Oswaldo Cruz, médico, cientista e sanitarista, foi responsável pelo combate de doenças infecciosas que matavam milhares de brasileiros, como a peste bubônica, a febre amarela, a varíola e a tuberculose.
Nascido em São Luiz do Paraitinga, São Paulo, em 1872, Oswaldo Cruz veio com a família para o Rio de Janeiro aos 5 anos. Aos 15, ingressou na faculdade de Medicina e tão logo se formou, casou-se com Emília Fonseca, uma vizinha, a quem chamava de Miloca e com quem teve seis filhos, sua “tribo”, como se referia à família.
O pai de Miloca, o comendador Manuel José da Fonseca, rico comerciante português, deu de presente ao genro um laboratório de análises e pesquisas, instalado no andar térreo da residência do jovem casal, na Rua Jardim Botânico, número 9.
Foi também com a ajuda financeira do sogro que Cruz viajou para Paris, onde se especializou em microbiologia e soroterapia, no Instituto Pasteur. Lá, também estudou urologia e medicina legal, além de aprender a fabricar ampolas, provetas e pipetas de vidro.
Durante a temporada na França, o sanitarista descobriu um hobbie que seria sua paixão – a fotografia –, a ponto de montar um pequeno laboratório para revelação na casa da Praia de Botafogo, 406, onde a família morou, na volta da viagem. O fotógrafo amador registrou não apenas passagens de sua atividade científica, mas também o dia a dia carioca e viagens que fazia pelo país e para o exterior.
Em 1899, Osvaldo Cruz foi convidado por Eduardo Chapot-Prévost, professor da Faculdade Nacional de Medicina, para integrar a comissão médica da Diretoria Geral de Saúde Pública (equivalente ao Ministério da Saúde atual), que iria investigar, em Santos, se a mortandade anormal de ratos estava relacionada à peste bubônica. E isso foi confirmado.
Passado o surto da doença, as autoridades sanitárias viram a necessidade de se fabricar, aqui, o soro antipestoso, que na época era produzido apenas no Instituto Pasteur. Foi fundado, então, em 1900, o Instituto Soroterápico Federal-ISF, na fazenda de Manguinhos, no Rio, tendo Oswaldo Cruz como diretor técnico e, dois anos, mais tarde, como diretor do ISF.
Uma curiosidade acerca do “castelinho” que até hoje abriga o antigo ISF, atual Instituto Oswaldo Cruz, é que o próprio sanitarista desenhou a proposta de um prédio, com a ideia de imponência que ele sonhava para o Instituto. E o desenho foi passado ao engenheiro e arquiteto incumbido de construi-lo.
Saneamento do Rio de Janeiro, capital federal
Em 1903, veio a nomeação como diretor da Diretoria Geral de Saúde Pública, com a missão de promover o saneamento no Rio de Janeiro. A capital federal sofria com epidemias diversas, entre elas a febre amarela. Para combatê-la, o cientista dividiu a cidade em distritos sanitários, sob jurisdição das delegacias de saúde. Os médicos tinham a incumbência de receber as notificações de doentes, aplicar soros e vacinas, multar e intimar os proprietários de imóveis insalubres a reformá-los ou demoli-los. A elaboração de mapas e estatísticas epidemiológicas dava suporte às ações das chamadas brigadas de mata-mosquitos que percorriam diariamente as ruas, lavando caixas d´água, desinfetando bueiros e ralos, limpando telhados e calhas e removendo depósitos de água com larvas do inseto.
Já o combate à peste bubônica consistiu em vacinar os moradores das áreas infectadas, como o porto; tornar a notificação obrigatória; isolar os doentes para tratamento e o extermínio de ratos, cujas pulgas transmitiam a doença.
Um ano depois, os índices de mortalidade e morbidade da peste bubônica diminuíram. E, em 1907, a febre amarela tinha sido erradicada do Rio de Janeiro.
Revolta da Vacina
O combate seguinte seria contra a varíola. Oswaldo Cruz conseguiu aprovar uma lei que tornava obrigatória, em todo o território nacional, a vacinação contra o vírus causador da doença. Quem se recusasse, era multado. Havia também a exigência do atestado de vacinação para matrículas em escolas, empregos públicos, casamentos e viagens. A lei foi apelidada de “código de torturas” e motivou o movimento conhecido como a Revolta da Vacina.
A Revolta da Vacina se iniciou em 10 de novembro de 1904, quando a polícia tentou prender um grupo de estudantes que pregava a não vacinação. Nos dias seguintes, houve manifestações de apoio ao grupo no Largo de São Francisco, no Centro, e quebra-quebra em diversos pontos da Saúde e da Gamboa.
No dia 14, na Escola Militar, alguns cadetes se amotinaram, arrombaram os depósitos e se apossaram de armas e munição. O comandante da Escola foi deposto por outro oficial, que veio a morrer horas depois em um tiroteio. Ele chefiava um grupo de trezentos cadetes, que protestavam contra as forças legalistas, e marcharam rumo ao Palácio do Catete para depor o presidente Rodrigues Alves. Dois dias depois, o governo impôs estado de sítio e, assim, começou a recuperar o controle da situação. Foram dezenas de mortos e mais de 700 revoltosos presos.
Diante de tamanha resistência, foi decretada a revogação da obrigatoriedade da vacina, embora permanecesse válida a exigência do atestado de vacinação para diversas atividades. Apesar de toda controvérsia, em dois anos, a vacinação conseguiu derrubar os números de óbitos decorrentes da varíola de 3.500 para apenas nove.
Medalha de ouro em Berlim
A atuação do “General Mata Mosquitos” (apelido dado pela imprensa) no saneamento da cidade do Rio de Janeiro, sobretudo no combate à febre amarela, foi reconhecida pelo XIV Congresso Internacional de Higiene e Demografia, em Berlim, em 1907, com a medalha de ouro. Nessa época, Oswaldo Cruz começou a sofrer de nefrite, doença inflamatória dos rins.
No ano seguinte, o presidente Afonso Pena sancionou a lei que transformava o Instituto Soroterápico Federal (ISF) no Instituto Oswaldo Cruz (IOC) e em 1912, Cruz foi eleito para a Academia Brasileira de Letras.
Em 1916, com a progressão da nefrite, ele precisou se afastar da direção do IOC. Seu filho mais velho pediu, então, ao presidente do estado do Rio de Janeiro, Nilo Peçanha, que nomeasse Cruz para a recém-criada prefeitura de Petrópolis, função que ele não pôde continuar diante do agravamento da saúde. Na cidade serrana, gostava de cultivar rosas no jardim de casa, fazendo enxertos para a produção de mais flores.
Oswaldo Cruz faleceu em 1917. Toda a descendência do sanitarista – os filhos Bento, Elisa, Hercília, Oswaldo, Zahra e Walter, além dos treze netos e numerosos bisnetos e trinetos – receberam o sobrenome Oswaldo Cruz.
Fontes:
Portal Fiocruz, site ABL, CPDOC/FGV, Ciência e Cultura (periódico on-line da SBPC) e Fundação Banco do Brasil (Projeto Memória)
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