ACESSIBILIDADE
Acessibilidade: Aumentar Fonte
Acessibilidade: Tamanho Padrão de Fonte
Acessibilidade: Diminuir Fonte
Youtube
Facebook
Instagram
Twitter
Ícone do Tik Tok

Valores dão base à felicidade
19 Agosto 2014 | Por Sandra Machado
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Whatsapp


feliz homeBuscada, sonhada e cantada em prosa e verso, a felicidade é um sentimento difuso que a espécie humana, a muito custo, se mobiliza para alcançar. Para quem entende do assunto, a maior dificuldade em ser feliz vem de que esse estado de alma traz, em si, uma contradição. Ficamos felizes quando estamos no controle de qualquer situação. No entanto, nos sentimos da mesma maneira quando o inesperado traz uma surpresa, daquelas que tornam qualquer momento especial. O compartilhamento de vivências, hoje tão ágil pelas vias digitais, reforça a noção de que estar a serviço do outro também é fonte de alta gratificação. Sendo assim, para existir de fato, a felicidade não anda sozinha, mas precisa vir acompanhada de solidariedade, descontração, naturalidade e aceitação. Valores, enfim. Consumismo serve apenas para velar – quando o ideal seria revelar – as carências que nos fazem infelizes.

Estar no lugar certo, ou seja, naquele em que se sente bem, ser você mesmo e cuidar da vida interior são coadjuvantes valiosos na busca pela felicidade. Reconhecer que faz parte de algo que é maior do que você mesmo e enxergar um propósito no lugar de uma recorrente crise existencial também ajuda bastante a revolucionar nossa postura diante de uma realidade que, frequentemente, nos parece tão injusta e aflitiva. E tem mais uma dica valiosa: nossa relação com a passagem do tempo exerce um papel bastante positivo e pode ser controlada, se vivida de maneira mais consciente.

Basta analisar alguns aspectos. Passou de três segundos, o presente já faz parte do passado. Essa é uma afirmação da ciência, para a qual a memória representa o fator mais relevante na construção dessa tal felicidade. Rotina causa monotonia porque precisamos dos sentimentos intensos que só lembranças não programáveis são capazes de nos dar. Duas áreas do conhecimento, relativamente recentes, têm com o que contribuir na busca pela felicidade: a terapia cognitivo-comportamental e a psicologia positiva. Elas recomendam provocar variações nos hábitos cotidianos, de forma a criar, intencionalmente, memórias agradáveis.

lennonProjeto Gentileza Gera Gentileza

Quem passou, pelo menos uma vez, sob o Viaduto do Gasômetro, no trecho entre a Rodoviária Novo Rio e o Cemitério do Caju, no Rio, com certeza leu a frase, repetida em inscrições que cobriam os pilares de sustentação da via. Nos últimos anos, “gentileza gera gentileza” se tornou uma espécie de marca registrada da cidade, junto com outras manifestações essencialmente cariocas, como o biscoito Globo e a Banda de Ipanema, e ganhou lugar nas estampas de bolsas, cangas de praia e souvenirs. Os mais jovens, contudo, talvez não conheçam o autor da frase. José Daltrino se metamorfoseou no Profeta Gentileza, a partir da notícia sobre o incêndio do Gran Circus Norte-Americano, ocorrido em Niterói, em 1961. Com uma caligrafia única, pintada sempre em verde e amarelo, as mensagens de Gentileza faziam uma crítica ao materialismo e incentivavam a cordialidade entre as pessoas.

Uma educadora, no entanto, saiu do ponto de observação e levou a proposta para o seu local de trabalho. “Vindo de Niterói, eu aproveitava o tempo parado no engarrafamento para ficar lendo aquele monte de frases nas pilastras”, conta Sandra Regina Cavalcanti, diretora da E.M. Maria Leopoldina (2ª CRE). Coincidiu de chegar à escola justamente um livro que tratava do assunto – Brasil: Tempo de Gentileza, publicado por Leonardo Guelman e que narra a trajetória do artista de rua dentro de um universo singular. Foi o sinal verde para que ela fizesse a proposta do projeto Gentileza Gera Gentileza aos colegas, há cerca de três anos.

anjo

No início do primeiro semestre, são sorteados nomes de valores, como amor, companheirismo, bondade e alegria, entre as 12 turmas, que têm crianças na faixa entre 4 e 13 anos. A partir daí, é feito um mutirão interdisciplinar, além da mobilização de cada professor de turma. Algumas das apresentações entraram para a história da escola, em especial aquelas construídas a partir das aulas de Música. "Gentileza gera amor", de uma turma do 3º ano, foi uma apresentação de dança tendo Do Seu Lado, do J.Quest, como trilha sonora. “Gentileza gera transformação” envolveu as turmas do 6º ano, que desenvolveram trabalhos com O Sal da Terra, de Beto Guedes, e Imagine, de John Lennon.

Mas livros também têm servido como fonte de inspiração para a criançada. "Gentileza gera amizade" teve dois trabalhos na aula de Artes Cênicas: com os alunos do 1º ano, em 2012, e do 4º ano, em 2013. O ponto de partida foi a Sala de Leitura e seu acervo, onde as crianças escolheram Ponto de Vista, de Ana Maria Machado e Ziraldo, e A Cidade Que Mudou de Nome, de Conceil Corrêa da Silva e Nye Ribeiro. “Gentileza gera confraternização” vale, ainda, como um ótimo exemplo de extensão da atividade a toda a comunidade escolar, no fim de cada ano letivo. Segundo a diretora Sandra, mais importante, no entanto, é dar o exemplo a partir do convívio diário com os alunos. “Principalmente por meio da maneira como a gente trata todas as pessoas que procuram a escola: com gentileza.”

 
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Whatsapp