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Grafite também se aprende na escola
14 Maio 2015 | Por Larissa Altoé
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Wark rocinhaAlunos do 5º ao 9º ano da Rede Pública Municipal terão a oportunidade de aprender grafite e colorir os muros das unidades onde estudam. As oficinas, para 80 estudantes, começaram no final de abril e se estendem por todo o mês de maio, a cada segunda-feira, em quatro escolas.

O projeto tem a curadoria de Tomaz Viana, conhecido como Toz, baiano radicado no Rio de Janeiro, artista reconhecido nacional e internacionalmente. Com ele, estão três outros profissionais: Bruno Bogossian, o BR, artista multimídia que atua em campanhas publicitárias e é um dos responsáveis pela expansão do grafite no Rio; Marcelo Jou, o Fins, que já participou de diversos eventos, como a Bienal de Graffiti Fine Art, de São Paulo, em 2015; e Marcos Rodrigo, o Wark, um dos pioneiros na Rocinha, onde mora e forma novos talentos.

É a segunda vez que a E.M. Pedro Ernesto, na Lagoa, participa do projeto. Sandra Mendes, diretora adjunta, conta que é uma atividade muito bem recebida pelos alunos, principalmente os que têm dificuldade de aprendizagem. “Atendemos crianças com problemas de alfabetização, que repetem o ano sucessivas vezes. Grafitando o muro da escola, eles passam a ter satisfação em estudar e melhoram as notas! A escola passa a ser um espaço mais afetivo, onde eles deixam sua marca positiva.”

Esta segunda edição do Paredes Art Zone (P. A. Z.) propõe o tema dos 450 anos de fundação da cidade. Nas escolas participantes, os alunos desenham os pontos turísticos cariocas (Cristo, Pão de Açúcar, Arcos da Lapa, etc.) e os 20 melhores de cada uma delas são selecionados para virar grafite na parte interna dos muros das unidades. O espaço voltado para a rua é ocupado pelos artistas profissionais durante o encerramento das oficinas, no final de maio, com o objetivo de colorir a cidade e proporcionar também aos moradores uma experiência artística.Toz Pavuna_revisada

Luciana Lima, diretora da E.M. Francisco de Paula Brito, na Rocinha, diz que houve uma verdadeira disputa para ver quem desenhava melhor, porque todos queriam ver o próprio traço na parede. “As crianças estavam entusiasmadas!”

Na E.M. Benjamin Constant, em Santo Cristo, os desenhos escolhidos são de alunos entre 11 e 16 anos, segundo a diretora Adriana Andrade. Todos estão “empolgados com a ideia de ter o trabalho visto pelos demais colegas”.

O começo do Paredes Art Zone

O P.A.Z. começou quando a francesa Elodie Salmeron, neta de brasileiro exilado, formada em Literatura na Sorbonne e em Produção Cultural em Paris Saint Denis, resolveu trabalhar com grafite no Brasil. Ela reuniu R$ 20 mil, via crowdfunding, e contactou escolas públicas cariocas para desenvolver o trabalho, recebendo uma resposta positiva da E.M. Pedro Ernesto, em 2012, ano da primeira edição.

Depois de se familiarizar com as possibilidades de fomento no país, inscreveu o projeto em leis de incentivo à cultura e obteve patrocínio da Secretaria Municipal para 2015, ampliando o trabalho para mais três escolas. Elodie fala que o seu sotaque diferente e as tatuagens dos grafiteiros criam uma empatia com os estudantes. Isso torna mais fácil o diálogo sobre valorização da diversidade, revitalização de áreas, força do trabalho coletivo e respeito ao próximo – pilares da cultura do grafite. O projeto P.A.Z se propõe a valorizar os direitos da infância, o estímulo ao pensamento criativo e ao poder de transformação inerente a todas as pessoas.

Tânia Percília, diretora adjunta da E. M. José Pedro Varela, na Pavuna, lembra que a escola já possuía um trabalho nessa área, com o projeto Mais Educação do governo federal, mas que os alunos usavam apenas giz e papel 40 quilos. “O P.A.Z. trouxe uma experiência mais profissional, norteando inclusive o oficineiro da comunidade, que já trabalhava com as crianças. Fazemos questão de explicar aos alunos a diferença entre pichação e grafite – um degrada, o outro embeleza.”

 
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