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Aquecimento global
01 Janeiro 2010 | Por MultiRio
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A gente não o vê. Ele não tem cheiro nem cor, e, às vezes, até nos esquecemos de que ele está lá, mas sem ele é impossível viver. Já sabe quem é? Acertou quem respondeu o ar. Esse companheiro discreto está presente em todo canto e serve tanto para funções básicas do organismo, como a respiração, quanto para mover algumas invenções do homem, como os moinhos de vento. 

A Terra inteira está dentro de uma espécie de bolha de ar, a atmosfera, uma camada de gases que envolve o planeta – uma camada, aliás, bem fininha, se comparada ao tamanho da Terra. Ela é formada de diferentes tipos de gases, entre os quais muitos são importantes para as diferentes formas de vida. Por exemplo, um dos gases mais abundantes é o oxigênio, essencial para a nossa respiração. Outros, como o gás carbônico e o nitrogênio, são importantes para a fotossíntese e a nutrição das plantas, respectivamente.

Alguns gases, como o gás carbônico, o óxido nitroso, o metano e o vapor d’água, têm uma característica especial: eles são capazes de reter o calor próximo da superfície da Terra e, tal qual uma estufa protege as plantas, protegem o planeta do frio. Eles são chamados, por isso, gases de efeito estufa. Se nossa atmosfera não tivesse esses gases, o planeta seria totalmente congelado! E a vida não seria possível por aqui...

Se, por um lado, o efeito estufa é um fenômeno natural e muito importante para a vida na Terra, por outro, nos últimos 200 anos, o homem tem aumentado esse efeito de forma desordenada – o que não é bom para nós nem para o planeta. É que algumas atividades humanas, como a queima de florestas e o uso de combustíveis como a gasolina, lançam na atmosfera uma quantidade maior do que a esperada de gases de efeito estufa. O resultado é um aumento da temperatura da Terra, que os cientistas chamam de aquecimento global.

Entre os gases de efeito estufa, o único que não participa desse processo é o vapor d’água. Isso acontece porque, embora seja o mais abundante dos gases de efeito estufa, o vapor d’água está presente na atmosfera sempre na mesma quantidade – esse equilíbrio é mantido pelos processos de condensação e evaporação, que fazem com que a água do planeta circule de forma regular, saindo da forma líquida para o vapor e depois retornando à superfície em forma de chuva.

Por outro lado, o gás de efeito estufa que mais tem contribuído para o aquecimento global – com 63% do efeito estufa total – é o dióxido de carbono, pois é o gás produzido em maior quantidade pelas atividades humanas. Ele é emitido, por exemplo, pelos carros comuns, pelos sistemas de aquecimento e resfriamento em construções e pelo desmatamento de florestas.

Um detalhe preocupante é que o tempo de permanência desse gás na atmosfera é muito grande. Se uma certa quantidade de dióxido de carbono for emitida hoje, ela só vai ser reduzida à metade daqui a, no mínimo, cem anos. A metade que sobra, por sua vez, demora mais cem anos para diminuir à metade, e assim por diante. Isso significa que o dióxido de carbono que emitimos hoje pode causar problemas também para nossos filhos e netos, e para as pessoas que viverem nos próximos séculos.

Outros gases são emitidos em menor quantidade, como o metano, o óxido nitroso e os clorofluocarbonos. Mas isso não é motivo para relaxar, pois o potencial de aquecimento desses gases é várias vezes maior do que o de dióxido de carbono, ou seja, mesmo em pequenas quantidades, eles fazem um grande estrago.

O metano pode ser emitido por processos naturais – como áreas alagadas e infestadas por cupins – e por atividades humanas, como a queima de combustíveis, a criação de gado, o uso de aterros sanitários e o cultivo de arroz, entre outros. Ele é responsável por quase um quinto do efeito estufa.

Já o óxido nitroso, por sua vez, vem principalmente do tratamento de fezes de animais, do uso de fertilizantes, da queima de combustíveis e de alguns processos industriais, além das causas naturais – processos biológicos que acontecem nos solos e oceanos.

Por fim, os clorofluocarbonos são uma família de gases inventados e fabricados pelo homem que contribuem com cerca de 12% do efeito estufa. Logo após a sua invenção, eles começaram a ser usados em larga escala na produção de geladeiras, sprays e outros produtos. Naquela época, não se sabia o quão prejudiciais esses gases são: além de agravarem o efeito estufa, eles destroem a camada de ozônio, que protege a Terra contra as radiações prejudiciais do Sol. Felizmente, nas últimas décadas, o problema foi amplamente debatido e já existem leis internacionais que controlam seu uso.

Por causa da emissão de todos esses gases, nos últimos 50 ou cem anos, a temperatura do planeta já subiu quase um grau centígrado. E os cientistas preveem que, ao longo deste século, o aumento seja de 1,4 a 5,8 graus. Parece pouco, mas não é. As consequências disso afetam cada parte do planeta de uma forma diferente. Em florestas tropicais, como a Amazônia, o aumento da temperatura pode levar à extinção de espécies animais e vegetais. Nas regiões polares, o derretimento do gelo pode causar o aumento do nível dos oceanos. Por causa do aquecimento dos mares, os recifes de corais perdem boa parte de suas espécies. E assim vai...

