Dezenas de reservatórios que ajudam a contar a história da captação da água oferecida à população carioca, de propriedade da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), são tombados pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac). No entanto, alguns deles se encontram desativados ou subaproveitados, necessitando de reformas. Sua localização privilegiada – no alto de morros e platôs , somada ao seu valor enquanto marcos da engenharia desenvolvida no Rio de Janeiro -, dão a essas construções um caráter distintivo, que faz com que mereçam ser reinseridas no acervo afetivo da cidade.
Roberto Anderson Magalhães é arquiteto do Inepac, doutor em Urbanismo, professor da PUC-Rio e da Universidade Santa Úrsula. Em entrevista exclusiva, ele traça um panorama do que seria preciso fazer para melhorar a situação dos reservatórios cariocas.
MultiRio – Por que os reservatórios são tão desprestigiados?
Roberto Anderson – Alguns desses reservatórios coincidiam com mananciais de água. Outros eram apenas caixas de passagem. Infelizmente, nesse percurso, os mananciais locais foram sendo deixados de lado, seja por produzirem pouca água, seja por exigirem tratamentos mais sofisticados. Mas, a meu ver, é um equívoco esse abandono, principalmente em época de carência de água. Já existem sistemas de filtragem locais (membranas), que poderiam trazer vários desses equipamentos de volta ao uso. Cada vez fomos buscar essa água mais longe e agora já chegamos ao Rio Paraíba do Sul!
M – Qual o valor arquitetônico deste patrimônio?
RA – Como são antigos, muitos foram construídos com esmero, com tipologias arquitetônicas que refletem o apuro e o gosto de cada momento. Apesar de tombados, estão se deteriorando. A Cedae, responsável pela maioria deles, salvo o de Niterói, ainda não colocou a restauração nas suas prioridades. Lutamos para que isto seja feito.
M – Que reservatórios necessitam de socorro mais imediato?
RA – Para o Reservatório da Quinta, a Cedae tem planos, ainda em fase inicial, de refazer a cobertura, já que hoje a água potável é armazenada a céu aberto. O Inepac tem alertado que não basta refazer a cobertura, é preciso restaurar o bem. O do Morro do Inglês está desativado. A localização é excepcional. A antiga casa do operador poderia ter algum uso. O da Viúva fica num ponto com uma bela vista. Seria uma linda atração turística. Estava invadido, não sei se permanece. Há também o Monteiro de Barros, que fica num terreno que outrora era aberto ao público e servia como parque. O de Paquetá, num ponto alto da ilha, está em situação lastimável, muito fragilizado, podendo desaparecer. Além desses, há o de Rio D'Ouro, em Nova Iguaçu, excepcional em beleza, e que está sem controle de entrada. Há pessoas que entram para tomar banho e acabam promovendo destruição do patrimônio.
M – Existe alguma iniciativa oficial para apresentar à população carioca a riqueza deste patrimônio?
RA – O reservatório da Carioca engloba a Mãe d'Água, primeira caixa de passagem da captação de água na história do Rio de Janeiro, criada na época da colônia. Está abandonado. O Inepac já propôs, diversas vezes, que fosse transformado em Centro da Memória ou Museu das Águas, para contar essa bela história. Recentemente, o secretário de Estado de Meio Ambiente se interessou pela questão e foi lá visitar. Mas não houve desdobramentos, até onde eu saiba. Enfim, há uma série de equívocos no tratamento desse patrimônio e a cobertura jornalística é importante para não cair no completo abandono.
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