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Educação 360 discutiu tendências da área
28 Setembro 2015 | Por Sandra Machado
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edu360A segunda edição do encontro Educação 360 foi promovida pelos jornais O Globo e Extra, em parceria com o Serviço Social do Comércio (Sesc) e a Prefeitura do Rio, e com apoio da TV Globo e do Canal Futura. Palestras, mesas de debates e apresentação de 30 estudos de caso contaram com a presença de intelectuais, professores e gestores, em uma troca de experiências totalmente voltada para o incremento da educação, sob a curadoria do professor Antonio Simão Neto. O conteúdo do evento será compilado em um livro, a ser distribuído nas escolas da rede pública e da rede particular, e também disponibilizado na internet, em sua versão e-book.

Três especialistas apresentaram um panorama de tendências do exterior em suas conferências magnas. Marjo Kyllönen, gerente de educação de Helsinque, expôs a proposta de reforma que será implementada nas escolas finlandesas a partir de 2016. O escritor e educador Jiang Xueqin fez uma análise da visibilidade conquistada pela China a partir do primeiro lugar no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), em 2009 e em 2012. O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, um dos grandes pensadores vivos, criticou os efeitos do uso excessivo das tecnologias da informação na contemporaneidade.

Aprendizagem ancorada na realidade concreta

marjoA partir de agosto de 2016, um novo currículo será implantado nas escolas de Educação Básica da Finlândia. É esperado que as crianças passem a estudar de forma colaborativa, lidando com problemas do mundo real. Para tanto, os conteúdos serão encarados de forma transdisciplinar, como ressaltou Marjo Kyllönen. “Acreditamos que essa abordagem mudará toda a mentalidade do ensino. Professores já não são os guardiões de informações. A velha narrativa já não é mais relevante para a escola.”

A gerente de educação relativizou as análises que costumam ser feitas sem o distanciamento crítico apropriado para cada momento histórico. “Se alguém perguntasse às pessoas o que desejavam na época das carruagens, a maioria, com certeza, responderia: cavalos mais velozes. Felizmente existiu alguém que pensava diferente e enxergou mais adiante: Henry Ford.”

Ensino como experiência emocional

jiangPreparar os alunos para uma realidade em constante movimento. Esse é o grande desafio, identificado por Jiang Xueqin, na educação do século XXI. Assim como a especialista finlandesa, ele acredita que criatividade, colaboração, pensamento crítico e comunicação sejam os quatro pilares sobre os quais as reformas necessárias precisam ser calcadas. “O sistema escolar de controle e comando é ruim em educar a classe criativa”, explicou, lembrando que a tecnologia, se usada de forma errada, pode acabar distanciando os alunos dos professores.

Beneficiado por uma bolsa de estudos e formado em Literatura Inglesa pela Universidade de Yale, uma das mais tradicionais dos Estados Unidos, o escritor Jiang Xueqin é um dos maiores estudiosos do sistema de ensino chinês. Inspirado por uma professora que teve na infância, ele busca transmitir valores que não costumam estar entre os mais lembrados quando se fala do cenário educacional de seu país – como cidadania e pensamento crítico –, onde os melhores professores são propositadamente destacados para as piores escolas.

Como os chineses não acreditam em talento, para eles uma trajetória escolar bem-sucedida depende apenas de trabalho duro. O problema, segundo Xueqin, está na expectativa em torno do desempenho. “Quando há esse foco na avaliação, elimina-se a diversidade, a individualidade e a criatividade. Também se fomenta uma cultura da ‘cola’ e se mata o amor pela aprendizagem.” O que, de acordo com suas conclusões, justifica um maior investimento nas competências socioemocionais nas escolas e o estímulo à criação de uma rede de pais engajados na causa da educação de qualidade.

Resgate das virtudes

baumanNa mesma linha, seguiram as críticas de Zygmunt Bauman à educação contemporânea – para ele, o sistema educacional vigente apenas reproduz os privilégios de classe há gerações. “Muitas escolas e universidades induzem à fácil ideologia de que empregos bem-remunerados são os únicos objetivos da universidade”, lembrou. “Há muitos que pretendem ensinar nossos filhos apenas a obedecer”, afirmou, sinalizando a força de convencimento que a publicidade exerce sobre as pessoas ainda na mais tenra idade. “O sistema universitário de hoje foi incorporado pela economia de mercado capitalista”, denunciou, lembrando os custos exorbitantes que são necessários, na maior parte dos países, a fim de concluir o curso superior.

Para o escritor, que já publicou dezenas de livros em torno da ideia de “modernidade líquida” – um conceito definidor da instabilidade das relações, sejam elas amorosas, profissionais ou políticas –, a juventude perdeu a capacidade de concentração a partir do momento em que passou a estruturar o raciocínio com base nos dados fragmentados coletados na internet. As ferramentas de busca entregam pronta, em poucos segundos, uma pesquisa que levaria muitos dias para ser realizada em uma biblioteca. Com isso, além da habilidade da escolha dos materiais, até mesmo o bom hábito da perseverança se perde. “Nosso limiar de paciência diminuiu”, explicou, ressaltando que, dentro de uma realidade tão plena de ruídos e de vozes, é preciso redescobrir a capacidade de se manter focado.

Fontes: Jornal O Globo, site Educação 360

 
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