A questão do abastecimento de água no chão urbano representou, desde a época da fundação da cidade, um problema que necessitava ser solucionado. Em meados do século XVIII, a canalização do Rio Carioca da nascente até o Largo da Carioca representou um marco no processo de urbanização do Rio de Janeiro daqueles tempos.
Iniciada a administração de Aires de Saldanha Albuquerque Coutinho Matos e Noronha, governador entre 1719 e 1725, a construção do Aqueduto da Carioca (atual Arcos da Lapa) foi obra de imensa importância da engenharia da época. Aliás, a construção de pedra e cal, como conhecemos, foi concluída apenas em 1750. Trazer água potável para o centro da cidade significava, também, urbanidade no sentido do conceito civilizatório europeu da época. Segundo a historiadora Anita de Almeida, esses arcos “simbolizavam, então, não só a presença da Coroa portuguesa, mas o seu poder de construir cidades e, portanto, de ‘civilizar’ o espaço ultramarino”.
Nesses tempos, estudar a questão das fontes de água potável, assim como a sua distribuição, significava estabelecer uma estreita relação com a configuração das ruas e com a própria ocupação da população. Tocada pela força da água que jorrava das fontes e chafarizes, a malha urbana se alongou, saneando áreas e ocupando, por meio de aterros, outros espaços urbanos que passavam por transformações. No final do século, já ultrapassava a Tijuca, ao norte, e alcançava o Engenho D’El Rey, nas terras em volta da Lagoa de Sacopenapã (atual Rodrigo de Freitas), ao sul.