ACESSIBILIDADE
Acessibilidade: Aumentar Fonte
Acessibilidade: Tamanho Padrão de Fonte
Acessibilidade: Diminuir Fonte
Youtube
Facebook
Instagram
Twitter
Ícone do Tik Tok

Feira Hippie de Ipanema: um patrimônio do Rio
06 Agosto 2015 | Por Carla Araújo
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Whatsapp

feira vista de cimaTodos os domingos a Praça General Osório se transforma em uma galeria de arte e comércio ao ar livre. A Feira Hippie de Ipanema ganhou, ao longo dos anos, fama internacional e já foi frequentada por astros nacionais e estrangeiros, entre eles, Janis Joplin, Ney Matogrosso e Serguei. Pela produção de artesanato e obras de arte que preservam a memória da identidade brasileira, a concentração de expositores foi tombada como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Rio de Janeiro.

Das 8h às 20h, quem a visita, encontra quadros de vários estilos, esculturas, artigos em couro e madeira, joias e bijuterias, tapes, roupas, bolsas, comida regional, etc entre as mais de duzentas barracas de artesãos e artistas plásticos.

Histórias da Feira

A Praça General Osório, além de acolher a feira, foi o ponto de partida para a urbanização de Ipanema no início do século XIX e sempre se destacou como símbolo do estilo de vida boêmio e inovador do carioca. Foi da Praça que o clássico bloco de carnaval Banda de Ipanema saiu para desfilar pela primeira vez, em 1965, e segue animando moradores e turistas até hoje.

Feira Hippie de Ipanema durante os anos 1970Também foi na General Osório que os primeiros artistas e artesões começaram a expor seus trabalhos no final dos anos 1960. Porém, existem divergências sobre o ano em que a Feira efetivamente começou. No artigo Feira Hippie de Ipanema: reflexões sobre discursividade e materilidade em um espaço de sociabilidade, turismo e consumo publicado por Palloma Valle Menezes, doutora em Sociologia pela UERJ e por Maria de Nazareth Eichler, doutoranda em História pela Unirio, as pesquisadoras revelam que alguns expositores discordam da versão de que a Feira teve seu início em 1968. Para alguns, ela começou efetivamente apenas em outubro de 1969.

A feira nos idos de 1969A história mais comum é que, em 1968, os artistas plásticos Roberto de Sousa, José Carlos Nogueira da Gama, Holmes Neves, Guima e Hugo Bidet – frequentadores do bar Jangadeiros, próximo à Praça General Osório – conversaram sobre expor, despretensiosamente, alguns de seus trabalhos na praça depois de uma feira de livros que estava acontecendo ali. A motivação era conseguir um pouco de dinheiro rápido para continuar se divertindo no bar por mais tempo. O único que levou a ideia a sério foi Hugo, que após buscar alguns de seus desenhos em casa, acabou vendendo uma cópia e pagou mais uma rodada para os amigos no bar. No fim de semana seguinte, os cinco amigos expuseram seus trabalhos na praça e já na terceira semana cerca de 20 pessoas haviam se juntado a eles.

Nesse primeiro momento, apenas artistas plásticos trabalhavam no espaço e, para alguns, a Feira só começou realmente a partir do ano seguinte, com a chegada dos hippies e mochileiros vindos de diversas partes do Brasil e, também, de outros países como a Argentina.

Ontem e hoje

expositorNo início, os artistas exibiam seus trabalhos apenas em tecidos forrados no chão, não haviam barracas e vários trabalhadores pernoitavam na Praça para evitar o trajeto longo da Zona Sul até os subúrbios da cidade, onde vários deles moravam. A Feira também era bem menor, ocupando apenas parte da calçada de frente para a Rua Visconde de Pirajá.

Após diversas regulamentações do poder público e reformas feitas no bairro ao longo dos mais de 45 anos de existência da Feira, os produtos, hoje, são expostos em barracas padronizadas. A organização mantém os artistas plásticos no meio do terreno, em volta do Chafariz das Saracuras – obra de Mestre Valentim –, enquanto os artesãos se posicionam ao redor da praça, ocupando-a em sua totalidade. Ninguém mais precisa pernoitar ou madrugar em Ipanema para montar as barracas já que um serviço de montadores é prestado todos os domingos.

obrasHoje em dia a Feira de Ipanema resiste para manter a sua caracterização como ponto de arte e produtos artesanais, porém o comércio de cangas, biquínis e outros bens industrializados disputam a atenção dos frequentadores. Mesmo assim, ela ainda é tida como um dos locais indispensáveis para quem quer conhecer uma das áreas de maior efervescência cultural do Rio.

