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Biografias para crianças, a palavra de quem faz
25 Agosto 2015 | Por Sandra Machado
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JuniaoFazer livros para crianças demanda um talento todo especial. No caso das obras baseadas em histórias reais, que não incluem a fantasia presente nas fábulas e nos contos de fadas, a tarefa é ainda mais desafiadora. No entanto, os autores nacionais têm se saído tão bem que vêm despertando a atenção e a curiosidade até dos leitores adultos.

Integrante da Sociedade dos Ilustradores do Brasil (SIB), o ilustrador Junião é um entusiasta das biografias infantojuvenis. “Avalio que temos uma turma muito boa de escritores e ilustradores aqui no país. A procura por livros tem crescido. O aumento de feiras e eventos literários, em que o público tem a chance de estar frente a frente com o autor, é uma novidade que tem estimulado a leitura e dado muita força para novos leitores e autores, e também para as novas editoras independentes”.

Formado em Artes Visuais pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), Junião teve trabalhos selecionados para o acervo básico da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), além de participar regularmente de mostras internacionais. Embora também seja cartunista, Junião revela um apreço especial pelo segmento: “É a chance que eu tenho de contar, pelo meu desenho – com cores e formas, de forma livre e divertida –, sobre os personagens e cenários que eu imagino quando penso em uma história. O maior prêmio, para mim, é ver a expressão maravilhada dos pequenos e dos grandes leitores quando estão diante de um livro que ilustrei”.

andreNo mesmo patamar com os elementos editoriais que saltam aos olhos com facilidade, como o projeto gráfico e as ilustrações, o bom texto tem um grande peso na literatura produzida para crianças. É o que contam o historiador André Diniz e a roteirista Juliana Lins, uma dupla que já escreveu junta várias biografias para o público infantil: “Nós soubemos que a Editora Moderna tinha uma Coleção chamada Mestres da Música no Brasil. Propusemos um livro e virou uma sequência. Fizemos o Pixinguinha, o Braguinha, o Adoniran Barbosa, o Paulinho da Viola e o Noel Rosa”, lembra André. Juliana completa: “Acho que o diferencial é os leitores saberem que aquele personagem realmente existiu. Para discutir um pouco o que é ‘verdade’, o que ‘realmente aconteceu’, nas nossas biografias infantojuvenis, a gente também traz várias interpretações para a história. Para isso, usamos estratégias, como ‘uns dizem que foi assim, outros dizem que foi assado’. Escolhemos contar desse jeito porque é uma história mais divertida. E estamos sempre lembrando que há divergências também entre pesquisadores”.

JulianaMesmo se considerado apenas o universo da MPB, André acredita que ainda existe muito a ser explorado. “Só recentemente os pesquisadores descobriram que a música brasileira não é boa apenas para ouvir, mas, também, para entender o país. Essa demora em pesquisar a música popular como foco principal das artes no Brasil deixou lacunas significativas no entendimento da criação musical. Mesmo hoje em dia, existe certo distanciamento, ou seja, pouco conhecimento dos professores na utilização da música como aprendizagem da nossa realidade – seja da linguagem ou da história. Isso ocorre por falta de coleções atraentes no mercado e, sobretudo, por carência de metodologias que supram as deficiências dos docentes“.

Independentemente do potencial que os livros representam em termos de aprendizado, não se pode perder de vista que a literatura deve, em primeiro lugar, mexer com as emoções. “O contato com o texto deve ser prazeroso. Devemos, como escritores, abrir mão dos nossos preconceitos e compreender o leitor, de qualquer idade, como um igual nesse diálogo. Não infantilizar a narrativa e retratar os muitos percursos que a vida nos coloca, mesmo para uma pessoa famosa, é o que humaniza o artista. É reconhecer nele um ser de carne e osso que, longe de ter nascido "predestinado", batalhou cada centímetro da vida pela sua arte”, afirma André. Juliana finaliza: “É aconselhável apostar na inteligência e na curiosidade do leitor criança. Acho que um toque de humor, sempre que possível e que a história pedir, dá um bom caldo”.

 
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