ACESSIBILIDADE
Acessibilidade: Aumentar Fonte
Acessibilidade: Tamanho Padrão de Fonte
Acessibilidade: Diminuir Fonte
Youtube
Facebook
Instagram
Twitter
Ícone do Tik Tok

Bares e botequins tradicionais do Rio
28 Outubro 2014 | Por Carla Araújo
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Whatsapp

Bar Brasil - Lapa - Rio de Janeiro - Foto Alexandre Macieira  RioturO hábito de se reunir para celebrar, conversar e descontrair é uma das características mais marcantes do carioca. O espírito despojado pode ser percebido em cada esquina, em diversos estabelecimentos que traduzem a alma dos habitantes da cidade. Por isso, a Prefeitura declarou, por meio de dois decretos, 26 bares e botequins tradicionais do Rio como Patrimônio Cultural. 

O ato leva em consideração a importância dos locais como espaços de convivência democrática. Foram escolhidas casas antigas que preservam a decoração do final do século XIX e início do XX e possuem relevância histórica para a memória do bairro, onde conquistaram moradores e formaram uma clientela fiel ao longo dos anos.

Os decretos nº 34.869, de 2011, e nº 36.605, de 2012, propõem, ainda, conservar a identidade de cada um dos locais contemplados e evitar a padronização. Os 26 nomes foram inseridos no Cadastro dos Bares e Botequins Tradicionais da cidade.

Histórias e curiosidades

O Café Lamas é o estabelecimento mais antigo entre os 26 considerados como patrimônio. Hoje no Flamengo, foi fundado em 1874 no Largo do Machado, porém, mudou-se para o atual endereço devido às obras de instalação do metrô, em 1974. Com 140 anos de tradição, o seu filé mignon atrai turistas e cariocas de todos os cantos.

O tradicional Bar Luiz tem, talvez, uma das histórias mais curiosas. Em 1887, Jacob Wendlig, filho de imigrantes suíços, abriu na Rua da Assembleia, no Centro, o Zum Schlauch, que em alemão significa A Mangueira, ou então A Serpentina, fazendo referência ao local por onde o chope passa antes de ser servido. Depois, Adolf Rumjaneck, afilhado de Wendlig, mudou o nome do local para Zum Alten Jacob, ou Ao Velho Jacob.

Bar Luiz - Bares Tombados Foto Marina Herriges

Em 1915, uma lei de valorização da língua portuguesa instituiu que estabelecimentos comerciais não podiam ostentar letreiros com nomes em outro idioma. Então, o Zum Alten Jacob mudou o nome para Bar Adolph, de acordo com a grafia da época. Com o falecimento de Adolf, em 1926, o sócio austríaco Ludwig Vöit assumiu a direção. No ano seguinte, o bar se mudou para a Rua da Carioca, onde está até hoje. Em 1942, em meio a Segunda Guerra Mundial, foi invadido por estudantes do Colégio Pedro II com o intuito de destruí-lo, por acreditarem que o nome era relacionado ao ditador Adolf Hitler. Ary Barroso, que tomava um chope no local, conversou com os estudantes e acalmou os ânimos. O episódio foi decisivo para a naturalização de Ludwig Vöit, que passou a chamar-se Luiz, e para a alteração do nome do restaurante para Bar Luiz.

Outra casa com origem europeia que mudou a denominação e hoje está no Cadastro dos Bares e Botequins Tradicionais é o Bar Brasil, localizado na Avenida Mem de Sá, na Lapa. Inaugurado em 1907, recebeu o nome atual após a Segunda Guerra. Anteriormente, se chamava Bar Zepellin e pertencia a um grupo de austríacos. Em 1967, passou às mãos do espanhol José Riveira, que manteve o cardápio com influências da culinária alemã.

Em 1887, em La Coruña, Espanha, nasceu Jesus Pose Garcia, fundador do Armazém São Thiago, em Santa Teresa. Aos 20 anos, Garcia chegou ao Rio de Janeiro e começou a trabalhar em um estabelecimento de secos e molhados (mercearias da época). Tempos depois, se tornou gerente do negócio e, em 1919, comprou a propriedade, que nomeou como Armazém São Thiago, em referência a Santiago de Compostela, cidade próxima a sua terra natal. Em 2003, seu neto Ricardo Pose Garcia iniciou uma reforma a fim de recuperar a arquitetura original e manter a tradição do antigo barzinho.

Casal na mureta do Bar Urca - Foto Alexandre MacieiraMais bares

Além desses, outros estabelecimentos do centro da cidade, como Nova Capela (1903), Casa Paladino (1906), Armazém do Senado (1907), Bar do Joia (1909), Restaurante 28 (1910), Cosmopolita (1926), Adega Flor de Coimbra (1938) e o Villarino (1953) também são considerados Patrimônio Cultural Carioca.

