mulheres nordestinasPM – Você vem do mundo da moda, que é bastante diferente do grafite. Como isso influencia a RafaMon do grafite?

RM – As cores, as padronagens. No começo eu não queria nada da moda, mas não tive como fugir; ela ainda está impregnada em mim. Finda que isso também é bom, porque agora posso fazer alguns trabalhos de grafite ligados à moda.

PM – Você está surgindo num momento em que a cena do grafite é bem mais reconhecida. O que admira na história de quem deu aquele duro no início?

RM – Admiro as barreiras que conseguiram romper e a persistência. A galera que começou no grafite também ajudou a mostrar que o pixo é algo diferente do grafite artístico.

PM – De onde veio a ideia de pintar barcos de pescadores?

RM – Eu amo pintar, em qualquer lugar. Dia desses, fui pintar em um evento em Niterói, numa vila de pescadores, e escolhi pintar um barco em vez de um muro. Aliás, esse evento virou um projeto, criado por mim com Marcelo Melo, Daniel Black e Renata Bazo – o Pimp My Boat.

PM – Pimp My Boat, em português, quer dizer algo como Incremente Meu Barco. Como isso funciona exatamente?

RM – Pimp My Boat é um movimento que vai atuar para beneficiar aqueles que praticam a pesca artesanal na Baía de Guanabara. A degradação do ecossistema afeta diretamente as comunidades pesqueiras, e os reflexos são sentidos principalmente por esses trabalhadores, que não possuem alternativas de sobrevivência. A degradação da Baía é sentida por quem mais necessita do ambiente e sequer consegue ser ouvido, caracterizando um cenário de intensa injustiça ambiental.

Pimp my BoatPM – Que tipo de injustiça?

RM – A injustiça ambiental está na forma como as comunidades pesqueiras e a população do entorno são tratadas, ou seja, sem saneamento básico, sem infraestrutura e sem política de proteção a esse ecossistema. Pimp My Boat é um movimento que vai lutar para tirar da invisibilidade os pescadores artesanais no entorno da Baía de Guanabara, promovendo sua autoestima e sensibilizando a sociedade para a causa em questão. Serão realizadas ações criativas que utilizarão o grafite para transformar seus barcos e casas. Assim, pretende-se atrair um público maior e até oferecer alguma outra fonte de renda, como passeios turísticos e visitação aos locais.

PM – Quando aconteceu a primeira edição?

RM – Uma primeira ação, com o nome de Churras Graffiti, organizada pelos artistas Marcelo Melo e Daniel Black, foi realizada na vila de pescadores Praia Grande, em Niterói, onde a organização do evento se deu por meio das articulações para autorização de moradores, estruturação local, produção artística e divulgação. Os artistas arcaram com todos os custos de sua participação, desde as despesas de passagem, tinta-base, spray, contribuição para o som e o churrasco.

PM – Quais serão os próximos passos?

RM – Após a enorme repercussão positiva entre artistas do meio e os próprios pescadores e moradores da Praia Grande, estamos prevendo um segundo evento, como continuidade do primeiro. A terceira edição, sem data definida, será na Colônia de Pescadores Z-10, na Ilha do Governador.

Gilberto de Abreu, jornalista e especialista em artes visuais.

painel no Parque Madureira

 
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