Homenageada pelo Espaço de Desenvolvimento Infantil Rachel de Queiroz (1ª CRE), na Praça Onze, a escritora conhecida por O Quinze foi professora de História, traduziu 33 livros na década de 1940, escreveu três peças de teatro e foi a primeira mulher a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL).
Ela nasceu em 17 de novembro de 1910, em Fortaleza (Ceará), filha de Daniel de Queiroz e Clotilde Franklin de Queiroz. Descende, por parte de mãe, do ilustre escritor José de Alencar, autor de O Guarani e Iracema, e por parte de pai tem raízes em Quixadá, no sertão nordestino.
Em 1917, mudou-se para o Rio de Janeiro com os pais fugindo da forte seca de 1915 no Ceará, mais tarde, aquela seca histórica seria o tema do seu livro de estreia, O Quinze. A família Queiroz residiu pouco tempo no Rio e retornou para Fortaleza em 1919, após dois anos em Belém do Pará.
Rachel de Queiroz formou-se aos 15 anos no curso normal do Colégio Imaculada Conceição e, aos 20 anos, em 1930, publicou O Quinze, que na época teve grande repercussão no Rio de Janeiro e em São Paulo. Com pouca idade, a autora já se projetava na cena literária do país.
O Quinze
O romance se dá em dois planos, um aborda a relação afetiva de Vicente, proprietário e criador de gado, com Conceição, sua prima culta e professora. O outro retrata a família do vaqueiro Chico Bento que, devido às dificuldades da seca, é forçada a deixar sua terra em Quixadá e percorrem um caminho longo e difícil, cercado de infelicidade, miséria e dor.
Por ser filha de promotor de justiça, Rachel pôde acompanhar o drama dos retirantes quando residia com a família em Fortaleza, durante a seca de 1915. Com base no que aconteceu naquele período, a obra narra a dura e contínua batalha do povo do sertão do Nordeste contra a pobreza e a falta de água, discorrendo sobre temas sociais com grande clareza.
Na época do lançamento de O Quinze, a autora sofreu duras críticas de outros escritores e críticos literários que não esperavam um romance com temática regionalista e caráter reivindicatório escrito por uma mulher tão jovem. Na autobiografia intitulada Tantos Anos, ela relata algumas opiniões: “escreveram até um artigo falando que o livro era impresso em papel inferior e não dizia nada de novo. Outro sujeito escreveu afirmando que o livro não era meu, mas de meu ilustre pai, Daniel de Queiroz. E isso tudo me deixava meio ressabiada.”
Pela nítida representação do sertão, a obra ocupou um lugar de destaque na literatura dos anos 1930 como uma obra documental regionalista e como romance de denúncia. Em O Quinze, a escritora expôs a seca, a miséria e a desigualdade e usou o sertão como inspiração para construir cenários, enredos e personagens que povoam o imaginário popular e resgatam a cultura nordestina.
O trabalho como tradutora e no jornalismo
Apesar do contato com autores portugueses por meio da família, Rachel procurou escrever fora dos padrões linguísticos do português da Europa. Os personagens são marcados pela fala popular e informal do Nordeste brasileiro, já os narradores têm uma fala que não se distancia tanto do português de Portugal.
Após o sucesso de vendas de O Quinze no Rio, ela foi convidada para fazer parte da Editora José Olympio. Lá ficou durante 57 anos e publicou 23 obras de autoria própria, incluindo Caminho das Pedras (1937), Lampião (1953) e Memorial de Maria Moura (1992). Em relação às traduções, foram 45 romances traduzidos pela autora em inglês, francês e espanhol.
Em entrevistas, Rachel de Queiroz costumava dizer que mais que romancista e escritora, ela era jornalista. Com o pseudônimo de Rita de Queluz, estreou no jornal O Ceará logo após se formar no curso normal e passou a escrever um folhetim chamado História de um Nome, além de organizar uma página literária para a publicação. De 1944 a 1975, colaborou na revista semanal O Cruzeiro, na qual assinou a coluna Última Página. Na mesma época, começou também atividades jornalísticas nos jornais Correio da Manhã, O Jornal e Diário da Tarde.
