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O dever de casa na era da internet
20 Julho 2015 | Por Fernanda Fernandes
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dever de casa homeNovas metodologias de ensino estão frequentemente sendo discutidas, sobretudo diante das inúmeras possibilidades que a tecnologia oferece. No entanto, o velho dever de casa não perdeu espaço na vida escolar. Difícil tem sido, para muitos professores, conseguir convencer os alunos da importância dessa prática e de que essas tarefas sejam realizadas sem a reprodução automática de conteúdos disponíveis na internet.

Segundo Maria Luiza Werneck, pedagoga e psicopedagoga clínica de crianças e adolescentes, as atividades extraclasse são fundamentais na assimilação de conteúdos e para o desenvolvimento do estudante. “Se observarmos um atleta, por exemplo, para participar de uma competição ele se prepara treinando durante horas, diariamente. O dever de casa é, para o estudante, o treinamento para as provas. Além disso, a prática diária em casa favorece o desenvolvimento da disciplina de manter o estudo em dia”, explica a especialista, reforçando que os exercícios devem ser diversificados e criativos (para não se tornarem monótonos) e com textos contextualizados, para facilitar a compreensão.

Sobre as pesquisas realizadas na internet, Maria Luiza sugere que o professor esteja atento a esse processo e também à forma de cobrar o conteúdo, a fim de evitar o trabalho meramente mecânico de copiar e colar. “É preciso ensinar os alunos a procurar dados sobre o tema e também orientar sobre quais fontes são consideradas mais seguras. E o aprendizado deve ser avaliado por meio de práticas pedagógicas variadas, como, por exemplo, a elaboração de perguntas e resumos, exposições orais, trabalhos em grupo, confecção de cartazes ou maquetes, análises críticas sobre o tema, etc.”

Professores valorizam tarefas extraclasse

A estratégia para minimizar a reprodução automática das informações adotada por Jorliana Madureira, professora de Língua Inglesa das escolas municipais Avertano Rocha, na Cidade de Deus (7ª CRE), e Raphael de Almeida Magalhães, em Bangu (8ª CRE), é solicitar que o resultado final das pesquisas seja apresentado à mão. “Assim, eles leem – mesmo que obrigatoriamente – e reescrevem os conteúdos do jeito deles. Infelizmente, estamos em uma era em que o conteúdo da rede está disponível de mão beijada. É uma facilidade que atrapalha em alguns aspectos”, conta.

No entanto, Jorliana reconhece a importância da internet. Tanto que utiliza a rede em sala de aula e estimula o uso fora da escola. “Na minha disciplina, a internet é importantíssima para que a aula se torne dinâmica e prazerosa. Nas tarefas extraclasse, ela também se torna primordial, pela facilidade de acesso a conteúdos estrangeiros.”

Professora de Ciências do 6º ano da E.M. Francisco Cabrita, na Tijuca (2ª CRE), Maruzza Murray diz que não costuma ter problemas com a reprodução de conteúdos, já que não tem o costume de pedir pesquisas por escrito. “Peço que os alunos pesquisem temas que iremos discutir ou apresentar em aula. A internet é uma excelente fonte de aprofundamento, é a extensão da sala de aula. Sugiro que leiam as novidades, que assistam a vídeos no YouTube, etc.”

dever de casa criancaA professora de Ciências tem o hábito de pedir dever de casa em todas as aulas. “Espero que os alunos reforcem o conteúdo visto em aula e consigam perceber se ficou algo que não entenderam. Dessa forma, podemos rever na aula seguinte”, explica.

A importância da motivação

De acordo com a psicopedagoga Maria Luiza Werneck, o professor, assim como qualquer profissional, necessita estar atento às mudanças ocorridas na sociedade e, consequentemente, atualizar a forma de trabalhar. “Hoje em dia, muitos professores já utilizam métodos que estimulam o interesse do aluno e que ajudam na compreensão de um conceito, fugindo dos deveres de casa que trabalham apenas a memorização mecânica. E isso faz toda a diferença no resultado das avaliações da turma. O aluno motivado, que compreende o que quer dizer, para que e por que esse conceito ou tema precisa ser estudado, apresenta maior facilidade e prazer em aprender.”

Em algumas disciplinas, como Matemática e História, por exemplo, fórmulas, nomes e datas históricas precisam ser memorizados. E então, como o professor pode tentar fugir dos exercícios convencionais? “O professor pode utilizar recursos como músicas, rimas e até ensinar ao aluno a estabelecer uma relação daquele nome com outra pessoa, a fim de ajudá-lo a recordar. Ao ser estimulado a memorizar pensando e estabelecendo relações, o desenvolvimento e a capacidade cognitiva da criança e do adolescente estão caminhando para frente”, explica a pedagoga.

Além do trabalho do professor, a especialista destaca a importância do papel dos pais e responsáveis no estímulo ao cumprimento dos deveres de casa. “O estudante deve ser encorajado a conseguir fazer as atividades sozinho e, em caso de dúvidas, pesquisar no livro, no caderno e até mesmo telefonar para um amigo. Se a dúvida persistir, os pais poderão ajudá-lo. Mas se perceberem que a criança ou jovem está com dificuldades de compreensão, devem orientá-lo a pedir ajuda ao professor”, explica Maria Luiza. “Ao final da tarefa, o dever realizado com capricho, atenção e empenho deve ser valorizado e elogiado, como forma de ensinar a criança a ter prazer nas suas conquistas e maior autoconfiança.”

Por fim, a psicopedagoga reforça que as tarefas extraclasse são muito importantes para a fixação e assimilação de conteúdos, mas não substituem o momento de maior aprendizado: durante a aula. “Alguns alunos cometem o equívoco de ficarem dispersos em sala de aula, deixando para estudar em casa o conteúdo do dia. Mas nada substitui a explicação de um professor competente, que preparou a aula pensando em como fazer para que seus alunos se interessassem e aprendessem o assunto de sua disciplina.”

 
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