O projeto Educação Livre (EduLivre) é uma plataforma digital destinada a jovens entre 16 e 29 anos, com o objetivo de auxiliar sua colocação profissional. A iniciativa surgiu de uma ação conjunta entre o Departamento Nacional do Serviço Social da Indústria (SESI) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A proposta é que, a partir de uma linguagem divertida, seja possível estudar, com autonomia, justamente aqueles conteúdos que colaboram para desenvolver as qualidades mais valorizadas durante um processo seletivo – entre elas, competências básicas em Língua Portuguesa e Matemática e habilidades pessoais e socioemocionais, como trabalho em equipe e relacionamento com colegas.
De acordo com os dados da mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), de 2015, existem no país 44,7 milhões de jovens na faixa de público-alvo do EduLivre. Desse total, 24,6 milhões são de baixa renda, 13 milhões estão desempregados e 2,9 milhões não concluíram o Ensino Médio. Para aproximar mercado e mão de obra, a equipe desenvolvedora sintetizou as demandas comuns dos empregadores e contou, também, com a participação de mais de cinco mil jovens no processo de construção da plataforma digital, como relata Maria Valéria de Medeiros, especialista em desenvolvimento industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e gestora da equipe pedagógica do Edulivre.
Portal MultiRio – Como foram escolhidos os conteúdos que constituem a plataforma Educação Livre?
Maria Valéria de Medeiros – Escolher é uma ótima palavra, pois o mundo do trabalho pode “escolher os jovens” ou “não escolher os jovens”... E por quê? Então, fomos pesquisar o que era fundamental para as empresas parceiras do projeto, em termos de competências e de habilidades, para ocupar uma vaga de trabalho. A equipe do EduLivre realiza workshops dentro das indústrias para ouvir, em conjunto, as áreas de produção, recursos humanos e qualidade, e compreender as tarefas típicas de cargos básicos, que podem ser ocupados pelos jovens. Quando a equipe pedagógica identifica – e valida com as empresas – lacunas de competências que comprometem a execução de tarefas, o próximo passo é transformar essas lacunas em conteúdos. Escolhemos conteúdos que desenvolvem os jovens na direção das competências definidas pelas empresas.
PM – Esse acervo será ampliado?
MVM – Com certeza! Estamos iniciando com conteúdos referentes a seis competências básicas, para o trabalho e para a vida. Em breve, teremos outros, referentes a mais duas competências. A ideia é a produção contínua de conteúdos próprios, inclusive por demanda de empresas parceiras, e, da mesma forma, receber continuamente contribuições de parceiros e voluntários. Temos uma ferramenta na plataforma chamada Colabore. Nosso acervo será ampliado, também, com indicações de vídeos, podcasts e ilustrações.
PM – Qual a expectativa em relação aos resultados práticos do projeto?
MVM – Esperamos transformar a vida dos jovens que estão sem perspectiva. Queremos que eles vejam sentido no que aprendem, encontrem oportunidades de trabalho, continuem a se desenvolver e avancem em busca de seus sonhos.
PM – A aposta na abordagem pela dramaturgia é bastante simpática. Como surgiu o Super Edu, que é personagem de alguns vídeos?
MVM – Pesquisas que realizamos com jovens apontavam a ausência, em suas vidas, da figura de um mentor, de um conselheiro. Quando relatamos isso para os atores Leônidas Fontes e Saulo Pinheiro, da Cia. de Comédia Setebelos, nasceu o Super Edu e nasceu, também, o Jorge, que ele vem socorrer – que somos todos nós, em nossos apuros de trabalho. Toda a equipe adorou! Agora, estamos esperando o retorno dos jovens para ver se continuamos a saga desses personagens.
PM – Quais têm sido as primeiras impressões depois do lançamento da plataforma, em 12 de junho?
MVM – A comunidade tem elogiado bastante, e a receptividade, na hora do cadastro nos pontos públicos de acesso, foi surpreendente. Ainda não temos os números de acessos consolidados, mas a percepção de toda a equipe é de que serão bem expressivos.