Prêmios e livros infantis
Em uma época em que muitas mulheres escritoras não ganhavam notoriedade, foi apresentada como “escritor do sexo feminino” no dia da posse na Academia Brasileira de Letras. Eleita em 4 de agosto de 1977, Rachel de Queiroz foi a primeira mulher a ocupar uma cadeira na ABL e sucedeu Cândido Motta Filho. Em 1993 foi, também, a primeira a receber o Camões, maior prêmio de literatura de língua portuguesa.
Detentora de diversos outros prêmios, recebeu o Prêmio Jabuti na categoria Literatura Infantil em 1969 com O Menino Mágico, que foi escrito para o sobrinho Daniel, na época com sete anos. Entre contos, romances, crônicas e peças de teatro, escreveu mais outros dois livros infantis: Cafute & Pena-de-Prata (1986) e, quase 20 anos depois, Andira (1992).
Rachel de Queiroz ingressou na Academia Cearense de Letras em 1994. A autora de romances como As Três Marias (1939) e Dôra, Doralina (1975) faleceu em 2003, aos 92 anos, no Rio de Janeiro.
Fontes:
Academia Brasileira de Letras.
Site Educação e Transformação.
As Traduções de Rachel de Queiroz na Década de 40 no século XX, de Priscilla Prellegrino de Oliveira (Universidade Federal de Juiz de Fora, 2007).
A professora primária no sertão cearense dos anos 30, do século XX: imagens literárias da escola no romance O Quinze, de Rachel de Queiroz, Erinelda da Costa Paixão (Universidade Federal do Ceará, 2017).
Reportagem Coleção de livros infantis celebra os 100 anos de Rachel de Queiroz.
*Rosana Freitas, estagiária, com supervisão de Carla Araújo.
17/01/2022
Patrona da E.M. Tarsila do Amaral (5ª CRE), conheça a trajetória de uma das maiores representantes da pintura no Brasil.
Patronos das Escolas Municipais
21/09/2021
O jornalista fez intensa campanha, que resultou na lei de criação do imponente teatro da Cinelândia.
Patronos das Escolas Municipais
11/05/2021
Cientista trabalhou para se formar em medicina e foi pioneiro na pesquisa em Imunologia.
Patronos das Escolas Municipais
23/02/2021
Importante figura no campo da Educação no início da República, ele dá nome a uma escola na Tijuca.
Patronos das Escolas Municipais
07/12/2020
A obra de Ferrez é considerada um dos principais registros visuais do século XIX e do início do século XX.
Patronos das Escolas Municipais
30/11/2020
Aulas on-line da professora de História da E.M. Affonso Penna falam sobre as práticas políticas da Primeira República.
Patronos das Escolas Municipais
19/10/2020
Conheça a trajetória do ator negro que dá nome a duas unidades de ensino da Rede Municipal.
Patronos das Escolas Municipais
31/08/2020
Uma das primeiras mulheres a se formar em Medicina e a exercer a profissão na Europa, ela confrontou governos totalitários e revolucionou a Educação no mundo.
Patronos das Escolas Municipais
19/08/2020
Nascida no subúrbio do Rio, Aracy cantou para as multidões e fez o que quis da vida em plena década de 1930.
Patronos das Escolas Municipais
24/07/2020
Ela ensinava crianças em casa para manter viva a tradição.
Patronos das Escolas Municipais
17/07/2020
Primeiro presidente da África do Sul eleito democraticamente, ele dá nome a Ciep no bairro de Campo Grande (9ª CRE).
Patronos das Escolas Municipais
30/04/2020
O autor começou a escrever de forma mais próxima ao modo de falar dos brasileiros e não mais com o português usado em Portugal.
Patronos das Escolas Municipais
22/04/2020
Durante a pandemia da gripe espanhola, população clamava para ele assumir a gestão da saúde pública.
Patronos das Escolas Municipais
07/02/2020
Lançada artisticamente após os 60 anos de idade, sua voz e seu repertório marcaram a cena musical brasileira, exaltando elementos da cultura negra.
Patronos das Escolas Municipais
02/01/2020
Considerado o pai da psiquiatria científica brasileira, Juliano Moreira venceu as dificuldades impostas por ser negro e de classe social baixa no século XIX.
Patronos das Escolas Municipais
22/10/2019
O livro Vidas Secas, traduzido para 12 línguas, é um clássico da problemática dos retirantes nordestinos.
Patronos das Escolas Municipais
17/10/2019
A partir dele, a humanidade foi capaz de voar com um aparelho autônomo, mais pesado que o ar, e dirigível.
