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Transtornos de escrita: disgrafia e disortografia
06 Setembro 2019 | Por Fernanda Fernandes
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Foto: Luisella Planeta Leoni/ Pixabay

Disortografia e disgrafia são transtornos que afetam a escrita e cujos sinais podem ser identificados por professores em sala de aula. O primeiro está relacionado a uma dificuldade na aprendizagem de ortografia, gramática e redação – no nível da palavra, da frase e/ou do texto. Já o segundo diz respeito a uma questão motora.

“A disortografia pode ser caracterizada por uma dificuldade no nível da palavra, na organização de frases, do texto ou em todos esses. Com palavras regulares, é possível identificar sinais em crianças mais novas. No caso de frases e textos, percebe-se quando a criança é mais velha”, explica Renata Mousinho, fonoaudióloga e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde coordena o Projeto ELO: escrita, leitura e oralidade.

“Quando a letra é ilegível e/ou a criança escreve muito devagar por uma questão motora, falamos em disgrafia. Muitas pessoas acham que se trata de ‘letra feia’, mas não é: se a letra for feia, mas legível, e a criança escrever rápido, tudo bem, é uma característica. Mas se for ilegível, nem mesmo as próprias crianças conseguem entender o que escrevem”, contrapõe Renata, que é doutora em Linguística pela UFRJ.

Transtornos de escrita – Sinais de alerta Disortografia:  - No nível da palavra: trocas de P por B, T por D, F por V, X por J, S por Z.  - No nível da frase: dificuldades em fazer concordância, inclusive de número, ao escrever (apesar de poder falar bem); em usar letra maiúscula no início de frases (ainda que o professor reforce isso muitas vezes) e sinais de pontuação. Uso frequente de verbos no infinitivo.  - No nível do texto: dificuldade para construir uma ideia ao escrever uma resposta ou texto. Ainda que a criança fale perfeitamente, na hora de escrever, a resposta sai “truncada”. Disgrafia: - Letra ilegível (e não apenas “letra feia”). - Lentidão para escrever, inclusive ao copiar do quadro. “Pode acontecer de a criança escrever bem, fazer uma letra melhor, mas, para isso, demorar muito para copiar. Essa velocidade motora muito lenta também pode caracterizar uma disgrafia.”  Fonte: Renata Mousinho, fonoaudióloga, doutora em Linguística e coordenadora do Projeto ELO: escrita, leitura e oralidade (UFRJ).

O diagnóstico e o tratamento

A disortografia, segundo Renata, pode acontecer de forma isolada ou vir acompanhando a dislexia. “Todos os que possuem dislexia possuem também disortografia.”

Segundo a especialista, o tratamento da disortografia é feito, em um primeiro momento, com um fonoaudiólogo e, depois, com um psicopedagogo. Já a disgrafia pode ser tratada com um terapeuta ocupacional, um psicomotricista ou algum fonoaudiólogo especializado na área. “Uma orientação importante: no caso da disgrafia, é preciso ir a um médico para avaliar se existe uma questão motora mais global envolvida. Um pediatra pode atender e encaminhar o caso”, ressalta a professora da UFRJ.

Transtornos de escrita – Como interagir com o aluno Disortografia: - Valorize o conteúdo sobre a forma. Se não, a criança vai escrever cada vez menos, pois terá a impressão de errar menos (já que ela apresenta muitos erros na escrita). Combine não descontar pontos na escrita, reforçando que é muito melhor quando ela escreve mais; e diga que sempre vai mostrá-la onde ela errou, para que aprenda.  - Assinale os erros ortográficos com pequenas marcas e faça um glossário ou um quadro à parte com as correções de um prova ou atividade. Assim, o aluno poderá ver de maneira mais organizada e clara seus próprios erros.  - Caso a escrita esteja muito comprometida, utilize provas orais como um recurso extra.  Disgrafia: - Se possível, não exija letra cursiva. A letra de forma é a mais indicada nesses casos e, mesmo usando esse tipo de letra, é preciso que a criança diferencie maiúsculas de minúsculas. “Não é justo que uma criança entenda o conteúdo, coloque no papel, mas seja prejudicada por uma questão motora. Até mesmo em provas como o Enem é permitido o uso de letra de forma”, defende Renata Mousinho. - Não exija cadernos de caligrafia, afinal, não se trata de “letra feia”.  “Caligrafia em quem tem disgrafia é tortura, só aumenta os pontos de tensão e pode fazer com que a criança piore. O aluno entra em um processo sem fim: aperta mais a caneta, transpira mais, o lápis escorrega, borra página; quando vai apagar, rasga a folha, que estava molhada, e fica a impressão de um trabalho sujo”, alerta a especialista. Fonte: Renata Mousinho, fonoaudióloga, doutora em Linguística e coordenadora do Projeto ELO: escrita, leitura e oralidade (UFRJ).

A edição mais recente do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), uma das bases de diagnósticos de saúde mental mais usadas no mundo, lista três transtornos específicos de aprendizagem, que causam prejuízos: à leitura (também chamado dislexia), a habilidades matemáticas (discalculia) e à expressão escrita (disortografia). Por se tratar de uma questão motora, a disgrafia não é mencionada no documento nesta área, mas está ligada aos Transtornos Motores.

 
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