Completam a lista: o Bar Lagoa (1934), o Bar Urca, com sua clássica mureta que conquista os clientes mais despojados desde 1939, o Cervantes (1955), com seus sanduíches, o tijucano Restaurante Salete – famoso pelo risoto de camarão desde 1957 –, a Adega da Velha (da década de 1960, em Botafogo), a Adega Pérola (de 1957, em Copacabana), o Armazém Cardosão (em Laranjeiras), o Adonis (de 1952, em Benfica), o Bip Bip (de 1968, em Copacabana), o Bar da Dona Maria (de 1950, na Tijuca), o Café e Bar Lisbela, conhecido como Amendoeira (da década de 1950, em Maria da Graça), o Pavão Azul (de 1957, em Copacabana), a Casa da Cachaça (de 1960, na Lapa) e o Jobi (de 1956, no Leblon).

 
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Whatsapp
MAIS DA SÉRIE
texto
A evolução histórica e artística do samba-enredo

A evolução histórica e artística do samba-enredo

23/02/2017

Adaptado às necessidades do desfile das escolas de samba, gênero se transformou ao longo dos anos e, apesar das críticas, ainda é marca do Carnaval carioca.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Feira Hippie de Ipanema: um patrimônio do Rio

Feira Hippie de Ipanema: um patrimônio do Rio

06/08/2015

Desde 1968, todos os domingos a Praça General Osório se transforma em uma galeria de arte e comércio ao ar livre.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Mais de 100 anos do Mercadão de Madureira

Mais de 100 anos do Mercadão de Madureira

06/07/2015

Um dos grandes centros comerciais da cidade é, também, Patrimônio Cultural Carioca de Natureza Imaterial.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
A bossa nova como patrimônio cultural

A bossa nova como patrimônio cultural

22/05/2015

A história, os principais artistas e os grandes clássicos do estilo musical brasileiro que conquistou o mundo.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Frescobol: das praias a patrimônio cultural

Frescobol: das praias a patrimônio cultural

24/04/2015

O esporte tipicamente carioca, que começou de forma despretensiosa, se expandiu e é hoje praticado em todo o litoral brasileiro.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Clóvis ou bate-bolas são patrimônio cultural do Rio

Clóvis ou bate-bolas são patrimônio cultural do Rio

12/02/2015

Com muito barulho e fantasias extremamente detalhadas, os grupos conhecidos como clóvis ou bate-bolas fazem parte de uma tradição há décadas presente nas ruas cariocas.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Cacique de Ramos e Cordão da Bola Preta

Cacique de Ramos e Cordão da Bola Preta

03/02/2015

Com a tradição de levar multidões pelas ruas de todos os cantos da cidade, os blocos transformaram o carnaval do Rio de Janeiro em um espetáculo à parte.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Beco das garrafas

Beco das garrafas

06/01/2015

Na Rua Duvivier, em Copacabana, fica o local onde parte da história musical do Rio de Janeiro cresceu e conquistou fãs.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
O ofício dos lambe-lambes

O ofício dos lambe-lambes

02/12/2014

Esses fotógrafos de nome curioso trabalhavam nas praças registrando passeios de família e produzindo postais para turistas.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Chorinho

Chorinho

13/11/2014

O gênero é fruto da interação entre a cultura instrumental europeia e práticas rítmicas trazidas da África pelos escravos.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Feira de São Cristóvão

Feira de São Cristóvão

21/10/2014

Guaraná Jesus, carne de sol, manteiga de garrafa, repentistas, literatura de cordel e muito forró. Todas essas delícias e expressões culturais podem ser encontradas no Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas. 

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Vendedores de mate e biscoito de polvilho

Vendedores de mate e biscoito de polvilho

16/10/2014

Passeando pelas praias do Rio, não há quem não reconheça os vendedores desses produtos, cada um com seu jeito próprio de atrair a freguesia. 

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
O show das torcidas de futebol: uma manifestação cultural e social

O show das torcidas de futebol: uma manifestação cultural e social

07/10/2014

O som das arquibancadas contribui para que cada partida se torne um espetáculo.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Espaço Ciência Viva

Espaço Ciência Viva

26/08/2014

O espaço realiza eventos gratuitos para estudantes e comunidade em geral.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
A obra literária de Machado de Assis

A obra literária de Machado de Assis

19/08/2014

Para abrir a nova série Patrimônio Imaterial Carioca no Portal MultiRio – com os bens culturais da cidade que estão na memória afetiva de seu povo –, trazemos a obra literária de Machado de Assis.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
O Baile Charme de Madureira

O Baile Charme de Madureira

30/08/2013

Os bailes charme de rua não só comunicam a voz e a identidade das periferias à cidade. Também transformam lugares residuais, de mera passagem, em espaço público privilegiado de realização da cidadania.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Um pouco da trajetória do charme de Madureira

Um pouco da trajetória do charme de Madureira

30/08/2013

Dois anos depois da realização do primeiro Baile Charme na Rua, o governo do estado do Rio de Janeiro reconheceu-o como instrumento fundamental à cultura do bairro, e o baile foi rebatizado de Projeto Charme na Rua.

Patrimônio Imaterial do Rio