Rodrigo da Silva Costa, professor de Educação Física da E.M. Oswaldo Teixeira (5ª CRE), no bairro de Quintino, e seus alunos conquistaram a etapa regional (região sudeste) da Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente da Fiocruz, na categoria Projeto de Ciências, com o trabalho Compostando: do lixo ao luxo.
O professor contou que gosta de trabalhar com projetos porque são atraentes para os alunos e por meio deles é possível trabalhar diversos conteúdos, além de promover a melhoria do aprendizado. No caso da composteira, tudo começou em 2018, com Rodrigo ensinando sobre atividade física e alimentação saudável. Na conversa com os estudantes, descobriu que eles estavam se alimentando mal e orientou que consumissem mais legumes e verduras. Os estudantes disseram que não conheciam diversas hortaliças, como rúcula e acelga.
Rodrigo resolveu fazer uma horta com eles. Havia um canteiro disponível na escola, mas sem terra apropriada para o plantio. Precisavam de terra fértil. Começaram uma composteira. O professor ensinou a produzir adubo a partir do lixo orgânico da merenda escolar. Restos de frutas, legumes etc., passaram a alimentar a composteira. Por cima do material orgânico era necessário colocar o dobro de folhas secas e serragem para que o material em decomposição não atraísse ratos, baratas, moscas e não tivesse mau cheiro.
A escola ficou mais limpa, pois todos sabiam que o lugar dos restos de alimentos orgânicos não era o chão, o melhor destino era a composteira para "virar terra", como diziam as crianças. Entre 2018 e 2019, desenvolveram sete canteiros de hortas, verdadeiros laboratórios vivos, com os quais os estudantes puderam aprender sobre fotossíntese e crescimento dos seres vivos, por exemplo, com a professora de Ciências.
"Minha esperança é que os estudantes aprendam um pouco sobre soberania alimentar, cultivando em suas casas tempero – se tiverem pouco espaço – e outros vegetais como tomate e alface – se dispuserem de mais área. De todo modo, eles aprendem, ao cuidar da horta/composteira, que nem tudo pode ser na velocidade da geração fast food - apertou, está disponível. A natureza não é assim. Aprendem a esperar, a ser menos ansiosos", disse o professor Rodrigo.
Mesmo durante a pandemia, Rodrigo se esforça para dar aula a distância. "Tentamos pelas redes sociais, mas não estava dando certo. Muitas famílias são numerosas e possuem um único celular. A escola optou então por imprimir o conteúdo. Os alunos pegam o material quinzenalmente, fazem os exercícios propostos e retornam para que corrijamos, levando um novo conjunto de tarefas, de todos os componentes curriculares. Desse jeito, tenho alcançado 90% dos estudantes", contou Rodrigo. A diretora da escola, Bruna Serpa, disse que a adesão se repete em todas as outras componentes curriculares.
Rodrigo explicou que aproveita para explorar conteúdos como racismo no esporte, participação feminina, regras esportivas, além de saúde e alimentação. Ele dá continuidade até mesmo ao projeto de xadrez que desenvolve na escola. Cerca de 20 alunos participam da equipe que aprende e joga na plataforma gratuita lichass.org.
Essa é a 10ª edição da Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente da Fiocruz. Devido à pandemia os trabalhos inscritos foram feitos em 2019 ou 2020. Trata-se de um projeto educativo promovido pela Fundação Oswaldo Cruz para estimular o desenvolvimento de atividades interdisciplinares nas escolas públicas e privadas de todo o país.
A Olimpíada é voltada aos alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, de escolas públicas e privadas do Brasil, e busca fortalecer nos estudantes o desejo de aprender, conhecer, pesquisar e investigar. Há três modalidades possíveis para inscrição de trabalhos desenvolvidos pelos alunos: produção de texto, projeto de Ciências e produção audiovisual. Quem inscreve o projeto é o professor que o orienta. A 11ª Obsma será lançada em 5 de junho.