Nandi ka Bhebhe foi uma rainha-mãe que exerceu forte influência no reino Zulu, na região da atual África do Sul. Especula-se que tenha nascido entre os anos de 1760 e 1767.
A história da rainha Nandi retrata a luta de uma mãe contra pressões da sociedade.
Ela ficou grávida de Senzangakhona, um dos chefes zulus na época. No entanto, o líder negou a paternidade da criança e alegou que a jovem sofria, na verdade, de uma doença estomacal, provocada por um besouro conhecido como iShaka.
Quando o filho nasceu, Nandi usou da ironia e nomeou a criança de Shaka, em referência ao inseto que diziam ter provocado sua “enfermidade”.
Nandi foi acusada de ter seduzido Senzanghakona para gerar uma criança e tentar, assim, se aproximar do trono. Humilhada, sofreu com a rejeição social e teve que proteger a criança da fome e até de tentativas de assassinato.
O menino Shaka foi educado para se tornar um líder de destaque. Introduzido entre os soldados locais, aprendeu táticas de guerra. E, quando Senzangakhona morreu, derrubou seu meio-irmão Sigujana do trono e assumiu o comando dos Zulu.
Assim, Nandi se tornou rainha-mãe e passou a exercer uma posição de destaque junto com o filho, de quem foi grande conselheira.
A rainha era contrária à violência e defendia o uso da diplomacia para pacificar desavenças entre povos vizinhos.
Shaka tratava a mãe com reverência e, juntos, eles fortaleceram a resistência do povo zulu contra os colonizadores europeus. Ele se tornou uma importante liderança entre os Zulu.
Quando Nandi morreu, em 1827, por complicações intestinais, o reino entrou em um longo período de luto conhecido como “Isililo SikaNandi”, ou o “luto pela morte da rainha Nandi”.
Seu túmulo pode ser visto ainda hoje nos arredores da cidade de Eshowe, na África do Sul.
Para o povo Zulu, Nandi representa a força da mulher e de uma mãe, inspirando, assim, a luta feminina contra as imposições do patriarcado.
A História da África – conteúdo previsto na Lei N.º 11.645/2008 – é repleta de mulheres que tiveram grande importância e, até hoje, são símbolos de resistência e consideradas heroínas nacionais nas regiões onde viveram.
Diversas histórias são fruto da tradição oral e muitas informações não são unanimidade entre pesquisadores e historiadores. Além disso, há distorções na história contada por colonizadores europeus, especialmente no que se refere a mulheres que tiveram papel de destaque na resistência ao avanço do imperialismo.
Fontes:
Projeto Biografias de mulheres africanas, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Site Rainhas Trágicas, do historiador Renato Drummond Tapioca Neto.
Site Ensinar História, de Joelza Ester Domingues.