ACESSIBILIDADE
Acessibilidade: Aumentar Fonte
Acessibilidade: Tamanho Padrão de Fonte
Acessibilidade: Diminuir Fonte
Youtube
Facebook
Instagram
Twitter
Ícone do Tik Tok

Clóvis ou bate-bolas são patrimônio cultural do Rio
12 Fevereiro 2015 | Por Carla Araújo
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Whatsapp

kuka de realengo facebook.com_turmakuka.derealengoCom muito barulho, fantasias extremamente detalhadas e organizados em grupos que podem chegar a 200 pessoas, os foliões conhecidos como clóvis ou bate-bolas fazem parte de uma tradição carnavalesca há décadas presente nas ruas do subúrbio do Rio de Janeiro. Vestidos de macacão, bolero, máscara, luvas, meiões e empunhando bexigas ou sombrinhas, eles se empenham o ano inteiro na confecção das fantasias e se preparam para as saídas e competições durante os quatro dias de folia.

De acordo com a pesquisadora e professora do Instituto de Arte da Uerj, Aline Gualda Pereira, no artigo Os bate-bolas do carnaval contemporâneo do Rio de Janeiro, os integrantes geralmente são homens moradores do mesmo bairro, com idade entre 25 e 40 anos que se unem para brincar o carnaval com trajes temáticos. As turmas possuem um líder –responsável pela decisão do tema e organização de festas e saídas – e nomes criativos como Inspiração, Turma do Índio, Foice, Atividade, Kuka, entre tantos outros.

A prática é antiga – os primeiros registros dos clóvis na cidade são do início do século XX – porém, incorporou elementos modernos. Os temas das fantasias se inspiram em personagens da cultura pop como super-heróis e desenhos animados; a confecção dos trajes utiliza alta tecnologia nas estamparias; os hinos são gravados em modernos estúdios e diversas páginas na internet abordam o tema e noticiam as novidades dos grupos.

Origens

Clovis em Madureira em 1986. Foto Luis BethencourtEm entrevista ao portal da BBC, a pesquisadora Aline Gualda Pereira conta que trabalha com a hipótese da vestimenta dos bate-bolas cariocas ser uma variação de fantasias europeias com origem em mitos celtas. A denominação clóvis, segundo Aline, também possui raiz estrangeira: o termo seria uma derivação de clown (palhaço, em inglês e alemão).

O coordenador do Centro de Referência do Carnaval do Instituto de Artes da Uerj, Luiz Felipe Ferreira destaca, na mesma matéria da BBC, que a disputa de espaço nas ruas realizada pelas turmas de clóvis é um tipo de diversão ligado a áreas mais rurais. Segundo ele, a tradição encontrou terreno fértil no subúrbio da cidade durante o início do século XX, quando matadouros instalados na região forneciam as bexigas de bois e porcos usadas para produzir as primeiras bolas.

Para a historiadora Cristiane Braz – responsável pela pesquisa do documentário Carnaval, bexiga, funk e sombrinha, de Marcus Vinicius Faustini – os primeiros bate-bolas cariocas surgiram em Santa Cruz, na Zona Oeste. Segundo Braz, o bairro, que abrigava o Matadouro de Santa Cruz e o hangar de um zepelim na década de 1930, teve importância fundamental para o aparecimento da brincadeira. No Ecomuseu do Quarteirão Cultural do Matadouro, localizado na região, há registros de que alguns militares alemães, que chegavam ao Brasil em dirigíveis, contribuíram para a nomeação dos foliões.

mascara facebook.com_turmasdebatebolasValorização e patrimônio

Os bate-bolas se espalharam pela cidade e a quantidade de foliões só cresceu nos últimos anos. O estigma de violência e perigo que acompanhava as fantasias deu lugar ao espírito de celebração das turmas, que apenas buscam brincar o carnaval e espalhar alegria.

Em 2012, a Prefeitura declarou os grupos de foliões carnavalescos denominados clóvis ou bate-bolas como Patrimônio Cultural Carioca de Natureza Imaterial. O decreto leva em consideração a importância desses grupos como personagens típicos do carnaval que refletem a forma alegre e irreverente da população suburbana festejar. E, ainda, a capacidade popular de produzir uma manifestação tradicional como forma de resistência à massificação da folia.

