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BNCC e o ensino de Ciências da Natureza na Rede Municipal
24 Outubro 2019 | Por Márcia Pimentel
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Experimento científico na E.M. Minas Gerais. Foto: Alberto Jacob Filho, 2017, MultiRio

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) deve ser implantada pelos sistemas e redes de ensino do país, até o ano letivo de 2020. É praticamente um consenso que, no ensino do 1º ao 9º ano, a área de Ciências da Natureza é a mais impactada. “As disciplinas foram tiradas da caixinha”, diz Haydée Lima da Costa, da Equipe de Ciências da Gerência de Ensino Fundamental da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (SME), quando perguntada sobre qual seria a principal mudança promovida.

As disciplinas, aliás, sequer continuam a ser entendidas como tal, mas como componentes curriculares que devem ser trabalhadas nas unidades temáticas. A ideia é articular os conhecimentos construídos que se relacionam com cada tema. Quando o assunto for o sistema digestório, por exemplo, não se deseja mais que seja abordado apenas do ponto de vista biológico, mas que também seja encadeado com outros saberes, como os processos químicos ocorridos durante a digestão dos alimentos, entre outros.

O principal compromisso da área de Ciências da Natureza, esclarece Haydée, é com o letramento científico. Isso significa que o objetivo primeiro é desenvolver a capacidade do aluno de compreender a inserção da ciência e da tecnologia na sua vida e no mundo, quesito fundamental para o exercício pleno da cidadania, na atualidade.

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Einstien: o robô construído pelos alunos da E.M. Francisco Manuel. Foto: Equipe UerjBotz

Para que as conexões do conhecimento sejam alcançadas, a BNCC prevê que os professores trabalhem os componentes curriculares de três maneiras: pela oralidade, pela leitura e pela escrita. “No momento da oralidade, da conversa, é possível entrelaçar as diversas abordagens sobre um assunto e desenvolver várias competências”, diz Márcia da Luz Bastos, também da Equipe de Ciências da SME. “Ainda é muito importante contextualizar os saberes e desconstruir os conceitos do senso comum para que o aluno entenda o que é o experimento científico”, complementa Haydée.

Na expectativa

Na E.M. Francisco Manuel (2ª CRE), em Vila Isabel, cerca de 40 alunos de 13 a 15 anos estão envolvidos na tarefa de construir um robô e colocá-lo em movimento. Eles integram o projeto de extensão UerjBotz do Departamento de Engenharia Eletrônica da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e estão aprendendo princípios básicos de programação, montagem e eletrônica.

A coordenadora pedagógica da escola, Núbia Cerqueira, percebe não só a aprendizagem dessas habilidades entre eles, mas principalmente o desenvolvimento de algumas competências, como o refinamento do raciocínio lógico e a maior capacidade de trabalhar em equipe e encontrar soluções. “Também contaminam o ambiente escolar de forma muito positiva, pois instigam a curiosidade dos demais alunos”, relata.

Núbia, contudo, tem encontrado dificuldades na parte pedagógica: “Nunca tivemos uma experiência parecida com esta, aqui na E.M. Francisco Manuel. Estamos aprendendo com ela. Já conversei com alguns professores sobre a possibilidade de trabalharmos o projeto de forma interdisciplinar, mas ainda estamos amadurecendo a ideia”.

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Bruno Melo, Heitor Dietrich, Bruna Gabriela e Miguel Perez, alunos da E.M. Francisco Manuel que compõem o projeto UerjBotz. Foto: arquivo pessoal

A coordenadora pedagógica acredita que a implantação da BNCC, ano que vem, vai facilitar essa tarefa, em função da forma como o currículo passa a ser estruturado. A Robótica requer alguns conhecimentos básicos de Física e, hoje, eles só são ensinados no 9º ano. Já com a BNCC, o aluno entra em contato com os princípios de todas as Ciências da Natureza (Biologia, Física e Química) desde o 1º ano.

Márcia Bastos também chama a atenção para o fato de que o sequenciamento dos assuntos – ou seja, das habilidades a serem construídas – não obedecerão mais à lógica atual: “Hoje, são dadas noções básicas de Ciências no 4º e no 5º ano para, depois, serem revisadas e aprofundadas a partir do 6º. Com a BNCC, houve uma redistribuição dos temas. Eles serão dados desde o 1º ano, numa crescente até o 9º, sem revisão. O que se busca é uma progressão das habilidades e o professor tem que ficar atento a isso”.

Unidades temáticas – do 1º ao 9º ano

Matéria e Energia – Desenvolvimento da capacidade de entender a natureza da matéria e os diferentes usos da energia. Compreensão da origem, da utilização e do processamento dos recursos naturais e energéticos.
Vida e Evolução – Conhecer o processo evolutivo e as características e necessidades da vida. Compreender as interações entre os seres vivos, com destaque para aquelas que o ser humano estabelece entre si, com os animais e com o meio ambiente. Entender a importância da biodiversidade e de sua preservação.
Terra e Universo - Compreender as características dos corpos celestes e do Sistema Solar, em especial o Sol, a Terra e a Lua – bem como os fenômenos relacionados a eles.

Materiais de apoio e formação de professores

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Haydée Costa e Márcia Bastos, da Equipe de Ciências  da SME. Foto: arquivo pessoal

Haydée lembra que o experimento também passa a ter grande importância no ensino de Ciências da Natureza. “Muitos vão reclamar da falta de recursos para isso, mas é possível criá-los a partir de sucata e materiais baratos”, diz.

Várias sugestões de experimentos estão, inclusive, presentes nos materiais pedagógicos que a SME está preparando para os professores. Eles vêm com um passo a passo para cada unidade temática de Ciências da Natureza, o que vai facilitar a prática na sala de aula, em especial por parte daqueles que ainda não estão tão familiarizados com as propostas da BNCC. “Mas a maioria já está trabalhando dentro do novo entendimento”, diz Lenita Vilela, responsável pela Equipe de Currículo da Gerência de Ensino Fundamental da SME.

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Sofia Pitta e Lenita Vilela, da Equipe de Currículo da SME. Foto: arquivo pessoal

O Material Didático Carioca a ser entregue aos alunos, no ano que vem, também está sendo todo elaborado a partir da BNCC. E a SME já está discutindo um pacote de ações de formação para os professores e, principalmente, para os coordenadores pedagógicos.

Segundo Lenita Vilela, estes serão ainda mais importantes do que já são, pois têm grande responsabilidade na articulação das unidades temáticas com as várias áreas do conhecimento.

 
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