O Cavalo-Marinho é uma brincadeira popular, que envolve performances dramáticas, poéticas, musicais e coreográficas.
Essa manifestação cultural é comum entre os trabalhadores da zona rural, concentrados, principalmente, na Zona da Mata do norte de Pernambuco e no sul da Paraíba. No entanto, já é facilmente vista nas regiões metropolitanas de Recife (PE) e de João Pessoa (PB), além de em outras localidades do Brasil.
As apresentações começam em junho e seguem até 6 de janeiro, quando a Igreja Católica celebra o Dia de Reis.
O Cavalo-Marinho costumava ser realizado nos engenhos de cana-de-açúcar, onde seus participantes trabalhavam. Os conhecimentos relacionados a essa manifestação foram passados de geração em geração por meio da tradição oral.
Variante do bumba meu boi, o Cavalo-Marinho reúne mais de 70 personagens, divididos em três categorias: animais, humanos e fantásticos.
Entre eles estão o Capitão Marinho, que coordena a festa, chegando a cavalo e usando um apito. Os amigos Mateus e Bastião, contratados para tomar conta da festa, mas que se divertem fazendo artimanhas; e os galantes e as damas, que formam pares e realizam um baile.
Também pode ser comum a presença de indígenas, representando a importância das religiões afro-indígenas, em especial a Jurema Sagrada e a Umbanda.
Entre os animais, o boi e o cavalo se destacam.
Na manifestação são representadas cenas do cotidiano de seus participantes, como em um teatro popular, realizado ao ar livre, em semicírculo, com espaço para a plateia.
O ritmo da dança é marcado por um sapateado que lembra o galope dos cavalos, por meio de passos rasteiros intercalados de saltos rápidos.
A música e o canto conduzem a trama, ao som de instrumentos como a rabeca, o pandeiro, o reco-recos e o ganzá.
Em 2014, o Cavalo-Marinho recebeu o título de Patrimônio Cultural do Brasil.
Manifestações culturais ligadas à música, à dança e à religião são símbolo de resistência, da identidade e da história de diversos territórios e povos. No Brasil, essas manifestações tiveram origem ou influência africana, indígena e, também, europeia. São exemplos: o afoxé, a banda de pífanos, o siriri, serafina, o tambor de crioula, o ticumbi e o cavalo-marinho.
Fonte:
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).