Um problema leva a outro – Engana-se quem pensa que as mudanças do clima mexem só com a temperatura das nossas férias na praia. O efeito estufa e o aquecimento global têm consequências muito mais profundas, como alterar os ciclos de plantio e colheita de diversos produtos, o que traz um problemão para os agricultores. Em algumas regiões, isso é mais grave, porque as secas ficam piores e não dá para colher alimento algum. Essas mudanças climáticas também causam mais temporais, que alagam casas e geram deslizamentos nas favelas, prejudicando seus moradores.

Há ainda consequências para a saúde, pois os alagamentos também aumentam o risco de transmissão de doenças pela água, como a leptospirose. Além disso, um clima mais quente facilita a proliferação de insetos que disseminam males como a dengue. E isso sem falar que a poluição do ar pode causar problemas respiratórios e alergias.

A história do efeito estufa – A emissão de gases de efeito estufa tem muito a ver com a história da humanidade. Numa época que começou no século XVIII e ficou conhecida como Revolução Industrial, o homem inventou novos instrumentos, como motores e outras máquinas automatizadas. Embora representassem um grande progresso, as criações representavam também uma ameaça ao meio ambiente por precisarem, por exemplo, da queima de carvão. Mas isso os homens da época não sabiam!

Desde aquela época, a concentração de dióxido de carbono na atmosfera aumentou cerca de 35%. Hoje, as emissões estão em torno de 32,3 bilhões de toneladas de dióxido de carbono ao ano!

Historicamente, os países mais ricos e com mais indústrias têm sido os responsáveis pela maior parte da emissão de gases de efeito estufa, sobretudo, os Estados Unidos e a Rússia. Atualmente, porém, países mais pobres – como Brasil, Índia e China – também têm contribuído para isso, ainda que em proporções menores.

No Brasil, o principal responsável por essas emissões é o desmatamento de florestas, em especial, na Amazônia. Em seguida, contribuem também a queima de combustíveis como o petróleo, o gás natural e o carvão mineral e a queima de lixo.

E o que fazer? – O homem pode lidar com o aquecimento global e suas consequências de diversas maneiras. Uma delas é mais simples: aprender a viver nas novas condições, ou seja, buscar se adaptar para que as mudanças climáticas tenham o menor impacto possível sobre sua qualidade de vida e até tirar vantagem de algumas alterações. Por exemplo, é preciso adequar as cidades para que não sofram tanto com as cada vez mais frequentes inundações.

Outra forma é chamada pelos cientistas de mitigação e significa fazer de tudo para reduzir a concentração dos gases de efeito estufa na atmosfera. Uma maneira de se conseguir isso é óbvia: reduzir a emissão desses gases usando menos carros, queimando menos florestas e assim por diante. Mas existem também meios para tentar capturar um pouco dos gases que já foram emitidos.

Por exemplo, florestas e oceanos têm a capacidade natural de capturar o dióxido de carbono da atmosfera. Isso acontece porque as plantas usam esse gás para realizar a fotossíntese, um processo usado por elas para conseguir energia.

Apesar da captura de carbono pelas florestas e oceanos ser de grande ajuda, esse processo sozinho não dá conta de diminuir suficientemente a concentração de dióxido de carbono. Por isso, a melhor opção continua sendo evitar as emissões.

Esforço global – Como todos dividimos a mesma atmosfera, o esforço para reduzir o efeito estufa deve ser responsabilidade de todos os países. De que adianta um país parar de emitir dióxido de carbono, por exemplo, se o vizinho dobrar sua emissão?

Tudo está interligado. O derretimento de gelo na distante Groenlândia faz subir o nível do oceano também lá na África, e as populações que moram no litoral ficam prejudicadas. A destruição dos recifes de corais afeta os peixes e deixa sem alimento também os tubarões, que começam a atacar turistas na praia.

Os cientistas já perceberam isso e, cada vez mais, têm tomado iniciativas para juntar governos, pesquisadores e cidadãos em esforços contra o aquecimento global. Para que isso seja eficiente, todos temos que trabalhar juntos: instituições de pesquisa devem inventar novas tecnologias que não sejam tão prejudiciais ao meio ambiente, fábricas precisam usar fontes de energia mais limpas, cidadãos comuns têm de  pensar bem antes de comprar produtos poluentes.

O planeta é de todos, e a responsabilidade também. Você também pode ajudar, com atitudes simples como usar menos carros e mais bicicletas, dar preferência a embalagens de papel reciclado em vez de plásticos e plantar árvores em sua vizinhança.

Sites interessantes:

Cartilha de perguntas e respostas sobre aquecimento global
http://www.scribd.com/full/7506607?access_key=key-2k51qp6glpne3sbg4w3x

Portal da Andi sobre Mudanças Climáticas
http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br

 
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