 

 
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Whatsapp
MAIS DA SÉRIE
texto
A evolução histórica e artística do samba-enredo

A evolução histórica e artística do samba-enredo

23/02/2017

Adaptado às necessidades do desfile das escolas de samba, gênero se transformou ao longo dos anos e, apesar das críticas, ainda é marca do Carnaval carioca.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Feira Hippie de Ipanema: um patrimônio do Rio

Feira Hippie de Ipanema: um patrimônio do Rio

06/08/2015

Desde 1968, todos os domingos a Praça General Osório se transforma em uma galeria de arte e comércio ao ar livre.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Mais de 100 anos do Mercadão de Madureira

Mais de 100 anos do Mercadão de Madureira

06/07/2015

Um dos grandes centros comerciais da cidade é, também, Patrimônio Cultural Carioca de Natureza Imaterial.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
A bossa nova como patrimônio cultural

A bossa nova como patrimônio cultural

22/05/2015

A história, os principais artistas e os grandes clássicos do estilo musical brasileiro que conquistou o mundo.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Frescobol: das praias a patrimônio cultural

Frescobol: das praias a patrimônio cultural

24/04/2015

O esporte tipicamente carioca, que começou de forma despretensiosa, se expandiu e é hoje praticado em todo o litoral brasileiro.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Cacique de Ramos e Cordão da Bola Preta

Cacique de Ramos e Cordão da Bola Preta

03/02/2015

Com a tradição de levar multidões pelas ruas de todos os cantos da cidade, os blocos transformaram o carnaval do Rio de Janeiro em um espetáculo à parte.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Beco das garrafas

Beco das garrafas

06/01/2015

Na Rua Duvivier, em Copacabana, fica o local onde parte da história musical do Rio de Janeiro cresceu e conquistou fãs.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
O ofício dos lambe-lambes

O ofício dos lambe-lambes

02/12/2014

Esses fotógrafos de nome curioso trabalhavam nas praças registrando passeios de família e produzindo postais para turistas.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Chorinho

Chorinho

13/11/2014

O gênero é fruto da interação entre a cultura instrumental europeia e práticas rítmicas trazidas da África pelos escravos.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Feira de São Cristóvão

Feira de São Cristóvão

21/10/2014

Guaraná Jesus, carne de sol, manteiga de garrafa, repentistas, literatura de cordel e muito forró. Todas essas delícias e expressões culturais podem ser encontradas no Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas. 

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Vendedores de mate e biscoito de polvilho

Vendedores de mate e biscoito de polvilho

16/10/2014

Passeando pelas praias do Rio, não há quem não reconheça os vendedores desses produtos, cada um com seu jeito próprio de atrair a freguesia. 

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
O show das torcidas de futebol: uma manifestação cultural e social

O show das torcidas de futebol: uma manifestação cultural e social

07/10/2014

O som das arquibancadas contribui para que cada partida se torne um espetáculo.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Espaço Ciência Viva

Espaço Ciência Viva

26/08/2014

O espaço realiza eventos gratuitos para estudantes e comunidade em geral.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
A obra literária de Machado de Assis

A obra literária de Machado de Assis

19/08/2014

Para abrir a nova série Patrimônio Imaterial Carioca no Portal MultiRio – com os bens culturais da cidade que estão na memória afetiva de seu povo –, trazemos a obra literária de Machado de Assis.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
O Baile Charme de Madureira

O Baile Charme de Madureira

30/08/2013

Os bailes charme de rua não só comunicam a voz e a identidade das periferias à cidade. Também transformam lugares residuais, de mera passagem, em espaço público privilegiado de realização da cidadania.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Um pouco da trajetória do charme de Madureira

Um pouco da trajetória do charme de Madureira

30/08/2013

Dois anos depois da realização do primeiro Baile Charme na Rua, o governo do estado do Rio de Janeiro reconheceu-o como instrumento fundamental à cultura do bairro, e o baile foi rebatizado de Projeto Charme na Rua.

Patrimônio Imaterial do Rio