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Boas Práticas
Educação das Relações Étnico-Raciais
INSPIRAÇÕES E CAMINHOS DE LETRAMENTO RACIAL: TECENDO REDES DE AFETO E ENCANTAMENTO A PARTIR DAS TECNOLOGIAS ANCESTRAIS NA TURMA ABARÉ - PRÉ ESCOLA EI 41
Informações
Relato
Resultados Observados
UNIDADES DE ENSINO
EM Paraná - 5ª CRE
Avenida Ernani Cardoso 316 Ao Lado do Mcdonald´s E Guanabara Campinho - Cascadura
Unidade não vocacionada


EM Paraná - 5ª CRE
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Unidade não vocacionada


AUTOR(ES)
JACYRA EUGÊNIA LIMA CARIOCA
Sou Jacyra Carioca, neta de Nadyr e Joaquim, de Dona Eugênia e Francisco, filha de Nancyr e Francisco Carioca; Mãe da Bárbara, Matheus e Gabriela; avó da Manoella. Sou mulher preta, candomblecista, Especialista em ERER/UCAM, Pedagoga pela UERJ. Sou PEI na Escola Municipal Paraná, escola em que fui alfabetizada e cursei toda o meu ensino Fundamental, onde minhas filhas, meu filho e neta estudaram também, tenho, portanto, várias memórias afetivas que inspiram minhas práticas antirracistas e Contra coloniais.
CARGO/FUNÇÃO DO AUTOR
PROFESSORA DE EDUCAÇÃO INFANTIL
ANOS/GRUPAMENTOS ENVOLVIDOS
Pré I
HABILIDADES
Educação Infantil - Educação Infantil - Expressar interesse e atenção ao ouvir diferentes gêneros literários.
Educação Infantil - Educação Infantil - Reconhecer-se enquanto sujeito pertencente a um grupo social que respeita e é respeitado por sua maneira de ser e de agir.
PERÍODO DE REALIZAÇÃO
Fevereiro/2023 até Dezembro/2023
PÁGINA(S) DA PRÁTICA/PROJETO NA INTERNET
Objetivo(s), em consonância com as Diretrizes Curriculares para as Relações Étnico-Raciais e para o ensino de História e cultura afro-brasileira, africana e indígena
Segundo Vygotsy somos sujeitos sócio-históricos. tudo aquilo em que acreditamos, crenças, valores, concepções de mundo, a nossa ideia do que é belo ou feio, do que é bom ou ruim, tudo é construído dentro das relações sociais e a partir da cultura. Portanto, se estamos numa cultura que legitima como belo, positivo, inteligente, civilizado e perfeito, estabelecemos um padrão/modelo que é relacionado às pessoas brancas, enquanto que referencias negras são associados ao que é negativo, inferior. Nosso país nasceu e segue embalado na mentira do Mito da Democracia Racial, historicamente fortalecido pelas elites brasileiras e contestado/denunciado pelo Movimento Negro. Para superar o racismo estrutural é urgente um efetivo Letramento racial, assim como conhecimento de saberes outros que foram invisibilizados. Para trazer as pluriversalidades apresento/trago para as rodas de conversa e história, desde o início do ano letivo, as Filosofias Kindezi e Ubuntu - do povo Bacongo.

A partir das interações, nas trocas e em cada um dos nossos relacionamentos afetamos e somos afetados pelos outros, construímos vínculos, percorrendo trajetórias e tecendo muitas memórias afetivas, muitas dessas memórias são marcas que a escola deixa em cada um de nós. E é na Escola e nos espaços de Educação Infantil que as crianças pequenas realizam diversas leituras de mundo, desde o momento da chegada, a forma como são recepcionadas e acolhidas, onde o toque e o afeto contribuem para o autoconhecimento, autoimagem, e desenvolvimento da autoestima. Considerando que o nosso país nasceu e continua sendo embalado com o mito da democracia racial, que como um crime perfeito, cujo efeito parece brincar de se esconder, de se escamotear, enquanto fere e marca profundamente, o que segundo Munanga (1996, p. 213) o nosso racismo à brasileira se constitui como “objeto de segredo e tabu, submetido ao silêncio, um silêncio criminoso”. O letramento racial fortalece identidades, resgata outras narrativas que sofreram apagamentos, possibilita a identificação das violências produzidas pelos preconceitos, assim instrumentaliza/capacita argumentos e posicionamentos para denúncia e enfrentamento a esse racismo. Tenho trabalhado e construído junto com as crianças das turmas de pré-escola: turmas ABARÉ o projeto Kindezi. Desde o início do ano apresento autores pretos/pretas/indígenas que apresentam protagonismos pretos de forma positiva, afetiva.

