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Leitura garantida a todos
26 Outubro 2015 | Por Sandra Machado
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escola genteSonhos do Dia foi publicado em 2011 como o primeiro livro para crianças do Brasil feito em nove formatos acessíveis. A autora é a jornalista Claudia Werneck, fundadora da Escola de Gente – Comunicação em Inclusão e que há mais de 20 anos trabalha em prol da causa da inclusão. A escritora acaba de receber o 3º Prêmio Rio Sem Preconceito, que reconhece a atuação contra a discriminação de raça, credo, identidade, orientação sexual, condição social ou identidade de gênero.

A ONG Escola de Gente tem uma série de programas e projetos, entre os quais o que busca tornar a leitura acessível sem restrições, chamado Todas as Pessoas Têm Direito a Conhecer Todas as Histórias – Livro e Leitura Acessíveis para a Infância Brasileira, com duração de um ano. Ele já nasceu com o mérito de congregar parceiros de diferentes setores, como a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) e a empresa White Martins, além de contar com o apoio do Criança Esperança.

banner leitura capaA iniciativa busca aperfeiçoar a metodologia criada por Claudia Werneck para a WVA Editora em 1994, a ser aplicada em ambientes distintos. Participam uma escola da Rede Municipal – a E.M. Benjamin Franklin (9ª CRE); o Instituto Benjamin Constant, que é centro de referência nacional na área de deficiência visual; e a Associação Saúde Criança Renascer, organização que atua junto a crianças hospitalizadas. O principal objetivo é formar educadores aptos a trabalhar com os nove formatos do livro Sonhos do Dia.

Do que trata o livro

Inconformada com o abismo existente entre os sonhos que tinha quando estava dormindo e sua vida acordada, uma menina resolve pedir ajuda aos seres da ficção. Mas ela se surpreende ao descobrir que são eles que desejam lhe pedir uma ajuda especial: não deixar morrer durante o dia os sonhos que ela tem à noite. A garota, então, começa a compartilhar seus sonhos com outras crianças e, assim, faz com que eles não desapareçam.

werneck 350Sonhos do Dia tem os seguintes formatos: impresso com um DVD e um CD; falado sem audiodescrição; falado com audiodescrição; no formato Daisy1, com descrição de todas as fotos e imagens; impresso em braille, com descrição de fotos e imagens; filme com animação e audiodescrição em DVD; filme com Libras e legenda em DVD; documento em TXT e, também, no formato PDF. À exceção da versão impressa em braille, que tem alto custo e será disponibilizada apenas para as crianças cegas, serão distribuídos dois mil exemplares para os participantes.

Em 2016, a Escola de Gente pretende levar o projeto a outras capitais brasileiras, mas também ao Rio de Janeiro novamente. Para receber as Oficinas de Leitura Acessível, a escola precisa oferecer um espaço acessível e se propor a trabalhar com crianças na faixa entre os 7 e os 11 anos. “A ideia é enfrentar a cotidiana, histórica e sistemática violação do direito à informação e à comunicação de crianças com e sem deficiência, analfabetas, com dislexia ou que, por qualquer razão, prefiram ou precisem da leitura acessível para se educar e acessar o saber de suas comunidades”, explica Henrique Morici, assessor de comunicação da Escola de Gente.

“A sala de aula é o espaço ideal para que seja disseminada essa metodologia de educação inclusiva, porque é nele que todas as crianças, juntas, se reconhecem como tendo o mesmo valor humano, se exercitam diariamente, se testam em suas diferenças e, consequentemente, em seus diferentes tempos de aprendizagem”, completa.

Ativismo em favor da inclusão

Em 1991, Claudia Werneck era chefe de reportagem da revista Pais & Filhos, quando se deu conta do quanto ela mesma e os profissionais que entrevistava estavam desinformados sobre as pessoas que nascem com síndrome de Down. A partir daí, escreveu uma reportagem sobre o assunto, premiada pela Associação Médica Brasileira. No ano seguinte, publicou o livro Muito Prazer, Eu Existo, primeiro no país a falar sobre essa condição genética para leigos.
“Recebeu três mil cartas, ganhou prêmios nacionais e internacionais, aceitou convites para percorrer o Brasil e outros países, falando acerca de inclusão. E se tornou, além de uma ativista em direitos humanos, a primeira escritora a disseminar o conceito de sociedade inclusiva na América Latina”, lembra Henrique. Já a metodologia dos diversos formatos acessíveis foi criada por Claudia e por Alberto Arguelhes, editor da WVA, por ocasião do lançamento do livro Um Amigo Diferente?, em 1994. Durante dez anos, a autora realizou essa metodologia em escolas públicas e particulares pelo país. Posteriormente, a obra foi traduzida para o espanhol e para o inglês.

Mas ainda falta muito a fazer. As estimativas do governo federal chegam a cerca de 9 milhões de brasileiros com deficiência auditiva e 6,5 milhões com deficiência visual, carentes de formatos acessíveis não apenas em suportes físicos, mas também no meio digital. De acordo com o Ministério da Cultura, apenas 3% dos livros publicados no país oferecem algum tipo de formato acessível, sendo que os destinados ao público infantil equivalem a uma parcela ainda menor desse total, sem que sequer se saiba seu número exato.

1 O formato Daisy (DTB – Digital Talking Book) oferece os mesmos benefícios do audiolivro e atende a pessoas com deficiência visual. Ele possibilita acessar até seis níveis de navegação dentro do texto, o que facilita a manipulação dos arquivos, permite fazer anotações e ir direto a um trecho escolhido.

 
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