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A sucata para transformar o mundo
23 Dezembro 2013 | Por Luís Alberto Prado
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menino3No Espaço de Desenvolvimento Infantil Chácara do Céu  (2ª CRE), na Tijuca, a necessidade de trabalhar a promoção da sustentabilidade e da reciclagem com a comunidade, em seu microcosmo, abriu as portas para uma série de ações socioambientais. Parte dessa iniciativa girava em torno da fabricação de brinquedos em sala de aula, a partir de alguns resíduos sólidos domésticos (papel e papelão, caixas e embalagens, plásticos e latas), com crianças de 4 a 6 anos, Educação Infantil.

Segundo Kamilla Broedel, diretora do EDI, os brinquedos confeccionados pelos alunos iniciaram um processo de conscientização de todos em relação ao meio ambiente, além de ficarem em exposição na sala, integrando o acervo da instituição.

“A fabricação ainda é feita com materiais coletados por toda a comunidade escolar. Por exemplo, usamos caixas de leite, que são diariamente separadas e lavadas”, explica Kamilla, acrescentando que essa ação vem sendo desenvolvida em sala de aula desde outubro de 2012, quando aconteceu a primeira edição da Feira de Trocas.

“Fizemos perto do Dia das Crianças, para estimular o trabalho de conscientização para a ideia de que o que realmente importa em ter brinquedos é a brincadeira, são as possibilidades que eles nos oferecem. Dessa forma, uma bola comprada na loja e outra de meia possuem as mesmas características e possibilidades, sendo a segunda mais acessível. Não podemos esquecer que atendemos uma comunidade carente. Por isso, trabalhar a questão do consumo é extremamente necessário”, observa a diretora-adjunta Flávia Sereto.

Segundo as professoras, os alunos se identificam bastante com as práticas desenvolvidas em sala de aula para remover resíduos domésticos do lugar onde vivem.

“Eles adoram as oficinas e participam ativamente de tudo. No final do ano passado, confeccionamos os brinquedos que eles queriam (fizemos modelos para escolha). Algumas meninas preferiram bolsas fabricadas com a base de PET e, um ano depois, elas ainda usam”, comemora Kamilla.

Outro aspecto observado pelas gestoras do EDI Chácara do Céu diz respeito à não diferenciação por sexo, quando se trata dos brinquedos de sucata para os alunos e as alunas.

“Essa diferenciação não é incentivada na escola. Em sala, os brinquedos escolhidos para trabalho foram justamente os que não evidenciassem essa ótica de gênero. Carro feito com embalagem de amaciante de roupa, foguete, bolsa, cai não cai e avião de PET, além de cofre de caixinha de suco, jogo de memória de papelão, pé de lata e bola de meia tiveram aceitação de ambos os sexos, sem nenhuma rejeição”, explica Flávia.

Além dessa aceitação sem traumas, outro ponto positivo detectado por Kamilla e Flávia reside na valorização cada vez maior pelas crianças do seu planeta, estimulando a formação dos cidadãos do futuro.

“Acreditamos que essa prática dure a vida inteira. Apostamos que, com isso, eles possam se ver como indivíduos, parte de uma coisa maior chamada humanidade; como agentes transformadores da realidade atual, cuidando melhor do planeta. A preocupação com a natureza por parte das crianças é realmente surpreendente. Observamos que algo se perde no caminho da infância para a vida adulta. As crianças dessa faixa etária são ótimos multiplicadores e aplicam em casa o que aprendem na escola”, enfatiza Kamilla.

E conta: “Tivemos relatos de uma família que tinha o mau hábito de ter em casa muitas canetas espalhadas. Para resolver a desordem, o filho (nosso aluno) solicitou uma PET vazia, recortou e transformou num porta-canetas, organizando e solucionando a questão doméstica. Esse relato foi muito emocionante para nós, pois não trabalhamos em oficina o porta-lápis. Esse material foi visto por ele em mesas da escola. Acreditamos que é uma prática para a vida inteira”.

A ação educativa da Chácara do Céu para reduzir o impacto que os brinquedos industrializados geram no meio ambiente também se manifesta em, pelo menos, sete projetos sustentáveis. A seguir, alguns exemplos de iniciativas para tornar o mundo um lugar melhor.

Feira de Trocas Toma Lá Dá Cá – Tentativa de diminuir o consumo e explorar a troca como forma de aquisição de objetos.

Fuxico – Mural informativo para a comunidade que substitui o jornal impresso, cuja produção industrial demanda uso excessivo de papel, tinta e energia, gerando desperdício.

Livro no Quiosque – Troca de livros em um ponto público da comunidade, incentivando a leitura.

Reciclagem de Papel – O papel utilizado na escola é todo separado, armazenado e reciclado, em oficina com as crianças.

Oficina de Brinquedos – Além dos brinquedos, há ainda preocupação com a iniciação culinária, por meio do reaproveitamento de sobras de alimentos. Como a utilização da casca de abacaxi para suco, de banana para bolo, de pão dormido para pudim. Todas as receitas estão a cargo das crianças.

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