Construído por vários setores da Secretaria Municipal de Educação (SME), o Programa de Educação Socioemocional, consolidado este ano, se prepara para a realização de seu primeiro grande evento. Será entre os dias 27 e 31 de agosto, na Escola de Formação Paulo Freire (EPF), com transmissão ao vivo para as 14 telessalas recém-inauguradas – uma em cada CRE e três no nível central – e com gravações disponibilizadas no Portal MultiRio. A expectativa é que esse seja o pontapé inicial para o estabelecimento de uma cultura de Educação Socioemocional na Rede Municipal de Ensino.

Trata-se de uma ação da SME com o objetivo de enfrentar os conflitos que surgem no ambiente escolar, oriundos de questões culturais, diferentes histórias de socialização, divergências nos códigos de conduta, distintas visões comportamentais... A perspectiva é de melhorar, de forma significativa, problemas cotidianos de relacionamento vividos em várias escolas.

Interações e habilidades

Marisangela Siqueira de Souza, diretora-adjunta da EPF e coordenadora da Primeira Semana de Educação Socioemocional (I Sesem), explica o Programa: “É preciso deixar claro que o viés não é clínico, mas social. O foco está nas interações coletivas e na disciplina positiva. De forma geral, o objetivo é desenvolver, entre os profissionais da Rede, habilidades que lhes permitam lidar melhor com o contexto de trabalho. E, de forma mais específica, oferecer aos professores um leque de ferramentas que lhes possibilite reduzir problemas de relacionamento dentro do ambiente escolar”.

A disciplina positiva, diz Marisangela, não tem olhar punitivista, muito embora, nos momentos de conflito, seja na punição e no enfrentamento que, habitualmente, se recaia quando falta um bom repertório de habilidades socioemocionais. “Todos nós temos déficits de habilidades que comprometem as interações. O bom é que elas podem ser aprendidas. É importante, por exemplo, sabermos que tentar corrigir um aluno falando alto, para todos ouvirem, não costuma surtir efeito benéfico. Isso tem que ser feito baixinho e de forma particular. Alto, só elogio”, elucida.

O Programa de Educação Socioemocional é alicerçado em pesquisas da área de Psicologia Social. Uma delas está, inclusive, sendo realizada em cerca de 80 unidades da Rede Municipal, por meio de uma parceria da SME com a Universidade de Harvard, em Massachusetts, EUA, e a Fundação Getúlio Vargas de São Paulo.

Escola para a vida

A coordenadora do I Sesem explicou que o Programa está totalmente inserido dentro das novas orientações curriculares, que reforçam os temas transversais relacionados com a vida e com o indivíduo como um todo, fato que tornou ainda mais premente a necessidade de ampliar o repertório de habilidades socioemocionais de todos aqueles que fazem parte do contexto escolar. Uma das ferramentas a ser ensinada durante o evento é a de construção coletiva das regras de funcionamento da sala de aula. “É fundamental chegar a um acordo, a um padrão de comportamento discutido e elaborado pela turma”, afirma Marisangela.

Ainda segundo ela, os professores que têm ingressado em 2018 estão recebendo treinamento socioemocional, antes de assumirem seus postos em sala de aula. Mas como, na Rede, já trabalham mais de 40 mil docentes, a estratégia para o I Sesem é a de privilegiar, neste primeiro momento, a equipe de gestão (diretores e coordenação pedagógica) para que ela assuma o papel de multiplicadora.

Edital e Sesem

A SME tem ciência de que muitas escolas e professores da Rede Municipal criaram know-how em resolução de conflitos e realizam (ou realizaram) projetos impactantes, com grandes resultados nas unidades de ensino. Para conhecer melhor essas iniciativas e dar-lhes visibilidade, um edital será lançado durante a Semana de Educação Socioemocional. Fique ligado!

