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Choro é fruto do abolicionismo
17 Março 2015 | Por Sandra Machado
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choroesAtribui-se o mérito da criação do choro no cenário musical carioca ao surgimento de uma classe média urbana, predominantemente negra, composta por pequenos comerciantes e funcionários públicos. Já nos idos de 1880, os primeiros grupos de músicos amadores se reuniam, principalmente na Praça Onze, para interpretar, de uma maneira bastante sentimental, os gêneros de sucesso importados da Europa, como a polca e a valsa. O nome choro é atribuído muito mais à forma com que passaram a executar as canções do que, propriamente, a novas criações musicais, que ainda não existiam naquele primeiro momento.

joaquimDeve-se ao flautista Joaquim Antônio da Silva Callado o crédito de articulador dos encontros regulares entre os artistas e, também, a formação do primeiro grupo dedicado ao estilo, batizado de Choro Carioca. Segundo o Dicionário Grove de Música, o chorinho é a variante mais leve do gênero, em que “a linha melódica tende a predominar sobre o contraponto instrumental”.

Com o tempo, ao padrão de conjunto formado por flauta, cavaquinho e violão se adicionaram outros instrumentos, em especial os usados em bandas, como a clarineta e o saxofone. O virtuosismo do executante determinava um maior ou menor destaque de sua participação nos solos, uma vez que, nas reuniões, prevalecia a execução dos “chorões”, na base do improviso.

Logo algumas personalidades começaram a se destacar no meio: entre outros, a própria Chiquinha Gonzaga, Sátiro Bilhar, Candinho Trombone e Pixinguinha, um dos compositores que mais contribuíram para a popularização do choro. Em 1919, coube a ele organizar o conjunto Oito Batutas, do qual faziam parte instrumentistas do calibre de João Pernambuco chiquee Donga. A riquíssima produção terminou por atrair a atenção de outro expoente da música brasileira: o maestro Villa-Lobos, que, na década de 1920, compôs uma série com 16 obras dedicadas ao gênero.

Jacob do Bandolim, Altamiro Carrilho, Zé Menezes, Abel Ferreira e Waldir Azevedo, autor de Brasileirinho, são alguns dos compositores/instrumentistas responsáveis por alavancar a divulgação do chorinho, no Brasil e no mundo. Cabe a uma mulher, no entanto, o consenso sobre quem teria sido a melhor voz do choro de todos os tempos. Ademilde Fonseca, considerada a Rainha do Choro, se imortalizou não apenas pela qualidade técnica do seu canto, mas pela velocidade com que conseguia interpretar os sucessos de andamento acelerado, como Tico-Tico no Fubá.

Com períodos de altos e baixos, o gênero musical experimentou uma revalorização nos anos 1970, quando passou a contar com a adesão de nomes de peso, como Raphael Rabello. Na atualidade, integra os quadros permanentes de atrações das melhores casas dedicadas à música na cidade do Rio de Janeiro. Por ser a data de nascimento de Pixinguinha, desde 2005 o dia 23 de abril integra o calendário oficial da cidade como o Dia Nacional do Choro.

 
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