Tenho construído junto com as crianças da turma ABARÉ o projeto Kindezi, a arte de acender Sóis, que é uma Filosofia Banto. Em roda de conversa incentivei as crianças para que expressassem seus conhecimentos prévios acerca de personagens que eram reis/rainhas, em seguida, apresentei o Rei Galanga num momento de Contação de histórias de Inspiração Griot, com auxílio de um boneco preto, uma caixa e um tecido azul simbolizando o mar para compor a performance. Apresentei o Chico Rei, o rei do Congo que foi sequestrado, escravizado e que conquistou sua liberdade em terras brasileiras, uma narrativa que tem sido preservada pela tradição oral mineira e que é considerado sinônimo de luta, de liberdade e da ancestralidade africana, que por muito tempo foi silenciada. Confeccionamos um cartaz coletivo para fixar em nossa sala de referência com o lema do Rei Galanga: “Eu vou me libertar, e libertar cada um de vocês, porque eu só serei livre de verdade quando cada um aqui liberto for também.” Em seguida as crianças sugeriram apresentar para as demais turmas de Educação Infantil nos momentos de intercâmbios que já fazem parte das rotinas da nossa unidade escolar, culminando na ideia de organizar uma Festa das Realezas em que cada criança sentindo-se representada pelo Rei Galanga participaram caracterizadas com roupas/acessórios que simbolizavam que também são descendentes de Reis e Rainhas. Um momento de muito afeto e encantamento.

A Contação de história do REI GALANGA/ Chico rei foi um dos momentos mais incríveis, com as crianças descobrindo que existiram/existem reis e rainhas negras, inteligentes e fundamentais para a construção/formação da História do Brasil. Igualmente incrível foi a iniciativa das crianças em propor a dramatização da história para que as outras turmas acessassem essa narrativa que rompe ou desconstrói com as narrativas únicas que apresentam realezas na forma padrão Disney embranquecida e por vezes descolada da nossa realidade, potencializando as reflexões sobre diversidades e belezas plurais, fortalecendo auto estima e auto imagem, sobretudo com a organização da nossa Festa das Realezas. Tenho observado também que momentos de manuseio livre para deleite de imagens e ilustrações de obras da Literatura Infantojuvenil Negra proporcionam efetivamente o Letramento Racial de todas as crianças que encontram nos livros de Sônia Rosa, Kiusam de Oliveira, bell hooks, Otávio Júnior, Daniel Munduruku, Ailton Krenak, Sulamy Katy, Emicida, Carlos Xavier, Sinara Rúbia, Aza Njeri, possibilidades de construções de outros imaginários, de outras perspectivas e da consciência de que não somos iguais e que existe muita beleza e poder em nossas diferenças.
Referências Bibliográficas

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DA SILVA, Gisele Rose. Azoilda Loretto da Trindade: o baobá dos valores civilizatórios afro-brasileiros. 2020. Tese de Doutorado. Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca.

DOS SANTOS CAVALLEIRO, Eliane. Do silêncio do lar ao silêncio escolar: racismo, preconceito e discriminação na educação infantil. Editora Contexto, 2004.

JÚNIOR, Otávio. O livreiro do Alemão. BOD GmbH DE, 2011.

JÚNIOR, Otávio. O garoto da camisa vermelha

ROSA, Sonia. Entre textos e afetos: formando leitores dentro e fora da escola. Rio de janeiro: Malê, 2017.

ROSA, Sonia. Literatura infantil afrocentrada e letramento racial: Uma narrativa autobiográfica. Editora Jandaíra, 2022.

Soares, Magda. Alfaletrar: toda criança pode aprednder a ler e a escrever. São Paulo: Contexto, 2021

GOMES, Lilian Cristina Bernardo. O movimento negro educador. Sapere Aude, v. 9, n. 17, p. 341-347, 2018.

HOOKS, Bell et al. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. São Paulo: WMF Martins Fontes, v. 2013, 2013.

ALMEIDA, Silvio. Racismo estrutural. Pólen Produção Editorial LTDA, 2019.

RUBIA, SINARA. Letramentos de inspiração GRIOT

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