Fontes: livro Villa Ipanema, de Mario Peixoto; artigo Feira Hippie de Ipanema: reflexões sobre discursividade e materilidade em um espaço de sociabilidade, turismo e consumo, de Palloma Valle Menezes e por Maria de Nazareth Eichler; Blog Feira Hippie Ipanema; jornal O Globo.

 
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Whatsapp
MAIS DA SÉRIE
texto
A evolução histórica e artística do samba-enredo

A evolução histórica e artística do samba-enredo

23/02/2017

Adaptado às necessidades do desfile das escolas de samba, gênero se transformou ao longo dos anos e, apesar das críticas, ainda é marca do Carnaval carioca.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Mais de 100 anos do Mercadão de Madureira

Mais de 100 anos do Mercadão de Madureira

06/07/2015

Um dos grandes centros comerciais da cidade é, também, Patrimônio Cultural Carioca de Natureza Imaterial.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
A bossa nova como patrimônio cultural

A bossa nova como patrimônio cultural

22/05/2015

A história, os principais artistas e os grandes clássicos do estilo musical brasileiro que conquistou o mundo.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Frescobol: das praias a patrimônio cultural

Frescobol: das praias a patrimônio cultural

24/04/2015

O esporte tipicamente carioca, que começou de forma despretensiosa, se expandiu e é hoje praticado em todo o litoral brasileiro.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Clóvis ou bate-bolas são patrimônio cultural do Rio

Clóvis ou bate-bolas são patrimônio cultural do Rio

12/02/2015

Com muito barulho e fantasias extremamente detalhadas, os grupos conhecidos como clóvis ou bate-bolas fazem parte de uma tradição há décadas presente nas ruas cariocas.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Cacique de Ramos e Cordão da Bola Preta

Cacique de Ramos e Cordão da Bola Preta

03/02/2015

Com a tradição de levar multidões pelas ruas de todos os cantos da cidade, os blocos transformaram o carnaval do Rio de Janeiro em um espetáculo à parte.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Beco das garrafas

Beco das garrafas

06/01/2015

Na Rua Duvivier, em Copacabana, fica o local onde parte da história musical do Rio de Janeiro cresceu e conquistou fãs.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
O ofício dos lambe-lambes

O ofício dos lambe-lambes

02/12/2014

Esses fotógrafos de nome curioso trabalhavam nas praças registrando passeios de família e produzindo postais para turistas.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Chorinho

Chorinho

13/11/2014

O gênero é fruto da interação entre a cultura instrumental europeia e práticas rítmicas trazidas da África pelos escravos.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Feira de São Cristóvão

Feira de São Cristóvão

21/10/2014

Guaraná Jesus, carne de sol, manteiga de garrafa, repentistas, literatura de cordel e muito forró. Todas essas delícias e expressões culturais podem ser encontradas no Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas. 

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Vendedores de mate e biscoito de polvilho

Vendedores de mate e biscoito de polvilho

16/10/2014

Passeando pelas praias do Rio, não há quem não reconheça os vendedores desses produtos, cada um com seu jeito próprio de atrair a freguesia. 

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
O show das torcidas de futebol: uma manifestação cultural e social

O show das torcidas de futebol: uma manifestação cultural e social

07/10/2014

O som das arquibancadas contribui para que cada partida se torne um espetáculo.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Espaço Ciência Viva

Espaço Ciência Viva

26/08/2014

O espaço realiza eventos gratuitos para estudantes e comunidade em geral.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
A obra literária de Machado de Assis

A obra literária de Machado de Assis

19/08/2014

Para abrir a nova série Patrimônio Imaterial Carioca no Portal MultiRio – com os bens culturais da cidade que estão na memória afetiva de seu povo –, trazemos a obra literária de Machado de Assis.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
O Baile Charme de Madureira

O Baile Charme de Madureira

30/08/2013

Os bailes charme de rua não só comunicam a voz e a identidade das periferias à cidade. Também transformam lugares residuais, de mera passagem, em espaço público privilegiado de realização da cidadania.

Patrimônio Imaterial do Rio

texto
Um pouco da trajetória do charme de Madureira

Um pouco da trajetória do charme de Madureira

30/08/2013

Dois anos depois da realização do primeiro Baile Charme na Rua, o governo do estado do Rio de Janeiro reconheceu-o como instrumento fundamental à cultura do bairro, e o baile foi rebatizado de Projeto Charme na Rua.

Patrimônio Imaterial do Rio