Para participar do I Sesem, o profissional da área de gestão precisa entrar em contato com a CRE de sua escola, pois é ela a responsável pelas inscrições. Confira a programação do evento:

27 de agosto – 2ª feira
De 9h00 às 12h30
Neurociência na Educação
Roberto Lent – UFRJ
Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1972), mestrado em Ciências Biológicas (Biofísica) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1973), doutorado em Ciências Biológicas  (Biofísica) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1978), e pós-doutorado no Massachusetts Institute of Technology (1979-82). É professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e ex-diretor do Instituto de Ciências Biomédicas (2007-2014). É membro titular da Academia Brasileira de Ciências, presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Ciência Hoje, e Coordenador da Rede Nacional de Ciência para Educação. Chefia o Laboratório de Neuroplasticidade do Instituto de Ciências Biomédicas. Atua na área de Morfologia, com ênfase em Neuroembriologia, desenvolvendo as seguintes linhas de pesquisa: desenvolvimento e plasticidade do córtex e comissuras cerebrais, quantificação de estruturas cerebrais de diferentes espécies, e estudos do córtex cerebral humano. Atua também em Divulgação Científica para adultos e crianças, com livros publicados para ambos.

28 de agosto – 3ª feira
De 9h00 às 12h30
Educação Socioemocional Positiva
Miriam Rodrigues – Autora de livros sobre o tema
Psicóloga pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Especialista em Psicologia Clínica e em Medicina Comportamental pela Universidade Federal de São Paulo. Idealizadora do programa Educação Emocional Positiva, programa psicoeducacional para trabalhar as competências socioemocionais e habilidades para o bem estar, presente em todos os estados brasileiros. Autora e co-autora de mais de 19 livros das temáticas psicologia positiva, terapia cognitiva e educação emocional. Possui experiência consistente em atendimento clínico há mais de 16 anos. Afiliada à International Positive Psychology Association (IPPA). Membro da Associação de Psicologia Positiva da América Latina (APPAL). Percorre diversas cidades do país ministrando cursos de Educação Emocional Positiva e habilidades socioemocionais para o bem-estar em escolas públicas e particulares.

29 de agosto – 4ª feira
De 9h00 às 12h30
Disciplina Positiva
Bete Rodrigues – PUC/SP
Professora há mais de 30 anos. Formada em Letras (PUC- SP), tem mestrado em Linguística Aplicada (LAEL- PUC/ SP), e atualmente é palestrante especializada em atendimento de pais (formada pelo ICI- International Coaching Institute), consultora em educação e professora em curso de formação de professores na Cogeae - PUC/SP. Tem larga experiência como professora, coordenadora e diretora pedagógica em diferentes contextos (escolas de línguas, escolas particulares e públicas, ONGs). É trainer em Disciplina Positiva certificada pela Positive Discipline Association, tendo feito três dos seus treinamentos diretamente com a Dra. Jane Nelsen (2015 e 2017). Estuda e faz formações sobre Disciplina Positiva desde 2008  e é a administradora da página Disciplina Positiva Brasil no Facebook desde 2013. Foi uma das tradutoras dos livros Disciplina Positiva, Disciplina Positiva em sala de aula e Disciplina Positiva para crianças de 0 a 3 anos pela Editora Manole.

30 de agosto – 5ª feira
De 13h30 às 17h00
Economia Comportamental
Daniel Santos – USP
Possui graduação em Economia pela Universidade de São Paulo (1997), mestrado em Economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2000) e doutorado em Economia - University of Chicago (2008). Atualmente é professor de Economia da Universidade de São Paulo - Campus Ribeirão Preto. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Economia da Educação; Desenvolvimento Infantil e Mercado de Trabalho, atuando principalmente nos seguintes temas: educação, pobreza, capital humano, bem estar social e mercado de trabalho.

31 de agosto – 6ª feira
De 9h00 às 12h30
Mediação de Conflitos
Danielle Motta – Uerj
Possui graduação em Psicologia (1993), mestrado (2005) e doutorado (2011) em Psicologia Social pela pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Adquiriu vasta experiência em educação socioemocional ao longo de sua trajetória profissional, estando esse tema presente em suas pesquisas de mestrado e doutorado. Sua tese de doutorado contou com pesquisa realizada em unidade escolar da Rede Municipal do Rio de Janeiro.

De 13h30 às 17h00
Mediação de Conflitos
Thaís Bittencourt – ONG Unipaz
Especialista em Terapias Naturais pela Unipaz-RJ, bacharel e licenciada em Filosofia pela Uerj e formada em Artes Cênicas/CAL. Possui vasta experiência com crianças e jovens, através de práticas pedagógicas voltadas para a promoção de uma cultura de paz, por meio de reflexões e vivências geradoras de valores construtivos e ambientes saudáveis e humanizados.