Dihya foi uma líder militar e religiosa que enfrentou os árabes e lutou contra a expansão islâmica no Norte da África, no século VII.
Também é conhecida como Kahina (título árabe que significa "profetisa", "vidente" ou "bruxa"), Dahlia, Daya e Dahia-al-Kahina.
Ela governou um estado autônomo, localizado na região montanhosa dos Aurès, no nordeste da atual Argélia.
Acredita-se que tenha nascido entre as décadas de 1650 e 1660. Era filha ou sobrinha do rei Aksel, reconhecido por lutar pela liberdade do povo nativo norte-africano Imazighen (que ficou mais conhecido como berberes).
Segundo a tradição oral, Dihya teria usado o seu dom da profecia para prever a formação das tropas inimigas e planejar a defesa.
A líder acabou sendo morta por volta de 1702, nas proximidades de um poço que até hoje leva seu nome – Bir al-Kahina (o “Poço de Kahina”) –, na Argélia.
Há divergências sobre a trajetória da soberana. Não se sabe ao certo, por exemplo, qual era sua religião. Uma das hipóteses é de que ela tenha pertencido a um povo de grupos judaicos.
Ao longo da história, árabes, berberes, muçulmanos, judeus e franceses a reescreveram de acordo com suas próprias visões sobre a história do norte da África.
Na cultura popular, a memória de Kahina/ Dihya é lembrada na tradição oral de escritoras magrebinas – da região noroeste da África –, em cantigas e na dramaturgia.
Sua verdadeira aparência ainda é desconhecida. Apesar disso, seu rosto está em grafites e esculturas na Argélia, representando ideais progressistas.
Sabe-se que era negra, ainda que artistas franceses tenham “embranquecido” seus retratos póstumos.
O nome de Kahina/ Dihya está associado à luta pela liberdade. Ela também é representada como um símbolo de resistência feminina.
Em 2001, uma escultura em sua homenagem foi erguida no Parc de Bercy, em Paris.
Na Argélia, Dihya é considerada heroína nacional, símbolo da resistência dos Imazighen.
A História da África – conteúdo previsto na Lei N.º 11.645/2008 – é repleta de mulheres que tiveram grande importância e, até hoje, são símbolos de resistência e consideradas heroínas nacionais nas regiões onde viveram.
Diversas histórias são fruto da tradição oral e muitas informações não são unanimidade entre pesquisadores e historiadores. Além disso, há distorções na história contada por colonizadores europeus, especialmente no que se refere a mulheres que tiveram papel de destaque na resistência ao avanço do imperialismo.
Fontes:
Projeto Biografias de mulheres africanas, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Site Rainhas Trágicas, do historiador Renato Drummond Tapioca Neto.
Site Ensinar História, de Joelza Ester Domingues.