Patronos das Escolas Municipais
17/09/2019
Homenageado em 17 de setembro em Angola, Dia do Herói Nacional, Agostinho Neto engajou-se na luta pela libertação de seu país. Sua poesia é marcada pela resistência e afirmação da identidade africana.
Patronos das Escolas Municipais
20/08/2019
Saiba mais sobre a autora que encantou Carlos Drummond de Andrade.
Patronos das Escolas Municipais
22/06/2015
Educadora, intelectual e autora de preciosidades da literatura nacional, Cecília Meireles alçou a poesia a um novo patamar, por sua maneira toda especial de ver a vida.
Patronos das Escolas Municipais
07/04/2015
O Ciep Elis Regina, da comunidade Nova Holanda, na Maré (4ª CRE), deve seu nome a uma das melhores cantoras do Brasil.
Patronos das Escolas Municipais
13/01/2015
O empresário que fabricava um dos produtos mais populares do Rio, a gordura de coco Carioca, também foi um dos maiores incentivadores do movimento modernista brasileiro.
Patronos das Escolas Municipais
05/01/2015
Ela agitou os salões cariocas, foi musa dos estudantes, lutou pelos direitos das mulheres e se casou com o primeiro goleiro da seleção brasileira de futebol.
Patronos das Escolas Municipais
25/11/2014
Ele não foi apenas o protagonista da primeira gravação de um samba no Brasil, mas, também, personagem importante na história da difusão e orquestração da música do Rio de Janeiro.
Patronos das Escolas Municipais
19/11/2014
Além de inúmeras obras de ornamentação feitas para as igrejas, ele projetou a primeira área pública de lazer do Brasil e foi pioneiro na arte da escultura em metais.
Patronos das Escolas Municipais
11/11/2014
A obra do maior artista do período colonial brasileiro é tida como uma das mais importantes matrizes culturais do país.
Patronos das Escolas Municipais
28/10/2014
Fatos curiosos marcaram a introdução da cultura do café em nosso país, pelas mãos de um desbravador da Amazônia.
Patronos das Escolas Municipais
20/10/2014
Há 50 anos morria um dos escritores que mais impactaram a arte brasileira do século XX.
Patronos das Escolas Municipais
07/10/2014
Bento Rubião, que dá nome a um Ciep na Rocinha (2ª CRE), tornou-se conhecido por defender moradores de comunidades removidas e teve suas teses incorporadas à Constituição de 1988 e ao Estatuto da Cidade.
Patronos das Escolas Municipais
30/09/2014
Suas técnicas de ilustração revolucionaram a imprensa carioca da Belle Époque.
Patronos das Escolas Municipais
26/08/2014
Patrona de uma escola municipal localizada no bairro de Santa Teresa, ela já foi considerada a maior romancista da geração que sucedeu Machado de Assis.
Patronos das Escolas Municipais
07/07/2014
Candido Portinari pintou intensamente. Cenas de infância, circo, cirandas e também a dor da gente brasileira. A Escola Municipal Candido Portinari, da 11ª CRE, em Pitangueiras, deve seu nome ao grande pintor.
Patronos das Escolas Municipais
16/04/2014
Mártir da Inconfidência Mineira, Joaquim José da Silva Xavier é inspiração para estudos acadêmicos, tendo sua trajetória gerado obras literárias, filmes e peças teatrais, além de ser patrono de uma escola municipal localizada no Centro (1ª CRE), a E.M. Tiradentes.
Patronos das Escolas Municipais
01/04/2014
Marchinhas de carnaval, hinos dos clubes de futebol cariocas e clássicos das festas juninas são uma herança sempre presente do compositor entre nós.
Patronos das Escolas Municipais
18/10/2013
Um dos grandes artistas brasileiros do século XX, Vinicius era apaixonado por cinema, música, poesia e, sobretudo, pela vida.
Patronos das Escolas Municipais
23/05/2013
A cidade foi, sem dúvida alguma, o assunto preferido de João do Rio, já que ela exemplificava, como nenhuma outra, a transição do país para a fase de República.
Patronos das Escolas Municipais
23/05/2013
Mestre da crônica como registro de época, o jornalista fez uma verdadeira etnografia do Rio de Janeiro nos anos 1910 e 1920: das altas esferas sociais aos grupos mais marginais.
Patronos das Escolas Municipais