A Extinção do Tráfico. Lei Eusébio de Queirós e Lei Nabuco de Araújo |
O Império vinha enfrentando a questão do tráfico internacional de escravos com a Inglaterra, que combatia este "comércio infame" desde o início do século XIX. Proibira entre seus habitantes e iniciara uma grande campanha para fazê-lo desaparecer em outros países sob a sua influência. Esta pressão inglesa para o fim do tráfico negreiro é bastante significativa durante toda a primeira metade do século XIX. Até 1830 o Império brasileiro, compelido pela Inglaterra, assinava tratados que não cumpria. De 1839 a 1842 inúmeros navios negreiros foram apreendidos pela Marinha britânica. A coação crescia cada vez mais, deixando o Estado imperial em sérias dificuldades.
A situação configurava-se complexa. De um lado estavam os interesses dos grandes proprietários de escravos e de terras, dos comissários de café e dos traficantes. Do outro estavam os interesses dos ingleses. O comércio do café tornara-se extremamente lucrativo a partir de 1845 com a alta dos preços no mercado internacional. O aumento do plantio, em larga escala, decorrera do crescimento do consumo nos países da Europa e, também nos Estados Unidos. A produção cafeeira deslocou o pólo socioeconômico para o Centro-Sul do país, após um longo processo de decadência da região nordestina.
Neste contexto, vozes se ergueram incentivando a expansão das lavouras no Império e, ao mesmo tempo, a favor da continuação do tráfico negreiro e da condenação da política adotada pelo governo de Londres. O tráfico de escravos continuava crescendo. Segundo dados citados pelo historiador Caio Prado Júnior, no ano de 1848 alcançara-se um total de 22.849 africanos desembarcados no país. O Governo imperial, no Paço da Boa Vista, preocupado em manter a imagem de nação "civilizada", via-se, mantido o negócio do tráfico de escravos, lançado internacionalmente no grupo de "nações bárbaras", segundo o entendimento do Governo inglês.
Tal conjuntura envolvia outros aspectos ligados ao contexto internacional, que vivia uma fase de significativa expansão comercial associada à ampliação industrial e à crescente penetração norte-americana, motivo de preocupações para o governo inglês. |